Novos Caminhos, Velhos Trilhos

setembro 30, 2008

OS GOLFINHOS DA CORÉIA

Filed under: Teologia — sdusilek @ 3:31 am

Confesso que fiquei impressionado com a cena que vi no Jornal da Band de 29/09/08. Um golfinho ferido não conseguia se manter na posição correta. Com uma de suas nadadeiras inutilizada, não havia como ter o equilíbrio necessário para ficar numa posição que o permitisse respirar. A morte era certa. A tragédia de um fim desgostoso estava sendo anunciada. Mas nem a iminente morte impediu que aquele golfinho recebesse solidariedade dos seus companheiros.

Penso que o que levou os golfinhos aos jornais do mundo foi justamente esse contraste: eles, que não “pensam” (será?) esbanjaram solidariedade; nós os “pensantes” estamos com escassez da mesma. Acha que peguei pesado? E aqueles fatos ocorridos em São Paulo? Um surfista morre salvando rapazes no mar e ninguém liga para a família enlutada depois para agradecer… um outro rapaz morre atropelado estupidamente numa Marginal e o rapaz ao qual ele fora socorrer sai e vai embora após a tragédia.

Falta solidariedade nas ruas. Gente que precisa de cuidado e que não recebe outra coisa senão a nossa repulsa. Sobra só em época de eleição. Aliás, se você encontrar um candidato que só ande no meio das pessoas em época de garimpagem de votos, sugiro a você que não vote nele. E se ele for alvo de solidariedade do pastor de sua igreja, o qual defende para você a candidatura desse político, eu recomendo a você que exorcize os dois: o pastor e o candidato. Político de gabinete somente não é político. É burocrata. E como tal, não deve ser eleito. No máximo, se for bom, contratado para prestar serviço em sua área de especialidade por um período determinado de tempo.

Falta solidariedade nas igrejas. Se há gente que mal consegue cumprimentar o outro num momento de confraternização, como irá dar suporte (Col.3:13; Rm.12) a quem precisa? Como ajudará gente que anda com as nadadeiras arrebentadas pela vida a respirar e não morrer afogado?

O que não dizer da liderança? São poucos os que se dispõem a encarnar a dor do outro. São poucos os que se oferecem como advogados, defensores de um líder. Ainda mais quando esse líder se descobre com a nadadeira quebrada devido a poluição do mar onde nadava. Águas que não eram dele… mas que intoxicaram suas nadadeiras. É por isso que na liderança a maior experiência não é a da soliDariedade, mas sim da “soliTariedade”.

O triste é que a igreja evangélica no Brasil tem sido marcada e reconhecida pelas suas fobias e pelo seu discurso negativista. Somos o povo do contra. Somos o povo do medo. Mas não somos o povo da solidariedade… Seria tão bom se isso fosse diferente… Onde não há solidariedade, onde não se vive e mostra amor, não se encontra lastro nem respaldo para dizer o que se concorda e o que se condena. E aqui vemos claramente o eco da profecia paulina em I Cor.13:1: “Se não tivesse amor, de nada valeria”. É por isso que nossa opinião como evangélicos é relegada ao segundo plano. Também pudera: nós relegamos a vida para um segundo plano e colocamos a “doutrina” no primeiro (veja Marcos 2:27).

Há golfinhos que são deixados como mortos. São os que acabam sendo distanciados dos demais. Mas há golfinhos que já estão mortos, mesmo nadando entre os demais. E aqui somente falo em linguagem metafórica… Captou? “Grande é esse mistério”…

Quem sabe a saída para a igreja seja o mar? Pois se não aprendemos solidariedade com nosso semelhante e, pior, com o próprio povo de Deus, pelo menos ainda resta à esperança de a assimilarmos pela observação do exemplo de golfinhos, tais quais os que nadavam no mar da Coréia.

Pr.Sergio Dusilek

sdusilek@gmail.com

setembro 27, 2008

ADORAÇAO: Muito mais do que isso!

Filed under: 1 — sdusilek @ 4:16 pm

O que você pensa que é adorar? Para muitos adorar é participar de um louvor jovem ou mesmo do momento de cânticos de um culto. Para outros que se acham mais esclarecidos, adorar seria toda parte do culto que envolve um instrumento musical. Um prelúdio instrumental seria um bom exemplo, para estes de uma adoração.

Quero convidar você a ir mais além. Adoração não depende de instrumentos ou de música (conquanto muitos assim prefiram). Adoração se faz com a vida, com o coração. Por isso ela extrapola o ambiente do templo, de sua igreja e o espaço destinado ao louvor no culto. Adoração é muito mais do que isso. Quer ver um exemplo? Leia Lucas 7:36-50. Com base nesse texto vamos tirar algumas lições sobre adoração.

Jesus vai para a casa de um mestre fariseu. Talvez aquele homem ficasse impressionado pelos ensinos e pelas curas que viu ou ouvira que Jesus tinha feito. E nasceu então um desejo de proximidade com o Mestre. E naquela noite, o script da narrativa e da história foi mudado por causa de uma mulher que adorou a Jesus.  Quando há adoração os “script’s” são mudados. E aqui aprendemos uma coisa. Adorar não é conversar ou ouvir alguma Palavra de Jesus. Adorar é muito mais do que isso! Adorar é focar seu coração, sua atenção, sua alma e sua devoção em Jesus.

