Novos Caminhos, Velhos Trilhos

dezembro 31, 2010

GENTE QUE SABE DE MAIS E VIVE DE MENOS

Filed under: Estudos — sdusilek @ 10:30 am

TEXTOS :                 – Texto Bíblico: Mt.23, 24:1-31, 25:31-46;

Leituras Diárias: a)Jo8.31-47; b)Cl.2:6-23; c)Gl.5:1-15; d)Mt.15:1-20; e)Mt.12:1-14; f)Mt.25:31-46; g)Mt.23 /// Texto Básico: Mt.23 /// Texto Áureo: Mt.23:27;

Introdução

Um grupo muito atrapalhou o ministério de Jesus enquanto Ele aqui esteve. Trata-se dos fariseus, que também são apresentados na Palavra como mestres da Lei e por vezes como escribas. Ninguém se opôs tanto ao mover de Deus como os fariseus. Eles eram conhecidos e reconhecidos como gente que sabia de mais, mas que vivia de menos. Ensinavam e cobravam posturas dos outros que nem eles mesmos conseguiam praticar.

A-QUEM ERAM OS FARISEUS?

Os fariseus era uma classe religiosa marcada por uma crença no plano espiritual (ex: criam na ressurreição dos mortos) ao contrário de um outro grupo religioso chamado saduceu que cria tão somente no plano terreal (numa espécie de existencialismo religioso – At.23:1-11). Os fariseus ganharam preponderância no judaísmo justamente no período intertestamentário (entre o Velho e o Novo Testamento). Nesse tempo conhecido como o tempo em que Deus ficou em silêncio por cerca de 400 anos o judaísmo (como religião) se desenvolveu e junto dele suas instituições e classes religiosas. A religiosidade cresceu. Também pudera, toda vez que falta Deus e Sua voz (vindo da Sua Palavra), a religiosidade cresce.  As regrinhas aumentam, o engessamento da adoração cresce, as punições se estabelecem. Infelizmente para algumas igrejas, as assembléias deixaram de ser cultos administrativos e passaram a ser tribunais de julgamento.

Quem anda pelo Espírito e quem segue ao Espírito anda em correta liberdade (Gl.5:16,25; II Cor.3:17). Jesus veio ensinar a nós que a vida cristã é assumi-lo como valor maior do nosso viver e que aqueles que buscam viver diante de Deus com todo o coração (Jr.29:13), quando pecam, seus corações se quebrantam ante ao confronto do Espírito. Pessoas espirituais aceitam a correção do Santo Espírito, independendo de regras.

B-A CONDENAÇÃO DE JESUS AOS FARISEUS

Jesus tolerou todos os pecadores que apesar do pecado que cometiam, se quebrantaram diante dEle. Mas com os fariseus a relação sempre foi tensa. Isso porque Jesus jamais tolerou “santarrões”. Jesus não aceitava o fato de que os fariseus buscassem viver pela aparência e ostentação de status (Mt.23:5). De gente que se arvorava em acusar os outros de delitos que eles mesmos cometiam. De gente que não tinha autoridade moral para pregar e ensinar. De gente que não se enxergava (Mt.23:29-32), a ponto de condenar seus antepassados que não ouviram os profetas, e transgredirem de modo pior por não reconhecerem a Jesus.

O Mestre também não aceitava o produto do que os fariseus pensavam. Jesus veio aproximar, por meio dele (ITm2:5), o homem de Deus. Só que os fariseus instituíram uma religiosidade tão pesada que impedia com que as pessoas se achegassem ao Senhor(Mt.23:13). É como se eles com seus ensinos fossem uma espécie de entulho que se aglomerava sobre o coração e a vida das pessoas. O apego que tinham às leis que criaram (sim, porque os fariseus usavam de interpretações da Lei que Deus dera a Moisés e dos ensinos dados aos Profetas) era gigantesco. A vida humana perdera o valor perto da lei. O homem passou a existir por causa do sábado (Mt.12). Uma religiosidade desprovida de amor (você pode ser duro com alguém e ainda assim amá-lo), que desconsiderava e descartava as pessoas era a que eles viviam. Sempre prontos para condenar (Jo8); nunca prontos para cuidar (Gl.6:1-2). Diante do massacre diário que esses religiosos impingiam às pessoas é que Jesus os condenou.

