A falta que faz uma mensagem.
O tema era convidativo. O local? Lindo com vista para o morro do careca (Natal-RN). A realidade? Confrontadora, desafiadora… e quase ficou por aí.
Foi triste saber que após nossos irmãos do Nordeste pleitearem e conseguirem com a Governadora do RN, do PT, o Centro de Convenções de Natal (aliás a melhor infraestrutura para uma assembleia convencional que já participei), já no culto de abertura a CBB, sem o menor tato, projeta um vídeo com uma saudação do atual presidente, o que, segundo um líder do Nordeste, criou um extremo embaraço e desconforto.
Desconfortantes também foram as pregações que ouvi. Todas fugiram do tema. Nenhum dos pregadores que ouvi falou sobre o Reino de Deus, sobre o ensino dessa mensagem. Isso porque não há como falar sobre o Reino e ser bolsonarista. São termos excludentes. O então presidente da CBB, por exemplo, esqueceu o tema, o texto e fez uma palestra. Parecia representar o Presidente da ANA. Agência Nacional de Águas. Sammy Tippit com sua tradicional verve avivalista e visão americanizada do mundo não poderia sair do lugar comum “vamos salvar o mundo salvando as pessoas do comunismo”. Já o pregador do Nordeste, região com tantos bons pregadores e excelentes obreiros começou a palavra trazendo uma saudação do presidente e da ministra Damares… meu Deus… que lástima. É o mesmo que se compara a Martin Luther King Jr.(MLK), num total desconhecimento da vida e obra deste mártir batista estadunidense, que jamais se alinharia a um governo como o atual.
As aprovações, sinalizações… não sei, mas me pareceu um contínuo flerte com o fundamentalismo. Havia um ar estranho, constrangedor, inibidor nessa Assembleia convencional.
Hospedado na casa de um amigo (ex-ovelha), passei as manhas e tardes no plenário e as noites fora dele. Soube há pouco da mensagem do querido pastor Marcos Vieira Monteiro, da PIB Fortaleza. Fazendo jus à sua coerência, bem como respeitando o tema da convenção, lembrou que os batistas, ao longo de sua história muito se envolveram com pautas mais progressistas, como apoio a reforma agrária e condenação a reforma da previdencia, isso já na década de 60. Essa mensagem, que imaginava seria muito boa, como de fato foi, me fez e faz muita falta.
Nessa corrida para a extrema direita, uma coisa nos salvou como batistas: a eleição do pastor Fausto Vasconcelos, um diplomata na alma, único capaz de transitar e promover uma lenta conciliação buscando trazer essa denominação chamada CBB da república do paraná para a veia do respeito, democracia, tolerância que tanto identificam os batistas.
Se os pregadores, a exceção do Pastor Marcos Monteiro, se mantiveram longe do tema que a Providência divina permitiu que fosse para esse momento histórico o norteador da assembleia da CBB, ao contemplar essa nova diretoria percebo que o Rei (Jesus) ainda não permitiu que parte do seu Reino fosse tomado.
A esperança está combalida; contudo, ela não morreu.
[Pr.Sérgio Dusilek]