Foi isso o que aquela mulher fez. Focou em Jesus e não se preocupou com ninguém que estava a sua volta. E sabe como fazemos isso? Quando colocamos Jesus na frente dos nossos juízes. Jesus ficara entre ela e o fariseu, seu “promotor” de plantão. Naquele tempo, especialmente quando se tinha um visitante ilustre, era comum a porta da casa onde era feita a refeição ficar aberta para quem mais quisesse entrar para olhar o dono da casa e seus convidados comerem e conversarem. Aquela mulher não invadiu aquela casa, mas entrou como os demais. Só que ela se destacou por sua postura de adoradora. Ela não chamou a atenção para si como alguns gostam de fazer… Ela chamou atenção porque adorou com todo seu coração voltado e derramado diante do Senhor.

A expressão “pecadora” no verso 37 pode ser também traduzida como “prostituta”. Na cabeça do fariseu, como Jesus não sabia distinguir que tipo de mulher era aquela? E como assim mesmo ele deixava que ela o tocasse? Essa foi a postura arrogante daquele homem (v.39). Adorar não é ser arrogante avaliando as ações que Deus deve ter e dizendo quem as merece. Adorar é muito mais do que isso! Adorar é se portar com total humildade e quebrantamento perante Deus. Aquela mulher talvez tivesse sido quebrantada por uma mensagem ou por uma palavra de Jesus. E agora ela se derramava diante do Senhor. Seu quebrantamento era tamanho que ela limpou os pés de Jesus (v.38×44) com suas lágrimas e os enxugou com seus cabelos. Uma mulher jamais podia se permitir a um gesto desses. Isso era considerado um erro tão grave que abriria espaço para um divórcio, caso esse fosse o caso dela. Mas ela com aquele gesto reforçou quão humilde, pecadora e necessitada da Graça era. Ela estava dizendo literalmente que o gesto era indigno porque ela era indigna. Ah meu irmão! Se você quer ser justificado, se você quiser ter um momento especial de adoração ao Senhor, você precisa reconhecer que você é indigno. Aliás, Lucas 7 onde essa experiência está contida, é o capitulo da indignidade humana e da suprema Dignidade de Jesus Cristo. DIGNO É O CORDEIRO! (Ap.5)

Aquela mulher faz algo a mais. Ela não só chora (quebrantamento) e beija os pés de Jesus (reconhecimento formal e normal para quem era Mestre na época), como também unge os pés do Senhor com perfume. Adorar não é ser “cheirosinho”. Adorar é muito mais do que isso! O ungir os pés com perfume era um ato destinado ao rei. Quando aquela mulher unge os pés de Jesus com perfume ela adora o Senhor pela fé, assumindo-o como Rei. Preste atenção: é impossível adorar a Deus sem fé, porque é impossível agradar a Ele sem fé (Heb.11:6).

Por fim aquela mulher nos ensina que é possível ter um culto emotivo com razão, ou ainda um culto racional repleto de emoção. A emoção estava no ar, mas a racionalidade também. Se o culto for um frenesi emocional não há espaço para voto significativo, para decisões que precisam ser tomadas com seriedade. Daí porque muitos são tão “consagrados” num culto, mas tão mundanos quando ele acaba de terminar… Foi só emoção. Adorar é muito mais do que isso! Adorar implica em exaltar a Deus com a alma e com a vida, obedecendo-o a ponto de renunciar. E renúncia que funciona implica em decisão, em uso da racionalidade. Aquela mulher renunciou quando deu o perfume. Perfume era algo de valor em sua profissão (prostituição). Com aquele gesto de adoração ela estava dizendo que renunciava a sua vida pecaminosa. Quer saber se alguém adorou? Observe a transformação, a mudança de vida.

Aquela mulher também exaltou a Deus com a entrega do seu maior valor – o perfume.  Perfume nao era só algo que pertencia a uma espécie de profissao, mas naquela época era sobretudo algo muito caro. Uma verdadeira especiaria. Talvez aquele perfume até tenha sido o fruto de todo o seu trabalho… O que havia de melhor ela entregou em adoração. Adorar é dar o nosso melhor ao Senhor. Não é qualquer parte ou qualquer coisa. É o nosso melhor.

Sabe o que acontece quando adoramos como aquela mulher? Nós chamamos a atenção do Senhor para nós. O verso 44 fala de Jesus dando destaque a ela, numa casa onde havia muitas pessoas. Adorar não é ficar repetindo a postura dos demais; é muito mais do que isso. Adorar é trazer a atenção de Deus para nós (Ez.22:30). Adorar é mudar o script! Adorar é mudar a História!

Adorar com certeza é muito mais do que tudo isso!

Pr.Sergio Dusilek

sdusilek@gmail.com

setembro 25, 2008

SERÁ QUE VOCE ESTA PRONTO PARA A VERDADE?

Filed under: Estudos — sdusilek @ 1:13 am

SERÁ QUE VOCE ESTA PRONTO PARA A VERDADE?

Gen.32:27

Introdução;

Se você for um pouco observador (como eu aprendi a ser), vai reparar que o mundo está sendo cada vez mais privado da verdade. A verdade vem sofrendo um processo de cerceamento para que a mentira propague em profusão. Aliás, essa é uma área em que o Diabo tem investido pesado. Ele sabe que sua paternidade é dada pela mentira e não pelos demais pecados. Por isso não se assuste quando afirmo que o maior investimento hoje do Diabo é na afirmação da mentira como verdade. A própria figura do anticristo (veja II Tessalonicenses 2 e 3) representa um simulacro do Cristo. E todo o trabalho no tempo denominado apocalíptico será para vender a mentira (o anticristo) como verdade (o Cristo).