Jesus recusava-se a aquiescer também uma religiosidade externa e estéril (Mt.23:25-28). Uma religiosidade marcada pelo comportamento previsível e teleguiada. Quando a coisa não encontra lastro interno, no coração, as pessoas acabam virando camaleões. Vão mudando a tonalidade conforme o ambiente. Se tornam muito rigorosas em ambientes religiosos e muito relaxadas em ambientes seculares. Quer um exemplo? Alguém que quando um adolescente da igreja “solta” um palavrão é o primeiro a recriminar (e tem que recriminar mesmo!), mas no colégio, esse mesmo censor/recriminador é conhecido como o “boca suja”. Que adianta ser o mais santo e puro na adoração (quase intocável) se você não vive com Deus?

O grande problema do modelo de vida farisaico é que além de estar destinado ao Inferno (Mt.23:33), ele tenta satisfazer as pessoas com o anteparo da lei. Ora, a lei não é Jesus (Heb.10:1), e por conseguinte não pode alimentar a nossa alma. Devemos viver por Jesus e não pela Igreja, ou por sua moral; porque todo aquele que vive pelo Mestre acaba vivendo para a Igreja. Mas o contrário não é verdade: quem vive pela igreja, necessariamente não vive para Jesus.

CONCLUSÃO

Jesus no seu embate com os fariseus nos ensina que a lei e que a instituição (seja qual for) não pode estar no mesmo patamar que o Senhor. Uma das grandes falhas da Igreja Católica ao longo da história foi ter se colocado num patamar de equivalência com Jesus e Sua Palavra. Como se a igreja, esta mesma na qual estamos inseridos aqui no plano terreal e que está em construção, fosse perfeita. Valorizar a igreja depreciando a Cristo leva-nos ao farisaísmo, assim como muito conhecimento sem piedade também o faz.

Afinal, você se parece mais com Jesus ou com os fariseus?

 

Pr.Sergio Dusilek – sdusilek@gmail.com

21-86488609

[ESTUDO PUBLICADO NA REVISTA DIÁLOGO E AÇÃO DA JUERP DA CBB NO TERCEIRO TRIMESTRE DE 2008]

dezembro 23, 2010

O QUE TORNA UMA IGREJA BATISTA?

Filed under: Teologia — sdusilek @ 2:56 pm

Engana-se quem pensa que vou abordar aqui a questão do desvio doutrinário de igrejas batistas. Se fosse essa minha intenção o título mudaria para “quando uma igreja deixa de ser batista”. Mas minha preocupação está no nascedouro e naquilo que define, principalmente no prisma bíblico o que é uma igreja.

Biblicamente falando para que haja uma igreja, duas ou mais pessoas regeneradas pelo poder do Evangelho, precisam se reunir em torno da adoração e da proclamação do nome de Jesus. Nesse sentido, qualquer grupo que se reúna dentro desses parâmetros mínimos se torna uma igreja.  A espiritualidade encontra-se acima da legalidade (como uma extensão do conceito da proposta de Paulo aos Gálatas). Mesmo a igreja não sendo reconhecida formalmente pela administração d0 país (não ter um CNPJ, por exemplo), ela continua sendo visitada e reconhecida pelo Espírito Santo de Deus.

Para ser batista, adiciona-se a isso três elementos: a) o governo congregacional, a existência de assembléias para definição de rumos e decisões administrativas; b) a adoção da Bíblia como única regra de fé e prática; c) a igual adoção da doutrina batista como lente de leitura da Palavra. Se um grupo de pessoas regeneradas e batizadas pelo Espírito Santo se reúnem em torno de Jesus e tem como modelo de gestão o congregacional, adota a linha doutrinária batista e usa a Bíblia como fonte de autoridade, aí temos uma igreja batista.

Ora, as demais questões formais como estatuto registrado, cnpj, conquanto sejam desejáveis não podem ser obrigatórios. Não deveriam ser esses quesitos formais os critérios de exclusão. Mesmo porque há várias igrejas batistas com nome, cnpj, estatuto registrado, filiação à denominação/convenção, que há muito não professam uma doutrina batista e cuja autoridade da Palavra foi substituída pela “sandice do ungidão”.

