Novos Caminhos, Velhos Trilhos

março 25, 2021

FUNDAMENTALISMO, DE NOVO.

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 1:55 pm

De fato, o fundamentalismo não dialoga com a dinâmica da vida. É uma proposta de represamento da vida, do fluxo de informações. É a impossibilidade de ser moldado, de mudar de pensamento, de conversão, pois quando há algum fluxo, é o da repetição. Num mundo todo conectado, ser uma ilha (e você pode sê-la usando a internet, basta não se abrir para a informação) angustia a alma até o insuportável.

O fundamentalismo é uma capa. Com ele o pecado de quem tem essa posição é coberto. Sobre esta capa, nomeia-se o “pecado de tróia” da vez, faz-se um cavalo de batalha, desvia-se o foco para que o pecado individual (inclusive do fundamentalista) não seja confrontado. Sim, ele permanece sendo regado, cultivado nessa estufa que a capa acabou por criar.

O fundamentalismo cega. Seus adeptos não se vêm como realmente são. Sem essa autoconsciência, passam a se colocar sobre os outros. O resultado? O modelo do farisaísmo encontrado por Jesus ao longo do seu Ministério, marcado pelo desprezo a vida alheia e amor ao patrimônio pessoal e aos negócios (Lucas 13).

O fundamentalismo mata. Não só pela promoção de Jihads, de Cruzadas, de Guerras Santas, quando pegam deliberadamente em armas. Mata nas acusações infundadas, nas perseguições injustificadas, na desconsideração do que é minimamente cristão. Mata na troca do destino da adoração: ídolos são incorporados, venerados e o Senhor é desprezado! Em nome da Palavra, rompem com o Espírito que a ilumina. Secos, espalham sua aridez desertificando outras vidas, igrejas e, por fim, a própria sociedade. Lembre-se: foi um tipo de proto-fundamentalismo, de corte farisaico, que perseguiu e arquitetou a morte de Jesus (João 11). Ouso dizer que todo seguidor de Jesus de Nazaré “padecerá perseguições” (termo paulino) de fariseus que, como nos Evangelhos, não é gentílico, mas pertencente à “mesma religião”.

O fundamentalismo fomenta o suicídio, inclusive de pastores. Seja pela perseguição injusta, pela falta de tolerância e respeito com o divergente, numa evidente distorção do que é ser Igreja e na transformação dela em Clube (sim meus queridos e queridas! Não são as festinhas de adolas crentes a marca do clubinho gospel! São as comunidades fechadas que exigem uma outra profissão de fé que não a exposta na Bíblia. Isso sim é clube! Com um detalhe: que sobra sisudez e falta alegria!); seja pela falta de ambiência para procurar ajuda… há seminários, pasmem, que até hoje demonizam a psicologia e a psiquiatria. Como esses colegas serão ajudados, se a parte técnica da ajuda é “do Diabo”? Tal ensino é palavra de morte, jamais de vida. Seu incremento ao suicídio se dá também pela total inapetência em lidar com a complexidade da vida. Num mundo de partículas subatômicas, de física quântica, a simples álgebra não dá conta da abrangência e, novamente, da complexidade da vida.

O fundamentalismo bitola. Peguemos o exemplo das narrativas bíblicas. O registro, a narrativa, não é maior do que o evento. Como então, o dogma, que se baseia no registro, pode pretender julgar o evento? É O EVENTO QUE TEM QUE JULGAR O DOGMA, e não o contrário. Na esteira dessa inversão, diminui-se Deus, aprisiona-se o melhor sentido da Palavra e sepulta-se qualquer esforço hermenêutico.

O fundamentalismo, embora nascido evangélico, não é protestante. Isso porque sua formulação desconsidera o Espírito que fala também pelo Seu povo. A interpretação do texto? Ah! Esta cabe aos notáveis… que cá entre nós, nem “anotáveis” são. Cria-se uma figura estranha ao Protestantismo: o Magistério, aquele que disciplina e ordena a interpretação. Não há mais leitura livre da Bíblia. O alimento espiritual passa a ser dado via parenteral, pelo “magistério”.