O Diabo investe não só na dimensão macro-espiritual, mas também tem atingido outras esferas de ação da vida. Já vi lideres denominacionais não saberem lidar com a verdade, com a transparência, preferindo assim, ainda que tacitamente a não exposição da verdade ou ainda a ilusão da mentira. Já vi pais não quererem encarar a realidade de seus filhos, talvez preferindo aquilo que chamo da “benção da ignorância” (mesmo sabendo que ela é perecível, que o prazo de validade dela é extremamente curto). Percebo também que muitos membros de igreja não querem ver as coisas que estão acontecendo, justamente porque não estão prontos para a verdade. Preferem ficar obtusos, escondidos debaixo de um discurso pragmático há ter de encarar os fatos como eles são.

Há pessoas que não conseguem encarar o que são. Nesse caso, o Diabo as ajuda a mentirem para si mesmas. Essa hipocrisia existencial é a pior que existe, uma vez que ela impede qualquer ação ou trabalho de correção vinda da parte de Deus. Não haverá mudança porque as pessoas não se conseguem se enxergar. E a confrontação aqui com o pecado tornar-se uma perda de tempo. Se uma pessoa não consegue se ver como mentirosa, como maledicente e outros, não há nada que você possa fazer por ela. No entanto, sempre haverá espaço para você jogar uma pérola para quem ainda não se percebeu como tal.

E quanto as amizades? Como tem sido difícil falar a verdade! Conheço inúmeros casos (e você também deve ter ciência de outros tantos) de pessoas que preferiram o silêncio para manter a “amizade” do que falar a verdade com seu próximo. Quanta besteira feita! Quantos casamentos que morreram antes de serem pactuados! Quanta dor que poderia ter sido evitada se um simples conselho fosse dado. Definitivamente Provérbios 27:5, 6 anda em desuso. Lealdade no texto é o fruto do cultivo da verdade num relacionamento.

É por essas e outras que, confesso, tenho ficado aborrecido com a propagação da mentira e com a ausência de engajamento pela verdade. Sim, porque se ainda existem pessoas que prezam a verdade, menor número é o daqueles que têm compromisso com ela. E se eu, que sou humano, falho estou assim, fico imaginando como não estaria o coração de Deus…

1) AS QUALIDADES DA VERDADE

Para ficar mais claro o que temos de falar sobre a verdade, gostaria de convidá-lo, caro leitor, a ter uma compreensão mais completa do que é a verdade. Para tanto, acompanhe abaixo quais são algumas (de uma lista não esgotável) qualidades da verdade.

1.1) A verdade é “magnética” – o que quero dizer aqui não é que ela precise de encantamento, mas sim reafirmar que a verdade exerce grande força de atração sobre o ser humano. Quem precisa de hipnose para propagar é a mentira. Mas somente a verdade exerce esse poder atrativo. Alguém que se expresse numa situação em publico como querendo dizer ou mesmo confessar a verdade acaba por receber toda a atenção de um grupo. Até mesmo para aqueles que padecem da mintomania (patologia que faz com que a pessoa minta e acredite na sua própria mentira) porque falam uma mentira acreditando que ela é verdade, acabam exercendo grande persuasão sobre o auditório que a ouve.

A força da verdade está na própria constituição do homem. Todo ser humano, em todos os tempos e em todos os lugares, sempre buscou e procurará a verdade. Por isso a atração começa não no ouvido, mas na alma.

1.2) A verdade é simples – um filósofo frances da Idade Moderna chamado Alexis de Tocqueville dizia “se você adicionar algo à verdade, no fundo a subtrairá.” A verdade, meu querido, não precisa de adornos. Ela se basta por si só.

1.3) A verdade não precisa de aliados – Epicteto (filosofo grego) já dizia que “a verdade vence sempre sozinha, mas a mentira precisa de um cúmplice”. Quando se fala a verdade, ninguém evoca uma testemunha no início. Mas para mentir… Sempre há alguém perto sendo apresentado como “garantia” da versão que vem sendo apresentada.

Fato é que a verdade não precisa de aliados. Mas onde houver mentira, sempre haverá cúmplices.

1.4) A verdade é libertadora – Jesus mesmo já dizia isso em Joao 8:32. Quantas vidas não estão debaixo de amarras, presas por causa das “cordas da mentira”? Talvez a melhor figura que ilustre essa situação seja a do Reverendo Samuel Kamaleson que num congresso da Visão Mundial em Manaus, após dar um passeio a tarde pela floresta, comparou a vida de muitas igrejas e crentes com a das árvores da floresta amazônica: amarradas por vários cipós.

Há vidas que estão amarradas por vários “cipós da mentira”, visto que uma mentira sempre vem acompanhada de outra. E enquanto não se optar por cortar essas amarras e viver a verdade e em verdade, continuarão tendo uma vida cristã medíocre. A verdade de Deus para nós é de uma vida plena, em abundância. Mas para que tal aconteça você precisa optar pela verdade, afim de que as cordas infernais da mentira sejam cortadas e banidas da sua vida.

1.5) Outra qualidade da verdade é que ela é o único meio para construção de relacionamentos sadios e saudáveis. Sabe por que muitos (não todos) relacionamentos desmoronam? É porque eles edificados sobre a areia da mentira, ou mesmo sobre farelos ou fragmentos pequenos da verdade. Um dia o peso do edifício não agüenta e rui caindo com tudo. Sem verdade não há como evitar uma tragédia.

Paulo mesmo em I Cor. 13:6 já dizia que o amor se alegra com a verdade. Não há amor na mentira. No máximo pode haver uma conveniência.