Quando a denominação no seu processo de filiação requer a obrigatoriedade da formalidade cria-se uma contradição com a própria visão doutrinal. Que me perdoem os causídicos, mas estamos falando de algo que transcende a Lei. De algo que a vence. De algo espiritual. Daquilo que é eterno.

Na minha visão deveria caber à comunidade da fé, após seu interesse em filiar-se a Convenção Batista, o registro ou não formal dela perante o estado. Isso porque, conquanto seja desejável e melhor que assim o faça também, pode ser melhor que por um tempo assim não se proceda.

Pense com o coração e não com a Lei.

Com carinho!
Pr.Sergio Dusilek

sdusilek@gmail.com

 

 

dezembro 18, 2010

O MESTRE DOS MESTRES

Filed under: Estudos — sdusilek @ 10:17 pm

TEXTOS :                 – Texto Bíblico: Mt.13, 18:10-35, 20:1-16, 21:28-46, 22:1-14, 24:32-51, 25:1-30;

Leituras Diárias: a)Mc.1:21-28; b)Jo7:14-24; c)Mt.11:11-19; d)Mt.12:30-37; e)Mt.13:1-23; f)Mt.13:24-30, 36-43; g)Mt.13:31-35;  Texto Básico:Mt.22:1-14; Texto Áureo: Mt.22:12;

Introdução

Recentemente o jornal O Globo estampou uma pesquisa entre adolescentes na qual constatava que o maior índice de confiança dos adolescentes residia em seus professores. Só por curiosidade… Quem é seu bom professor no colégio? Aquele a quem você admira? Pois Jesus foi o maior de todos os professores, o Mestre dos mestres.

O ensino foi tão marcante no ministério de Jesus que por 40 vezes ele é apresentado ou mesmo auto-apresentado (Mt.10:24-25) como Mestre. Além disso a expressão rabi equivalente no aramaico para mestre, aparece outras 14 vezes nos evangelhos. Jesus agiu como rabino quando: a)proclamou a Lei; b) reuniu e treinou discípulos; c) foi consultado para resolver disputas; d)debateu com os escribas; e)usou técnicas literárias para seu ensino; f) tinha uma postura semelhante a dos rabinos em sentar para ensinar. Certamente não houve, nem haverá Mestre como Jesus.

A-POR QUE OS ENSINOS DE JESUS ERAM TÃO APRECIADOS?

Jesus tinha uma identificação com o ensino. No seu tríplice vértice ministerial (Mt.4:23) estava a idéia de ensinar. E ele foi muito apreciado como Mestre, caso contrário não teria uma multidão seguindo-o por onde quer que passasse. Os dois milagres de multiplicação de pães aconteceram porque houve necessidade de alimentar uma multidão que foi, em sua grande maioria, atrás de Jesus para ouvi-lo ensinar. Mas o que havia no ensino de Jesus que tanto atraía a multidão?

Em primeiro lugar a multidão notava nEle e no seu ensino a majestade de Jesus. A forma e a autoridade com que ele falava já demonstravam para o povo que Jesus era Rei. E essa autoridade vinha não só de sua deidade (do fato de Jesus ser Deus), mas também do seu íntimo relacionamento com o Pai e seu exemplo moral. O que adianta, por exemplo, um mentiroso falar para não mentir? Tal fala/ensino, não cairia em descrédito? Não foi mais ou menos isso que aconteceu com os filhos de Ceva (At.19)?

Pois Jesus era um exemplo moral: tudo que falava vivia. E como exemplo perfeito para nós devemos buscar imitá-lo lutando, como Paulo fez (ICor.9:27), para que tudo aquilo que falamos ou venhamos a dizer encontre correspondência, eco em nossa vida.

Em segundo lugar Jesus falou uma linguagem que facilitava o entendimento. Ele era direto. Quem não entendeu foi por pura cegueira espiritual. Mas o uso de parábolas (há cerca de 55-75 delas nos evangelhos, dependendo da forma como você as classifique) com coisas do cotidiano ajudavam as pessoas a compreenderem a mensagem do Reino.

Jesus usou também de aproximação e de uma teologia includente. Enquanto os fariseus viviam construindo sua imagem, Jesus se preocupava em resgatar o que estava perdido (Lc.19:10). Ele se aproximou dos pecadores para que estes pudessem se achegar a Deus. Seu ensino não foi de afastamento, mas de aproximação com o Pai. E isso representava uma revolução conceitual para aquele tempo.

