Novos Caminhos, Velhos Trilhos

novembro 9, 2020

A “Floresta” Bibletista.

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 6:17 pm

A “Floresta” Bibletista.

Era uma vez, numa terra distante e ainda por se descobrir, uma sociedade religiosa conhecida como bibletista. Nela, tinha dois grupos principais, definidos pela forma como se relacionavam com o livro sagrado que fundamentava e carregava boa parte daquela tradição religiosa.

Um grupo via no livro, um regramento, um código, uma manual rígido de instruções, um instrumento de regulação da vida alheia. Outro grupo enxergava o mesmo livro como uma fonte, como um manancial de onde jorra vida que transforma desertos em Oásis.

Sempre que alguém do primeiro grupo fazia uso do tempo, parecia e soava como aquilo que Rubem Alves chamou de “urubu”. Tinha preparo, tinha esforço, tinha presença; tinha “asas grandes”, imponentes, mas… faltava melodia.

Agora, quando alguém do segundo grupo tomava a palavra, era como o canto do “sabiá”. A melodia e a beleza dadas por Deus, tocavam a todos. “Sabiás” e suas sábias palavras… Quanto encanto em qualquer canto! Quanta inspiração em cada nota!

Os tomados como “urubus”, afeitos ao domínio do espaço religioso, ressentidos por não serem como os “sabiás”, se reuniram. Resolveram fazer duas coisas: 1) instituir cursos para ensinar os seus pares a serem como os “sabiás”. Deram o nome a essas “aulas de canto” de “clínica de pregação expositiva”; 2) não satisfeitos, resolveram proibir aqueles que cantavam “como sabiás” de fazê-lo, de simplesmente serem o que são: ao invés do melódico e natural talento, agora deveriam se portar, ao subir no “puleiro” para “cantar”, como os identificados como “urubus”.

O resultado? Congelamento, perda do lirismo, da melodia. Perda das cores: o valor passou a ser o manto, a toga preta e não mais o laranja e o amarelo que colorem a plumagem cheia de vida dos “sabiás”. Nada mais restou pois o grupo de “urubus”, não conseguindo ser como os “sabiás”, obrigou estes a serem como aqueles. Os que não se sujeitaram, seguiram “cantando” em outras florestas…Um cheiro de carniça tomou conta da “floresta”, da sociedade bibletista. Sem melodia, sem cor, e com o mau cheiro, ali só restaram os “urubus”.

Os interessados? Aqueles que eram hipnotizados e que vibravam com cada “nota cantada”? Eles se foram. A curiosidade para ouvir, os “ornitólogos” que se achegavam, também. Os demais “pássaros, sanhaços, canarinhos-da-terra, melros, trinca-ferros, coleiros, tico-ticos, azulões, corrupiões”, que acharam que o problema era com os “sabiás” e que ficaram em silêncio, foram sendo proibidos de “cantar” um-a-um. Até as “fêmeas” foram proibidas de “piar”…

Tudo isso porque os “urubus” não entenderam seu lugar na economia divina. Ressentidos, porém com o poder do sistema, prevaleceram sobre cada canto que diferia do seu esforço, alijando cada “espécie”. A cada prevalência dos “urubus com seus manuais”, a “floresta” de outrora, diversa e linda, encantadora e maviosa, perdia seu encanto. Por fim, acabou virando um aterro.

novembro 5, 2020

O SILÊNCIO FUNDAMENTALISTA.

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 4:55 am

O Silêncio Fundamentalista. 
Fundamentalismo… silêncio…  paradoxal, não? Isso porque as hostes fundamentalistas são estridentes,  histéricas. Anunciam sua chegada e não deixam de fazer notar sua presença. Não se trata de uma perspectiva subjetiva, mas de domínio, de subjugamento da consciência alheia.  É o espaço público que recebe a alça de mira.
Sendo espalhafatoso, é de se estranhar que seu entranhamento nos grupos denominacionais se dê pelos bastidores, de modo subrepticio. São tramas, enredos combinados, que uma vez desvelados, faz com que o fundamentalisra retorne para sua toca. No entanto quando por eles revelados, pouco ou nada mais se resta a fazer.
O Fundamentalismo está no debate público. Está nas matérias jornalísticas. Está entranhado nas diferentes denominações e missões. Sendo assim, por que o silêncio das Casas teológicas sobre esse assunto? Por que os seminários e faculdades não abordam essa temática que está na ordem do dia? 
Alguns podem alegar que há temas mais relevantes. O próprio Fosdick concordaria com essa resposta. Mas ele o faria com um adendo: o lamento de, mesmo assim, ter que abordar o fundamentalismo. 
Outros podem alegar certa tacanhice ou até medo. De fato é difícil construir um diálogo sem interlocutores qualificados. 
No entanto penso que o silêncio “ensurdecedor” sobre essa temática, notadamente nos seminários e faculdades batistas é revelatório: existe um projeto e processo em curso para transformar os batistas da CBB, para ficar num exemplo, num grupo fundamentalista. Senão,  por que a ausência da abordagem de um tão premente tema?
Abram-se as casas de reflexão teológica! Chamem interlocutores que estudem o tema. Ouçam,  perguntem; promovam a reflexão. Assim fazendo, que cada aluno,  agora esclarecido, escolha o seu caminho, mesmo que seja o fundamentalista. Porém,  com uma capital diferença: tal escolha, se vier acontecer, que seja por adesão e não por cooptação.
Quem tem ouvidos para ouvir, que ouça. 
Pr. Sérgio Dusilek