1.6) A verdade é sincera – a palavra grega para verdade aletê traz consigo a noção de sinceridade. Não pode haver verdade onde não houver sinceridade, assim como é impossível que haja sinceridade onde não reine a verdade. A idéia de sinceridade remonta dos períodos bíblicos em que comerciantes que vendiam vasos, quando algum apresentava alguma falha, essa era coberta pela cera. Daí tais vasos eram expostos e um comprador mais desavisado podia adquirir um vaso com defeito, caso não o olhasse contra o sol. Sim, porque o sol revelava os defeitos/ceras do vaso. Vaso bom era “sem cera”, isto é, sincero.

1.7) A verdade gera fidelidade – engraçado que quando pensamos em infidelidade a primeira idéia que surge na cabeça de muitos seja a da traição no casamento. Mas ela é um bom exemplo para entendermos essa qualidade. Relacionamentos que sofrem traição são carentes da verdade. Traições são infladas e inflacionadas pela mentira. Por isso que antes de haver uma infidelidade conjugal, já aconteceu uma mentira.

A verdade por sua vez gera fidelidade. Alguém que é verdadeiro (Fil.4:8-9), ou seja, que é amante da verdade, mesmo que encontrado em situação controversa, receberá o crédito da sua fala pela sua conduta.

1.8) A verdade é fonte de toda doutrina – a começar em Jesus (personificação da verdade), todo bom ensino que é necessário para nosso crescimento espiritual começa com a verdade. Acreditar no que se quer e deixar-se convencer por mitos inventados pelos homens, atrapalha o caminhar da fé de muitos. Doutrina que não emerge da verdade não é vergalhão da fé, mas palha para ser queimada no fogo! (2 Timóteo 4:3-5).

Olhando para algumas das principais qualidades da verdade, quero convidá-lo a se auto-avaliar e verificar honestamente se a sua vida exala essas qualidades, se você realmente é um amante da verdade. Você está pronto para a verdade?

2) A IMPORTÂNCIA DA VERDADE

Analisa as qualidades da verdade, vamos compreender um pouco a importância da verdade. Tem muita gente que acha que falar sobre a verdade, estudar sobre ela, e mesmo ter o compromisso de dizê-la seja em que tempo for, é uma excrescência anacrônica, isto é, fora do tempo.

Contudo a Bíblia na outorga a verdade um plano secundário. Ela não a terceiriza nem a escanteia. Na Palavra de Deus encontramos pilares da fé atrelados ao conceito de verdade. Senão vejamos:

a) A Bíblia afirma que a Palavra de Deus é a Palavra da VERDADE (Jo.17:17);

b) Também deixa claro que o Espírito Santo é o Espírito da VERDADE (Jo.14:17);

c) O Evangelho é a VERDADE (Gal.2:5; 5:7);

d) Jesus habitou entre nós cheio de “Graça e de VERDADE” (Jo.1:14);

Todos esses textos levam-nos a considerar que o meio da operação divina é a VERDADE. Deus não opera onde há mentira. Deus não se manifesta no meio da mentira para corroborá-la. Lembra-se de Balaão? A aparição do anjo se deu para que o profeta parasse de ser agente da mentira.

Jesus é a personificação da verdade (Jo.14:6). Isso quer dizer que toda busca do ser humano termina em Jesus. Toda procura acaba quando encontramos aquilo que buscávamos. Jesus não é uma indagação, mas é a resposta. Ele não é uma alternativa, mas é o caminho. É por isso que a procura termina quando encontramos Jesus, assim como a procura terminou para o pastor que perdeu uma ovelha e para a mulher que perdeu uma dracma (Lucas 15) quando eles acharam o que buscavam.

Só pode haver Graça aonde abunda a verdade. No lugar onde há lei reina, o que se propaga é a mentira. Não era assim que acontecia com os fariseus? Num de seus discursos mais duros preservado em Joao 8, Jesus afirma para os religiosos da época, os fariseus, que eles eram filhos do Diabo (v.44-45), pois não reconheciam a verdade e queriam perpetuar um sistema que naquele tempo já não estava mais calcado na Palavra, mas sim em preceitos, interpretações e tradições.

Onde a Lei reina há uma tentativa de auto-justificação que nos conduz para a via da mentira. O medo da punição leva-nos a vivermos na mentira. E isso gera culpa que faz com que mintamos para nós mesmos. Como dizia o Reverendo Kamaleson, cada vez mais amarrados por essas cordas que nos prendem ao chão e nos impedem de chegarmos aos céus.

No caminho da Graça há perdão. Lembra-se do encontro de Jesus com uma mulher adúltera (Joao 8:1-11)? A lei exigia a sua condenação, mas a doce, sublime e maravilhosa Graça de Jesus conferia aquela mulher o perdão. Sua verdade estava completamente exposta diante daquele que é a VERDADE. Seus acusadores foram confrontados pelas suas verdades em particular. Mas porque somente ela ficou, somente ela recebeu Graça! A verdade provoca a ferida que vai extirpar o mal. A Graça é o bálsamo que Deus derrama para a cicatrização!

A importância da verdade é expressa também pelo apostolo Paulo (II Cor.13:8 e Ef.4:25). O apóstolo defende uma fala verdadeira. Não dá para mentir para seu próximo assim como não dá para mentir sobre seu próximo. Igrejas e famílias são destroçadas porque alguém que é parte integrante desse corpo sócio-espiritual acaba sendo propagador da mentira. Tenho aprendido com a vida que a “verdade nem sempre poderá ser achada entre os persuasivos, mas sempre poderá ser encontrada com os íntegros”.

A verdade deve ser um dos primeiros valores do Reino a serem vividos por nós. E quando nós fazemos isso, o Deus de paz nos confere paz e se faz presente com a Sua paz na nossa vida.

Você está pronto para a verdade?