Por fim, os sinais e curas que realizava respaldavam seu ensino. As pessoas viam a ligação entre a ministração de Jesus e os milagres que ele operava. Isso foi tão presente no ministério dEle que o evangelista João escreveu seu evangelho contrastando o discurso e ensino de Jesus sobre o “Eu Sou” (Eu sou o pão da vida, a ressurreição e a vida, o caminho a verdade e a vida, etc.) com seus feitos grandiosos (multiplicação dos pães, ressurreição de Lázaro, etc).

B-O MESTRE DA GRAÇA

Quando Jesus anunciava o Reino ele também apresentava a Graça. Isso porque para chegar ao Reino não há obra nem esforço ou dinheiro humano que garanta essa incursão (Ef.2:8-10). E um bom exemplo do ensino de Jesus que o qualifica como Mestre dos mestres está em Mateus 22:1-14, a parábola do grande banquete.

Na parábola está claro que por Graça o Rei convidou pessoas a participarem do Seu banquete. O Rei aqui é Deus, o banquete é o encontro final do noivo (Jesus) com a noiva (Igreja – Ap.22) e os convidados eram os próprios judeus, cujos convites foram entregues pelos profetas mas que eles acabaram desprezando. Também está claro que a dignidade da ceia, do banquete  não está em quem participa, mas está em quem é convidado. É o convite do Rei que nos dignifica. Que ninguém fique querendo dar “carteirada” na igreja dizendo se achar isso ou aquilo e, portanto, “mais digno do que os outros”. Nossa dignidade é igualitária (Gl.3:28; Cl.3:11) porque vem do Rei.

Com o desprezo dos primeiros convivas, o Rei chama a todos. A Graça de Deus é para todos, porque o banquete é para todos. Como já dizia o teólogo: “ninguém entra no Reino sem convite e ninguém fica do lado de fora se não for pela sua escolha”.

E aqui tem um detalhe. Era comum naquele tempo, numa festa real o Rei oferecer trajes (diferente de hoje que pedimos aos pais para comprarem uma roupa nova para nós) para os convivas. No caso do banquete espiritual e celestial, estamos falando das vestes de salvação (Is.61:10). Só que encontramos um “espertinho” no meio da festa com outras vestes. Os demais convivas não perceberam mas o Rei notou (Mt.22:12). Talvez, por vaidade, essa pessoa tenha achado que suas roupas eram suficientes ou melhores do que as que o Rei oferecia gratuitamente (Ap.3:4,5). Achou que poderia ser salvo pelo seu esforço, como ensinavam os fariseus. Guarde bem uma coisa: não dá! É só pela Graça!

A segunda e complementar  idéia dessa passagem é que o conviva não quis lavar as vestes. Ora como pode alguém querer estar no banquete do Rei dos reis, estando sujo? Isso revela um coração sem quebrantamento, e que não pede perdão e não é purificado/lavado dos seus pecados (IJo 1:7-9; Ap.19:8; Ec.9:8). Cabe a nós fazermos como Paulo (Fl.3:4-9a) – nos quebrantarmos diante do Rei.

CONCLUSÃO

Você não pode perder o melhor da mais empolgante festa da humanidade: o dia do encontro final com o Senhor. Para tanto há só uma pergunta: como estão suas vestes?

 

[ESTUDO PUBLICADO NA REVISTA DIÁLOGO E AÇÃO DO TERCEIRO TRIMESTRE DE 2008 DA JUERP DA CBB]

 

dezembro 14, 2010

Por que Berlusconi não perde o poder

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 1:30 pm

dezembro 8, 2010

SAUDADES (Fil.1:8; 2 Cronicas 21:20)

Filed under: Teologia — sdusilek @ 12:05 pm

Saudades. Palavra estritamente brasileira. Afinal, quem nunca a sentiu ou não a sente?

1)      Saudade é o bom cheiro/perfume (2 Cor.2:14-16) deixado pelos que passaram por nós;

Por isso podemos dizer que a saudade é positiva, resultado de um impacto positivo que recebemos de alguém.  Se a causa da saudade fosse negativa você sentiria hoje o peso de um trauma e não o frescor de uma saudade. Nesse sentido a saudade pode ser tanto o vazio de uma presença, quanto a presença num vazio.