O fundamentalismo envergonha. Sua hipocrisia e sua violência impositiva fazem com que os fins justifiquem os meios, desconsiderando padrões éticos mínimos para lidar com o poder, seja no contexto restrito denominacional, eclesial, seja na sua inserção no espaço público. Isto porque a pretensão fundamentalista é de impor sua agenda a toda sociedade, mesmo àquela parte que não aceita ou compactua com suas bases ou pressupostos. Por esse regramento social em “nome de Deus” topa-se qualquer coisa, inclusive aquilo que entristece o Espírito.

Cuide-se. Essa praga está se alastrando sob financiamento da extrema direita americana e patrocínio de certos setores do Governo. E saiba: isso não tem nada a ver com o Evangelho vivido e pregado por Jesus de Nazaré. Há bons e grandes fundamentalistas “cristãos” no inferno. Não queira visitá-los.

Paz e Bem.

[Sugiro a você, especialmente se for pastor ou pastora, ler o texto do Pr. Kivitz no Instagram dele de 25/03]

março 3, 2021

Ao Pastor Claudio Duarte

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 11:27 pm

Sobre a crítica do Pastor Claudio Duarte ao pedido de impeachment assinado por religiosos de diferentes grupos.
“Prezado colega,  já não é de hoje que, à distância, o observo.Não obstante seu sexismo e desvalorização da mulher em suas piadinhas, agora deu para desvalorizar quem vc não conhece em prol da defesa de um governo e um clã que por sua vez são cada vez mais indefensaveis.
Sei que o humor que lhe sobra é diretamente proporcional à intelectualidade que lhe falta. Por isso mesmo, deixa eu lhe dizer algumas coisas:
1) seguidores, likes não quer dizer que vc tenha uma ministério relevante. Quer dizer que seu ministério é midiático. Relevância, prezado, não tem a ver com curtidas,  mas com observância e fidelidade ao querer de Deus. Se houvesse um cristão no mundo portando a mensagem do Evangelho e o anticristo com Um Bilhão de seguidores, de que lado o colega acha que estaria a relevância? Pois é,  o Evangelho é relevante por si, independentemente de sua ampla aceitação. Lembre-se disso.
Não sei quantos seguidores vc tem; sei que Noé mal tinha sua família consigo e acho que nenhum de nós discute sua relevância.Elias, o maior e talvez mais solitario profeta do VT, não tinha seguidores. Mas Jesus o referenciou. O próprio Mestre perdeu vários seguidores (João 6). Ele deixou de ser Deus, Messias? De modo algum. 
Logo se percebe que sua argumentação não é Bíblica. Ela é fruto da logica do mercado. Cuidado pois este é  outro “evangelho”…
2) tampouco vc desconsidera se tais colegas tinham ou têm interesse num eventual  sucesso midiático. Alguns pastores se sentem a vontade em programas de roedores; outros preferem o café filosófico da CPFL; há outros que preferem a sala de aula. Pode parecer estranho pra vc, mas nem todo mundo deseja ter dezenas de milhares de seguidores em redes sociais. Excesso de seguidores não tem a ver com ministério pastoral, pois este se realiza de modo artesanal…
3) O colega desconsidera também, até porque suspeito que os desconheça,  os critérios de  atestação histórica.  No fim prezado, permanecerá, biblicamente falando, aquele que faz a vontade de Deus. No campo da ciência histórica, ela julgará nossas ações e não serão os likes e curtidas que salvarão este ou aquele deste tipo de juízo, o qual se dará a posteriori, num processo de reconstrução da memória histórica. Eu particularmente suspeito que ela será implacável com o colega e com quem você caminha junto.
4) por fim, ao falar sobre juízo,  preciso lembrar que o colega comete um erro crasso na sua live. O que de  modo algum podemos julgar é a intenção. Esse nível só compete a Deus.  Podemos julgar as ações e, quando muito, inferir a intenção;  jamais vaticiná-la. Como vc que não conhece, não tem intimidade com os signatários de tal documento, nem conversou com eles, pode julgar a intenção dos mesmos? Falta base escrituristica, e das ciências sociais aplicadas ao colega.
Termino sugerindo que o colega estude. Leia. Assim você sairá do lugar comum onde se encontra há muito tempo. Paz e Bem.”

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