3) A VERDADE DE QUEM SOMOS

Sem dúvida alguma essa é a parte da verdade que menos gostamos. Isso porque normalmente gostamos de pensar que somos aquilo que nosso comportamento e que a realidade desmentem. A grande questão aqui é: você é verdadeiro consigo mesmo?

Chamo agora sua atenção para Jacó. Jacó, cujo nome quer dizer suplantador, trapaceiro, mentiroso, era alguém cuja circunstância de vida o ensinou que para viver ele devia trapacear. Para ele era impossível ter uma vida digna sem que houvesse algum tipo e nível de mentira. Para que se tenha uma idéia, da última vez que perguntaram o nome dele Jacó respondera ao seu pai (Gen.27:19) que era Esaú. Não era só uma mentira social, ou mesmo circunstancial que tomara conta da vida de Jacó. Era uma mentira existencial. Toda a sua vida era uma farsa.

Por isso aquela noite no vau de Jaboque foi tão difícil. Confrontar-se com o que você é sempre muito custoso. E Deus precisava tratar de Jacó. Precisava fazê-lo entender que é impossível andar com o Senhor falando mentira, assim como é impossível viver os valores do Reino de Deus sendo mentiroso.

Deus precisava mudar Jacó. Mas ele sempre “correu” do toque do Senhor. Mas naquela noite, sozinho, era a hora desse toque. Deus queria mudar a forma de Jacó andar. Não cabe ao servo do Senhor viver correndo. Não convém a um filho de Deus viver uma mentira. O toque do Senhor mudou o andar dele. Mudou sua forma de ser e ver a vida. E com certeza doeu.

Você está pronto para a verdade?

CONCLUSAO

Há três alternativas para cada um de nós diante dessa abordagem divina:

a) Ou continuamos do mesmo jeito, fazendo da mentira uma opção de vida e alguns construindo a própria vida numa farsa. Mas para quem se mantiver assim você continuará a dar brecha para o Diabo agir em sua vida;

b) Ou você que é verdadeiro renova seu pacto de continuar a lutar e viver a verdade custe o que custar;

c) Ou você vai após esse estudo deixar Deus tocar em você a ponto até de doer, de mancar, para mudar o seu andar. Mas para você que deixa Deus tocar, há uma verdade gloriosa e singular: o toque do Senhor revela quem Ele é. Por isso você poderá dizer Peniel – vi o Senhor face a face, assim como fez Israel!

Afinal, você estava realmente pronto para a verdade?

Pr.Sergio Dusilek // sdusilek@gmail.com

[esta mensagem foi proferida no 33º Interleste – PIB Penha-SP/SP em 15/07/2008]

setembro 15, 2008

O FIM DO DESERTO – A PRESENÇA

Filed under: Estudos — sdusilek @ 11:42 pm

Depois de algumas semanas, estou finalizando essa série de artigos sobre o Deserto. Sei que não abordei todos os temas, mesmo porque tinha listado até mais alguns. Mas após ouvir o Utahy (sábio redator do OJB) concordei que seria melhor terminar a série. Eu até ousaria dizer que já começo a ouvir os comentários “Ufa! Até que enfim!”. Mas sei que o deserto tem sido um tempo de reflexão e que Deus tem usado esse tempo para meu crescimento e também para de alguma forma, abençoar a outros que estão passando por experiências similares. Não é a toa que Romanos 8:28 foi escrito.

Fui para o deserto por um convite de Deus (Ele me chamou) e por conta de uma circunstância ministerial que me fez deixar o pastorado que exercia. A circunstância foi só o amplificador que Deus usou para deixar clara a Sua vontade. Por essa razão seria natural que voce pense que na hora em que escrevo esse e-mail, eu esteja empossado ou tomando posse num ministério de uma igreja batista. Ou pelo menos que só falte uma decisão praticamente certa de uma assembléia para que isso aconteça. Na verdade, nenhuma dessas coisas está acontecendo.

Mas sabe por que? Porque o fim do deserto nem vem pelo preenchimento de expectativas, nem por colocação ministerial, mas sim pela consciência de uma presença – a do Senhor Jesus Cristo.

Jesus nos leva ao deserto para avivar ainda mais em nós a consciência de Sua presença. Não só em termos racionais, mas sobretudo emocionais. O deserto é o melhor laboratório que Deus tem para tratar nosso coração. Para dizer que nada mais importa há não ser Jesus.

A presença do mestre foi suficiente para os discípulos no caminho a Emaus (Lc.24). Foi Jesus quem acalmou (por conta do luto e chateação pela morte de Jesus) e abrasou (aquecendo o coração deles com a Palavra) o coração deles.

A certeza da presença de Deus foi suficiente para que Jacó tomasse novo fôlego na sua caminhada fugidia de casa (Gn.32). Foi também essa consciência da presença que fez José suportar toda a injustiça e humilhação que se abateu sobre sua vida. Foi por causa da consciência dessa conexão com o Senhor, que Daniel não abriu mão da sua adoração ao Senhor.

Foi pela presença do Senhor que Moisés ganhava fôlego diário para liderar e motivar o povo no deserto. Guiar já é difícil; pior ainda é motivar um povo a fazer algo estando ele no deserto. Isso só com a presença da Nuvem de dia e da coluna de fogo a noite. Só com a Glória do Senhor enchendo o tabernáculo e convidando Moises para entrar a fim de ter comunhão e direção do Senhor.