2)      Saudade não é perda, é ganho!

Ruim não é ter saudade; ruim é não tê-la. Isso porque se sentimos saudades ou se deixamos saudades por onde passamos é porque fomos acrescidos (ou acrescentamos) algo na vida de alguém. Os textos bíblicos citados falam de gente que deixou e também de gente que morreu sem deixar saudades (confira). Enquanto o apóstolo Paulo dizia da sua saudade pela igreja de Filipos, o povo de Israel não estava nem aí para a morte de Jeorão, um líder que não marcou ninguém.

Saudade não é perda. Ela sucede a experiência da perda. Repito contudo que ela não é sinal de perda, mas sim de ganho. Se sentimos saudades hoje é porque um dia alguém fez parte de nós. E como fomos agraciados com isso! Nós ganhamos, lembre-se disso.

3)      Saudade não é nostalgia, mas sinal da alma;

Ter saudades não implica necessariamente em tentar recriar o passado, numa busca por sua reprodução. Saudade não nos remete para a irracionalidade, mas sim para a ponderação. Ela é, portanto sinal de que você possui uma alma.

Psicopatas (olha eles ai de novo) não possuem uma saudade fidedigna. Isso porque como eles são mintômanos e passam o tempo recriando a realidade, sua memória é virtual, falsa. Daí não poder ter saudade. E quando a sentem o fazem de modo errado.

4)      Saudade é o mecanismo da alma para manter vivo aquele(a) que se foi;

Como manter vivo quem não está mais entre nós? A nossa alma faz isso pela instrumentalização da saudade. Pessoas queridas que se foram , conquanto não estejam entre nós, permanecem dentro de nós mediante nossas memórias e legados (moral, espiritual, afetivo) que foram deixados.

5)      Saudades são sementes de um relacionamento que mesmo após anos brotam em nosso coração;

Lembro aqui de Huberto Rohden. Em um dos seus escritos ele cita um fato no mínimo curioso. Disse que numa escavação no Egito, arqueólogos encontraram uma tumba com um sarcófago, pertences pessoais da múmia que ali estava e vasos de sementes. Sementes essas que ficaram ali fechadas por milênios. Pois não é que um dos cientistas as plantou e elas germinaram?

Assim é com a saudade. Mesmo após a pessoa ter ido, as sementes desse relacionamento (paternal, conjugal, fraternal, profissional, etc.) continuarão a frutificar e a germinar em nossa vida. O tempo não consegue inutilizar a boa semente.

6)      Por fim, a saudade é o espaço para o Consolo de Deus;

O Espírito Santo, que é o Consolador (João 14,16) ocupa cada espaço deixado pela perda. A obra de Consolo do Senhor é do tamanho de nossa saudade. E essa é uma experiência linda, inexplicável, mas completamente abençoada e abençoadora.

Na hora da perda, celebre a Deus pela saudade. Você foi privilegiado por conviver com essa pessoa!

Na hora da perda, celebre a Deus pelo Consolo. O próprio Espírito se incumbe desse consolo no nosso coração.

Pr.Sergio Dusilek

sdusilek@gmail.com

dezembro 7, 2010

QUANDO A VIDA ROUBA O QUE TEMOS DE MELHOR

Filed under: Teologia — sdusilek @ 3:25 pm

(I Samuel 30; Lc.24:1-12; Joao 20)

 

O que fazer quando a vida rouba o que temos de melhor? Muitos tentam dar respostas bem intencionadas, mas simplistas a esse dilema. Uns acham que precisam esconder as emoções. Outros defendem a idéia de sublimá-las, beirando o ponto da negação. Pessoas há que propagam o desespero como resposta as tragédias da vida. Mas qual seria a orientação bíblica para um momento no qual a vida nos priva do melhor?

Há horas que a agenda de pregação de um pastor é mudada. Ia pregar domingo de manha sobre o Vau de Jaboque (Gen.32), mas diante da perda da Milena e também da dona Marly (mãe de uma irmã muito querida de nossa igreja), fui conduzido pelo Espírito a pregar algo que consolasse o coração de todos, inclusive o meu.

O que fazer então quando a vida rouba o que temos de melhor?