novembro 2, 2020

REAFIRMANDO PRINCÍPIOS – CARTA ABERTA AOS BATISTAS.

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 8:38 pm

Faço como o Apóstolo Paulo e com muita alegria: “o que de graça recebi, também o entreguei” (I Cor.11:23a). Boa leitura. Se concordar, copie e compartilhe com seus contatos.

𝐑𝐄𝐀𝐅𝐈𝐑𝐌𝐀𝐍𝐃𝐎 𝐏𝐑𝐈𝐍𝐂𝐈́𝐏𝐈𝐎𝐒
𝐶𝑎𝑟𝑡𝑎 𝑎𝑏𝑒𝑟𝑡𝑎 𝑎𝑜𝑠 𝑏𝑎𝑡𝑖𝑠𝑡𝑎𝑠

“𝑁𝑎̃𝑜 𝑠𝑒 𝑑𝑒𝑣𝑒 𝑛𝑒𝑚 𝑠𝑒 𝑝𝑜𝑑𝑒 𝑛𝑒𝑔𝑎𝑟 𝑎 𝑎𝑢𝑡𝑜𝑛𝑜𝑚𝑖𝑎 𝑑𝑎 𝑖𝑔𝑟𝑒𝑗𝑎 𝑙𝑜𝑐𝑎𝑙, 𝑎𝑡𝑒́ 𝑚𝑒𝑠𝑚𝑜 𝑝𝑜𝑟𝑞𝑢𝑒 𝑜 𝑁𝑜𝑣𝑜 𝑇𝑒𝑠𝑡𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑠𝑜́ 𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 𝑢𝑚𝑎 𝑖𝑛𝑠𝑡𝑖𝑡𝑢𝑖𝑐̧𝑎̃𝑜, 𝑞𝑢𝑒 𝑒́ 𝑒𝑙𝑎, 𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑜𝑛ℎ𝑒𝑐𝑒 𝑡𝑜𝑑𝑎𝑠 𝑎𝑠 𝑞𝑢𝑒 𝑐𝑟𝑖𝑎𝑚𝑜𝑠” (Isaltino G. C. Filho)

𝐂𝐨𝐧𝐬𝐢𝐝𝐞𝐫𝐚𝐧𝐝𝐨…
Que o legado da tradição batista é um patrimônio que os batistas brasileiros têm como herança de uma caminhada de fé de muitos irmãos e irmãs em Jesus Cristo.

𝐂𝐫𝐞𝐦𝐨𝐬…
Que o patrimônio da tradição batista tem como base: (i) o senhorio de Jesus Cristo; (ii) o livre exame da Palavra de Deus; (iii) a liberdade de consciência; (iv) o sacerdócio universal; (v) a autonomia da igreja local; (vi) a separação entre Igreja e o Estado; (vii) e o amor, que gera conduta e respeito para com o próximo, testemunho e ação na sociedade brasileira.

Diante disso,

𝐄𝐧𝐭𝐞𝐧𝐝𝐞𝐦𝐨𝐬…
Que tensões são inevitáveis, mas que elas fazem parte da trajetória dos batistas, não impedindo a unidade sem uniformidade.

Que uma igreja Batista não deve, em hipótese alguma, abdicar de sua autonomia e liberdade. A consequência disso é a pluralidade e diversidade. Cada uma tem a sua peculiaridade e particularidade, porque cada uma vivencia um tempo, um local, uma história na sua singularidade.

Essa liberdade de consciência, dá condições para a igreja local se orientar diante de seus problemas e, da melhor forma possível, tomar suas decisões. Nos princípios batistas, é dito que isso é corroborado pelo Espírito Santo que capacita a igreja para tais decisões e condução de sua vida eclesial.