Davi foi abençoado pela presença num dos momentos mais difíceis de sua vida, quando os amalequitas atacam Ziclague, a destroem e ainda saqueiam a cidade (I Samuel 30). Quando ele e seus homens viram aquilo, houve dor e amargura. E o escape davídico foi o se fortalecer, o se agarrar no Senhor (v.6). Isso mostra a consciência da presença de Deus que ele tinha.

A presença de Jesus é o fim do deserto porque Ele é o Alfa e o Ômega. Inclusive do deserto. É ele quem vai dizer quando o deserto da desocupação vai acabar. É ele quem vai estabelecer até onde um ministério deve ir. É verdade que ministérios há que se mantêm por manipulação litúrgica, tal qual Saul. Mas um dia até para esses O Senhor providenciará a consecução do fim. No final das contas, é Jesus quem dá o fim das coisas, assim como decretará o fim da História.

Rompa com o aguilhão do deserto, vivendo e curtindo cada momento com Jesus. Saiba que essa tribulação (Romanos 5) produzirá perseverança e ela redundará no aumento da esperança, pela contemplação da presença de Deus em nós, ou no dizer paulino: “do Espírito que nos foi dado”.

Aprenda a focar sua atenção na Presença e não na ausência. E deixe Deus guiar e acompanhar voce nessa travessia. Porque Canaã está mais ali a frente…

Pr.Sergio Dusilek

sdusilek@gmail.com

setembro 10, 2008

FALTA DE TEMPO E PERDA DA HUMANIDADE

Filed under: Teologia — sdusilek @ 11:18 am

O primeiro grandioso projeto de Deus para a sua Criação foi a humanidade. Aquilo que as Escrituras definem como coroa da criação, nós seres humanos, e o projeto de ser perfeitamente e completamente humano.

Conquanto o ideal fosse excelente, o ser humano começou a rasgá-lo com a tentação de ser Deus. Para Adão e Eva não bastava ser humano. Era preciso “galgar um posto mais alto”, o de ser uma divindade. E justamente por isso é que o homem encontra-se ainda hoje como um ser a procura de si mesmo (lembra da pergunta de Deus Gên.3:9 – Onde estás?). O homem, o primeiro Adão (I Cor.15:45) aniquilou o sonho e o plano divino para o ser humano: a vivência da humanidade.

Justamente a falta de tempo crônica, em dias tão corridos como os nossos é que se constitue como um dos fatores para a perpetuação dessa desumanidade. As pessoas não se relacionam, não buscam se conhecer. O contato tornou-se mecânico. A vida, uma rotina tal, que mais parece que nos colocaram na esteira de uma linha de produção. Na verdade, não possuímos muitas diferenças para uma montadora de carros. Vivemos de tal modo mecânico que seja no trabalho, no estudo, ou mesmo na família, estamos sempre recebendo algum tipo de “aperto”, ou uma “mãozinha de tinta”, quando não um “motor/estímulo” para podermos continuar nossa viciosa jornada da ausência de tempo.

A tentação mudou, mas o foco continua o mesmo. O convite é para que nos tornemos “máquinas”, isto é, com cada vez menos humanidade. Aliás, não seria esta a explicação cultural/racional para a violência, que desumaniza a dor alheia quando o latrocínio vira mera estatística?

A falta de tempo retira de nós a possibilidade de sermos humanos. Isso porque pouco ou nenhum tempo passamos a dedicar para nosso contato com Deus. E precisamos conversar com Ele. Gastarmos tempo com Jesus, não pela busca do “poder” espiritual (o que seria uma maquinização da devocional), mas para o conhecermos melhor e automaticamente vivermos nossa humanidade. Sim, porque para ser humano é preciso ter sempre em mente o referencial de Quem é DIVINO.

Essa verdade aplica-se em especial a liderança. Os líderes são naturalmente expostos, ganhando certa coloração pública. Muitas vezes sonhos e frustrações das pessoas são projetadas no líder. Líder que perde o contato com Deus tem maiores chances de acreditar no mito que as pessoas estão construindo com sua imagem. Começa aí o caminho da soberba, da “divinização” do líder, e também de sua queda. Nenhum ser humano aguenta por muito tempo viver como “deus”[1]. Em algum momento de sua trajetória sua humanidade dará um grito e esse “totem” criado irá ruir.

A falta de tempo para ser humano, para “trabalhar menos, ver o sol se pôr” (como diria um poeta popular), para se embevecer com a natureza, também prejudica o ideal divino para nós, pois a Criação é o espaço para a vivência da humanidade. Ora, não é a natureza concretada das florestas de prédios urbanos que refletem essa harmonia inicial projetada por Deus e que tanto nos faz falta. Precisamos retomar a apreciação o cuidado e o zêlo pela natureza. Isso nos torna mais humanos e, portanto, melhores diante de Deus.

Por fim, não podemos admitir que haja falta de tempo para a convivência, para o papo descontraído, para o contato com o próximo. A vivência de dilemas comuns, de dores e alegrias que se estendem a toda a humanidade, numa perspectiva de interação, de ajuda do outro e de ser também ajudado pelo outro, nos torna mais humanos. Quem não se emocionou ao ver o filme que retrata parte da história de vida do Dr.Patch Adams, e seu cuidado com os pacientes? A medicina tem redescoberto o poder terapêutico do contato humano. Isso porque nosso semelhante ajuda-nos a definir os parâmetros de nossa humanidade. A convivência social tira de nós a “esquisitice sansônica”(Jz.13-16). Mas para isso é preciso ter tempo. Tempo para ouvir e para falar. Tempo para sair e conversar. Tempo para sentir a dor do outro e se emocionar.