1)      Chorar até escangalhar (I Sm.30:4; Joao 11:35)
Interessante a forma como Davi lhe dava com seus sentimentos. Numa época inteiramente machista, num mundo bem mais rude que o nosso, com gente cuja profissão era ser guerreiro, Davi não tinha receio de abrir a boca a chorar. Ele não escondia suas emoções. Ele não as sublimava.

Assim aprendemos com Jesus. Ao ver o pranto de Maria e de seus amigos pela morte de Lázaro (João 11), Jesus se comoveu tanto que chorou (11:35). O Senhor dos céus e da terra chorou diante do sofrimento, da dor, da perda de um irmão.

Quando a vida rouba o que temos de melhor devemos chorar. Chorar até escangalhar. Chorar até não ter mais forças, nem lágrimas para tanto. Jamais reprima o choro na hora da dor.

2)      Troque a revolta pela submissão ao Pai

Numa hora em que a vida subtrai seu maior valor, não se revolte. Normalmente a revolta é filha da incompreensão. Ficamos sem entender o porquê. Mas quem disse que a vida é feita de “porquês”? Questionamos a Deus, quando alguém como a Mi, que possuía o otimismo da mãe e a força do seu pai, sendo uma pessoa boa como era não é curada. E por vezes esse questionamento atrapalha nossa comunhão com Ele porque queremos compreender o Senhor e seus desígnios.

Tenho aprendido que Deus não é para se compreender (Is.55:8-9; Rm.11:33-36) e sim para se amar. Confesso que se Deus fosse alvo de toda minha compreensão, passaria a achá-lo tão pequeno que provavelmente me desinteressaria por ele. Deus é muito maior do que podemos imaginar (Ef.3:20). E quando contemplamos a grandiosidade de Deus (Is.6:1), temos de nos curvar a Sua Soberania. Nessas horas precisamos professar a letra da música que diz:

“Eu creio em Ti, nos teus Milagres;
Eu creio em ti Deus de amor, Na tua provisão;
Nunca faltou, nem faltará; Nunca deixou de abençoar;”

Por isso, conquanto seja pertinente o questionamento, ele não pode se transformar em revolta. Isso porque a revolta impede a chegada do pleno CONSOLO do Espírito, uma vez que ela fecha o coração para receber o bálsamo, a provisão que precisamos do Alto dos Céus.

Na hora em que a vida rouba o que temos de melhor creia na fidelidade de Deus. Se curve ante a sua Soberania. E receba sua doce PAZ como Consolo num momento como esse.

3)      Devemos RECICLAR o entulho (II Cronicas 16)

Numa época de reino dividido, Baasa rei Israel, ímpio como era, resolveu impedir a imigração do seu povo para Judá, onde reinava, até aquele momento, o justo Asa. O que ele faz então? Ajunta pedras, madeiras e amarras para construir um muro em Ramá, cidade fronteiriça. Os planos mudaram (vejam o texto) e aquele entulho ficou lá, largado. Não é assim que acontece conosco? Gente que despeja entulho perto de nós e que não pedimos para recebê-lo?

Pois Asa dá uma lição de sabedoria e modernidade. Ele pega aquele entulho e usa para a construção e edificação de algo bom, abençoador. Aí está a sabedoria: pegar o que é ruim e transformar em algo bom; pegar algo imprestável e tratá-lo para servir a outros num processo abençoador.

No instante em que a vida rouba o que temos de melhor, cabe a nós reciclar o entulho deixado pela perda. A Milena era um exemplo de pessoa que reciclava. Mesmo com o diagnóstico de sua enfermidade, ela procurava olhar para o cuidado de Deus em meio a toda essa travessia turbulenta. Por isso ela não murmurava. Antes, sorria. Milena reciclou sua debilidade em força; sua ansiedade em confiança; seu questionamento em gratidão; seu prognóstico em esperança.

Deixe Deus transformar sua dor em testemunho de Consolo; sua perda em certeza da presença do Espírito; seu questionamento em submissão a Sua vontade; sua incredulidade em fé; sua falta de norte, de rumo, num futuro totalmente guiado por Deus.