De igual modo, a Declaração Doutrinária da CBB entendeu que, a partir do ensino do Novo Testamento, as igrejas Batistas são autônomas, têm governo democrático, praticam a disciplina e se regem em todas as questões espirituais e doutrinárias exclusivamente pela Palavra de Deus, sempre à luz da pessoa e dos ensinos de Jesus Cristo, sob a orientação do Espírito Santo.

Assim,

𝐑𝐞𝐢𝐭𝐞𝐫𝐚𝐦𝐨𝐬…
Que o papel da Convenção Batista Brasileira permanece sendo como bem está exposto na sua Filosofia: promover o inter-relacionamento fraterno e cooperativo das igrejas a ela associadas e respeitar a autonomia das igrejas cooperantes.

A partir disso,

𝐍𝐚̃𝐨 𝐜𝐨𝐦𝐩𝐚𝐜𝐭𝐮𝐚𝐦𝐨𝐬…
Com qualquer tentativa: (i) de cercear a liberdade de expressão que compõe a diversidade no modo de ser Batista; (ii) de fazer uso político-partidário da estrutura denominacional para suprimir opiniões e silenciar pessoas; (iii) de reivindicar o domínio doutrinário como ferramenta de expurgo; (iv) de impingir um modo unívoco de ser Batista aos demais.

𝐑𝐨𝐠𝐚𝐦𝐨𝐬…
A Deus, o nosso Pai, a Jesus Cristo e ao Espírito Santo para nos ajudar a trilhar caminhos de paz e de justiça na denúncia de toda manifestação de racismo, autoritarismo, misoginia e intolerância religiosa.

𝑀𝑜𝑣𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝐵𝑎𝑡𝑖𝑠𝑡𝑎𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝑃𝑟𝑖𝑛𝑐𝑖́𝑝𝑖𝑜𝑠

UM SONHO PERTURBADOR.

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 8:17 pm

Neste último domingo atendi uma liderança da Convenção antes de sair para a Igreja. Conversamos sobre algumas preocupações.

Tivemos um culto abençoador no último dia da rica Semana do Espírito Santo, que mais se assemelhou a um minicurso de Pneumatologia, sem deixar de ter um profundo caráter devocional. Os cultos estão no canal da Igreja Batista Marapendi no Youtube.

Almoçamos com duas famílias da igreja. Ao chegar em casa, após um período de estudo, tiro uma pestana. Sou acordado com um sono perturbador, algo como uma espécie de sonho premonitório aliado ao pêso inerente a ele. Eis o sonho.

1o ATO:

Sonho que estou na sala de reuniões da UFMBB. Reconheço o lugar porque na única vez que lá estive, sentei-me ao lado dos Prs. Tymchak e Jorge Schutz. Me dão a palavra para falar sobre o Fundamentalismo. No meio da fala, todas e todos (tinham pastores nesse encontro) dão as costas para mim e começam um novo assunto. Uma cortina cinza é puxada entre eu e as irmãs e irmãos dali. Protesto em vão. Abaixo a cabeça entristecido. Fecho os olhos. Quando os abro estou no…

2o ATO. 

Agora estou do lado de fora da Capela do Seminário.  Ela está lotada. Olho para dentro, assim como outros, por uma das janelas. Há um missionário americano falando. Há também uma hostilidade contra mim, pelas pessoas que lá estão. Por uma razão que não me lembro, a fala e a pessoa do missionário tem conexão com a reunião na UFMBB. Entro na capela.  Todos olham para mim com ar de reprovação.  Ouço Deus dizer,  como a Micaías: quem vai falar a verdade por nós? Nesse lapso temporal e espiritual, eu me disponho. O missionário fala algo que não estava correto, como se quisesse esconder algo. Ali, em pé, no meio de um dos corredores da Capela, eu peço a palavra e o rebato. A plateia em boa medida se volta agora ao meu favor. A reunião ganha uma tensão maior. Ela termina sem acabar… (se é que você me entende). Saio. Muitos agradecem a intervenção feita. No entanto, por uma razão que desconheço, ao longo da exposição na capela, uma reunião acontecia do outro lado da pracinha, com a liderança convencional. Ao longo da minha intervenção um emissário foi avisá-los.

Encontro-os do lado de fora. Sou isolado e banido por eles. Fico profundamente triste. Um sentimento de injustiça toma conta do meu coração. Desperto; porém com o peso final.

FIM do sonho.

Algum José ou Daniel entre nós para interpretar e dizer algo para além do que parece mais óbvio? Faça isso nos comentários.

Pr. Sérgio Dusilek – sdusilek@gmail.com

Blog no WordPress.com.