A perda da humanidade é algo tão sério para Deus que a vinda de Jesus teve como um dos seus objetivos, dentro da teologia paulina, resgatá-la, sendo um exemplo do que Deus queria que fosse o homem (I Cor.15:42-58; Rm.5:12-21). Olhe para a vida de Jesus nos Evangelhos. Veja como ele confere tempo ao Pai (em suas constantes retiradas aos montes da Palestina para orar e refletir), tempo a criação (muito presente em suas parábolas e ensinos) e tempo as pessoas (desde as menores crianças até os mais idosos; com doenças, ou não).

Não deixe esse ano terminar sem que você seja mais humano. Que você, olhando para o exemplo de Jesus, dê tempo àquilo que lhe torna mais encaixado com o projeto de Deus para a humanidade, a saber: ao próprio Senhor, às pessoas e à natureza que nos cerca.

Pr.Sergio Dusilek


[1]Não é interessante notar a facilidade com que o meio evangélico constrói mitos, e produz ídolos mentais? Esses grandes líderes são instados a viver como deus. Senão vejamos: precisam estar constantemente viajando para atender a diversos compromissos (sua onipresença); saber abordar todo e qualquer assunto (sua onisciência) e ter o poder para curar e resolver todo tipo de problema e de mal existente (sua onipotência).

setembro 8, 2008

OS SENTIMENTOS DO DESERTO (4) – ILUSÃO

Filed under: Estudos — sdusilek @ 4:31 pm

Um dos mais fantásticos fenômenos do deserto é a miragem. A miragem nada mais é que uma ilusão muito bem acabada e que, por isso, tem jeito de realidade. Para alguém exausto e muitas vezes com sua provisão acabando, fica fácil entender porque muitas vezes o ser humano se ilude.

Num mundo que privilegia a imagem e no qual seus jovens, como bem dizia Os Guiness, “pensam com os olhos”, o que não falta é miragem. Miragem relacional, miragem profissional, miragem social, miragem política, miragem sentimental, e eu diria ainda miragem eclesial e até mesmo pastoral. Quantos não passam tempo se iludindo e sendo iludidos para depois entrarem no universo da profunda decepção!

Só para ficar num exemplo recente, confesso que fiquei abatido e desiludido quando soube da morte do Senador Jefferson Peres. Parece que a coerência e integridade que aquele senador tão bem encarnou, se tornam hoje, mais do que nunca, raras no Congresso Nacional. As vezes penso que entrar no Congresso e procurar firmeza moral é como ir ao Saara buscando uma cachoeira para nadar… é praticamente uma miragem!

Julgo que o caso de Davi com Nabal (I Sm.25) tratou-se de uma miragem. Davi estava no deserto (v.4) e soube que ali havia um homem que tinha suas provisões e que bem poderia compartilhá-las. Mas aquele homem era duro de coração e isso transformou a idéia davídica numa ilusão.

Com certeza Nabal agiu assim por conta da perseguição de Saul a Davi (I Sm.23). A perseguição se dera no deserto de Maom (v.25). Nabal era um homem que vivia em Maom (25:2). Ele certamente ouvira da perseguição (25:10) a ponto de mencioná-la em sua resposta. É triste perceber que a perseguição muitas vezes se estende do palácio ao deserto. E pior é saber que tem gente no deserto que apóia esse tipo de ato, aos quais a Bíblia chama de “maligno em suas ações” e de “filho de Belial”(25:3b,17).

A parte difícil da ilusão é a dura realidade que ela representa depois. Não poucos ficam revoltados quando desiludidos. E Davi, como gente que era, também assim ficou. Pegou parte do seu exército e foi para o que seria um carnificínio (25:13). Foi nessa hora que Deus abriu um OASIS para o Seu servo. Nessas horas em que estamos cheios de razão mas vazios da Razão (da sensatez, do equilíbrio) é que Deus abre Oasis para abastecer a nossa vida.

Julgo que Abigail, não a pessoa em si, mas seu gesto e maturidade foram um verdadeiro Oasis para Davi. Ela com toda a sabedoria evitou um massacre ao ouvir o testemunho dos servos do seu marido (25:14-17), ao atender o desejo de Davi e seus homens por provisão (25:18-21), ao se humilhar perante Davi (25:-23-27), e permitiu que a justiça divina alcançasse aquele filho de Belial (era assim chamado porque seu coração era tão duro que ele não ouvia a ninguém – 25:38).

Oasis é diferente da miragem. Ambos são ótimos de se ver, mas somente um é concreto. Somente um deles poderá ser desfrutado. O outro não passa de uma idealização ou mesmo de uma alucinação. Oasis é pra quem entregou os pontos, pra quem se cansou de miragens, conquanto ainda busque incessantemente a comunhão com a fonte da Vida chamada Jesus (Joao 4:14). Oasis é o que Deus aponta quando chegamos ao nosso limite. Não foi assim com Agar no deserto (Gen.21:15-19)? E não foi assim com o povo na travessia do deserto, quando Deus apontou para eles ELIM (Êxodo 15:27)?

Deus tem tudo haver com Oasis. Em Deus e com Ele há fartura de provisão. A vida com Deus não é uma ilusão, mas a construção de uma realidade. Realidade esta primeiramente espiritual, mas nem por isso menos concreta. O Oasis flui com naturalidade e profusão, assim como todas as coisas que vem do Senhor. É surpreendente e é espetacular.

O Diabo, por sua vez, tem tudo haver com a miragem. Toda ação demoníaca envolve algum tipo de ilusão. A forma como a tentação é trazida e apresentada a cada um de nós se faz pelos processos ilusórios, os quais escondem a dura realidade que está por detrás de cada convite ao pecado. De fato, se víssemos a realidade ao invés da ilusão, talvez fosse mais difícil para o ser humano dar vazão ao pecado.