4)      Devemos responder a vida com o que temos de melhor;

Cada um dá o que tem. Se a vida rouba de nós o que temos de melhor, podemos dar a ela não o que temos de pior, mas sim o nosso melhor. E o nosso melhor é a nossa esperança. Com Cristo há sempre uma boa expectativa sobre o futuro. Com Cristo não estamos fadados a um aprisionamento pelo passado, por mais lindo, significativo e marcante que tenha sido. Com Jesus podemos olhar pra frente. Se a vida nos rouba o melhor, se a vida nos encurva (Lc.13) tirando de nós a visão e perspectiva de futuro, Jesus nos endireita fazendo-nos ver novamente o horizonte e pela fé ter a capacidade para enxergar além da visão (horizonalidade).

5)      Podemos aprofundar nosso relacionamento com Jesus (I.Sm.30:6)

Qual foi o diferencial de Jó, quando recebeu notícias trágicas e em cascata? Ele permaneceu firme com Deus. E isso manteve sua sanidade. Qual foi o diferencial de Davi quando soube que a vida (amalequitas) havia roubado o que ele tinha de melhor? Ele se agarrou em Deus.

A palavra normalmente traduzida como “fortaleceu” tem no hebraico sua força como “agarrar”. Davi, mesmo doído, mesmo sem entender, mesmo magoado por aquela perda, se agarrou no Senhor. E isso fez toda a diferença, pois a partir dali ele recebeu Consolo e restituição (não de tudo, mas daquilo que era possível ser restituído).

Tenho aprendido que não há intimidade com Cristo sem custo, assim como não há óleo sem prensa. Quando a vida roubar o que você tem de melhor, mergulhe para um nível mais profundo de intimidade com o Senhor. Se agarre nEle!
 
Termino lembrando os relatos da ressurreição de Jesus. Diante da morte de alguém querido, amado, respeitado e BOM, só restou ao círculo mais íntimo a “perplexidade” (Lc.24:4). Desorientação, ausência de foco, dor imensa no coração, lágrimas nos olhos embaçando a visão, é o que sentimos quando perdemos nosso melhor. Mas aí vem uma palavra de Deus para nós: “Por que procuramos dentre os mortos aquele(a) que vive?”(Lc.24:5)

Sim, Milena, Dona Marly entre outros estão com Jesus. E por isso sustentamos a alegria de um futuro e aí sim, perene reencontro. Tenho pensado no céu como um bom lugar também pela sua capacidade aditiva. Ele nunca subtrai. Só soma. Que lugar maravilhoso é esse! Para lá um dia iremos. E lá nos reencontraremos!

Pr.Sergio Dusilek

sdusilek@gmail.com

JESUS E A PROPAGAÇÃO DO REINO DE DEUS

Filed under: Estudos — sdusilek @ 2:49 pm

Texto Bíblico: Mateus 5-7,10; Leituras Diárias: a)Lc.12:22-34; b)Lc.5:36-39; c)Lc.6; d)Mt.5; e)Mt.6; f)Mt.7; g)Mt.10:26-42 /// Texto Básico:Mt.5:13-16 – Texto Áureo: Mt.12:28

Introdução

Há algum tempo atrás ouvi o Pr.Ivênio dos Santos contar a experiência de um jovem que fora a uma exposição de fotos do famoso Sebastião Salgado. Este fotógrafo tem a capacidade única de retratar em suas fotos e exposições a miséria humana. Durante a abertura, uma fala daquele homem impactou esse jovem. Ele dizia: “depois de correr o mundo, posso dizer a vocês que não há esperança”. Pois o que Jesus veio anunciar é que há esperança! A mensagem do Reino de Deus é boas novas para um mundo com déficit de esperança. E essa esperança não é só um anúncio futurístico, como queria o teólogo Johanes Weiss (1892), nem tampouco se restringe ao presente, para esse tempo somente, como apregoava Adolph Harnack. O Reino de Deus como bem dizia Kümmel é o escathon de Deus, a nova e legítima era inaugurada por Jesus. O Reino de Deus é sobretudo o reinado soberano do Senhor. E isso implica dizer que este Reino não pode ser construído por mãos humanas, isto é ele não pode ser edificado. A igreja de Cristo pode ser edificada, construída, mas o Reino, por ser uma extensão de Deus, simplesmente É. Por isso é que Jesus no Pai Nosso (Mt.6:10) não pede ao Pai que construa o Reino, mas que “ele venha”. E aqui está uma diferença entre o Reino e a Igreja: o Reino é maior que a Igreja e esta é a melhor (ou deveria ser) agência do Reino dos Céus (expressão de Mateus). Essa é uma das boas razões para desmistificar a idéia eleitoreira de que crente vota em crente. Não estamos aqui para construir um Reino político (como queriam alguns dos discípulos de Jesus dentre os quais, ao que tudo indica, Judas Iscariotes). Devemos votar em quem tem compromisso com Valores do Reino, como a Paz, Amor, Perdão, Justiça, Liberdade, Dignidade humana, entre outros.

A- O CONTEÚDO DO REINO

O conteúdo da mensagem do Reino é sobretudo de boas-novas, de evangelho. Jesus anunciou (anúncio esse retratado por 84 vezes nos evangelhos) que o Reino traz consigo perdão, salvação e justiça. A mensagem do Reino é sobretudo ética, porque visa transformar nossa forma de pensar (Rm.12:1-2), a partir de uma ação do Espírito que purifica a nossas intenções. Aliás, a moral do Reino é elevada porque é uma moral de intenções. No sermão do monte Jesus deixa isso bem claro quando fala que o pecado começa quando pensamos e damos vazão a um sentimento de adultério, cobiça, etc. O Reino em nós é sobretudo TRANSFORMAÇÃO. Isso a partir de uma paternidade divina que é dom, presente do Rei para nós. A marca principal de um crente não são os dons espirituais, mas sim o Fruto do Espírito (Gl.5:22-23). Deus quer transformar nosso caráter, nossos valores e nossa forma de ver a vida. E se você observar a Constituição do Reino (Mt.5-7) vai perceber que Ele quer: pureza da alma; sensatez na construção de uma vida de discipulado; anunciar que o Reino só tem uma porta e ela é estreita, pois chama-se Jesus; testemunho marcante e tipificado na figura do sal e da luz; relacionamentos desencanados, sem julgamentos e com vivência do perdão; e sobretudo isso a certeza de que não precisamos de ansiedade porque o Rei cuida de nós.

B-O REINO E A MINHA VIDA

A entrada para o Reino, como bem disse Jesus, não depende de um destino, mas de uma decisão. Certo é que após sua decisão o homem sela portanto seu destino eterno de vida com Jesus ou morte sem Ele. Uma vez decidido a passar pela porta, temos de ter ciência que nós não podemos construir o Reino, mas devemos orar para que Ele venha sobre nós. Ser do Reino implica em assimilar que Deus governa a minha vida e que já não sou mais Senhor de mim mesmo. E essa é uma resposta radical que temos que dar a Deus – deixar que Ele guie a nossa vida. Nossa postura, nossas atitudes, podem então afetar a nossa posição e nosso comprometimento com o Reino, mas não o Reino em si. Pode inclusive inibir ou expandir o Reino aqui na Terra. É a famosa luta entre o reino das trevas e o Reino da luz/dos Céus. Se você se engajar, for desprendido e deixar Deus te usar, você fará tal diferença nesse mundo que as trevas, o reino de Satanás, recuará. Aliás, a Igreja tem a mensagem e o poder do Reino e a promessa de Jesus que “as portas do Inferno não prevalecerão contra a igreja”(Mt.16.18). Por que você tem medo, como igreja, de fazer ações evangelísticas e sociais? Parece que para muitos a igreja se tornou um gueto: tímida, com medo e sem relevância para o seu contexto.

CONCLUSÃO

Quando Jesus falou do Reino de Deus Israel vivia sob domínio de Roma. Havia uma liberdade relativa e alta taxação de impostos. O preço desta liberdade relativa era alto. E Jesus anunciava a liberdade que há no Reino, pois aqueles que Lhe pertencem não vivem mais sob o domínio de uma tirania. Hoje a Igreja anuncia a mensagem do Reino (Mt.11:28). Estamos num país teoricamente livre (não somos colônia de ninguém). Mas no plano espiritual, há muita gente vivendo debaixo do tirano Satanás, pagando altos impostos emocionais e espirituais em troca de sua “liberdade”. Você consegue perceber que há amigos seus no colégio debaixo da opressão do Inimigo? E por que por vezes você pensou em dar uma de filho de pródigo (Lc.15)? Meu desejo é que você sendo livre em Jesus, seja sal e luz onde quer que esteja!

Pr.Sergio Dusilek

sdusilek@gmail.com

 

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