Se o Diabo tem seus filhos de Belial como Nabal para criar miragens e atormentar os santos, Deus tem sua “Abigail”, seus Oasis que ele mostra a nós quando atravessamos momentos críticos do deserto.

Vale à pena servir ao Senhor de todo o coração. Vale a pena buscar ser correto e coerente. Ele conhece os endereços dos OASIS!

Pr.Sergio Dusilek

sdusilek@gmail.com

setembro 7, 2008

O QUE AS PESSOAS TÊM BUSCADO NAS IGREJAS?

Filed under: Liderança — sdusilek @ 12:28 am

Vimos num artigo anterior que o medo do mal, entendido como uma força mística, poderosa e contagiosa, tem sido a motivação primeira que tem levado muitas pessoas a freqüentarem uma igreja evangélica, numa clara tentativa de busca de proteção. Por isso não raro perceber que o culto virou sessão, a adoração se transformou em “passe” e a pregação da palavra em programação neuro-linguistica. Como dissemos, tais observáveis fatos são uma resposta mercadológica que muitas igrejas dão a esse fator agregador externo que é o pavor do mal.

Nesse pequeno artigo queremos agora convidá-lo a pensar numa motivação interna. Quando uma pessoa se dirige a um culto evangélico, o que normalmente tem levado esse novo freqüentador àquele templo?

Estou lendo um instigante livro. Toxic Faith de Stephen Arterburn e Jack Felton. Nele os autores reconhecem em um criterioso estudo de que muitas vezes a igreja ao invés de produzir saúde, promove doença. E falando em termos médicos, normalmente as doenças oportunistas atacam em organismos debilitados. Nesse sentido uma igreja sem saúde propaga sua doença porque seus freqüentadores estão debilitados. E essa debilidade pode ser traduzida, por sua vez, na errônea motivação que leva uma pessoa (muitas das vezes) a buscar um determinado tipo de igreja evangélica. Já nem ouso falar mais em denominação, mas em tipo, porque as identificações hoje são mais visíveis pela linha teológica que adotam do que pela denominação a que pertencem.

Arterburn e Felton falam de dois doentios fatores que têm levado muitos a alguns tipos de igreja: a) busca do merecimento do favor divino e; b) busca de promessas de uma vida mais fácil.

O primeiro quadro favorável a doença trata-se de uma nova roupagem do movimento judaizante que tanto atrapalhou o início da Igreja Cristã (uma boa forma de perceber isso seria ler Gálatas). Para igrejas desse tipo, o cristianismo é vivido sob o jugo de uma lei com nuances psicóticas. E a busca por viver um código comportamental rígido mas externo tem sido a síntese da vida de muitos crentes. De uma hora para outra um perfil psicológico e patológico que gera a dependência de um cabresto para viver (gente que não sabe viver com liberdade) abre espaço para uma “teologia do sacrifício insano”. Insano porque nada do que é feito é pedido por Jesus em Sua Palavra. Por isso que ao invés do povo ficar cada vez mais parecido com Cristo, acaba ficando cada vez mais com a cara do líder “pinel” que o conduz.

Pessoas que vão a igreja para se mostrarem dignas do favor divino saem sem justificação. Não há dignidade no homem. É isso que Lucas 7 mostra ao longo de todo o capítulo. Digno somente o Cordeiro (Ap.5) e Ele, pela sua obra salvífica, dignifica por sua vez, todos aqueles que nele crêem. A dignidade está nele (JESUS) e vem dele para nós. Qualquer coisa diferente disso é anular a Graça e inalar uma fé tóxica para a vida, o que vai gerar em algum momento doença emocional e espiritual.

O segundo quadro abrange a grande maioria. As pessoas estão sofrendo cada vez mais fruto de uma sociedade e humanidade completamente doentes. Mas ao invés de procurarem a cura, acabam se inclinando aos “atalhos”. E eles invariavelmente produzem mais dor. Por isso que pessoas com dificuldades financeiras têm procurado soluções miraculosas na igreja. Assim como outros tantos procuram curas e promessas de que sua vida vai invariavelmente melhorar. O que eles têm encontrado, em sua grande maioria? Decepção.

Não é a toa que a profecia de Darci Dusilek vem se cumprindo. Cresce o número de “flagelados da fé”. Gente que tem Deus em sua vida, mas que vive a igreja na dimensão do expurgo. É provável que em algum momento os institutos de pesquisa, a fim de produzirem um levantamento mais completo, tenham que abrir uma nova classificação para os “pós-igreja”.

A Bíblia nunca falou de vida fácil. Jesus nunca prometeu “aliviar” para ninguém. Por isso que as grandes e doces promessas bíblicas estão linkadas a tremendos mandamentos! O próprio autor de Eclesiastes já percebia que os fenômenos da natureza (o sol, a chuva) ocorrem sobre justos e injustos. Não há facilidades, pois a porta do Evangelho é estreita e o caminho do discipulado, conquanto seja único, é doloroso. Afinal, cada um de nós tem que percorrer a sua via crucis, visto cada um ter de levar a sua cruz.

Mas o pior para as pessoas que buscam promessas fáceis, ou que vêem a igreja como um lugar de auto-afirmação, na esperança de encontrar a dignidade e a auto-estima perdidas não é o que elas encontram (frustração, decepção, dor, controle da sua vida pessoal pelo seu líder, etc.). O pior continua sendo o que elas deixam de encontrar: um relacionamento profundo, sadio, único e abençoador com Deus.

Pr.Sergio Dusilek

sdusilek@gmail.com

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