Novos Caminhos, Velhos Trilhos

outubro 30, 2020

A HISTÓRIA POR TRÁS DE UMA RECOMENDAÇÃO.

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 12:14 pm

Depois de alguns anos fora da CBB e assustado pelos rumos estranhos que ela, ao meu ver, vinha tomando, resolvi voltar a frequentar seu ambiente em 2018. Uma vez em Poços de Caldas-MG, fui para a Câmara Setorial de Educação Teológica. Lá fiz duas propostas que se transformaram em recomendações para o Seminário do Sul pelo plenário da Assembleia da CBB ali reunido. Esse post é para falar sobre a segunda recomendação, se não estou enganado na ordem.

Sendo assim:

  1. Na Câmara Setorial de Educação Teológica reunida em Poços de Caldas-MG, ao ouvir da direção do Seminário o objetivo de implementar uma pós-graduação stricto-sensu no Seminário, bem como veicular essa possibilidade ao reconhecimento da graduação, pedi a palavra e, além de reconhecer o valor do objetivo apresentado, disse que a nota da graduação não tinha nada a ver com o pleito da Pós. São processos diferentes, distintos. Nesse sentido e colaborando com a direção, mesmo sem ela saber disso, propus uma recomendação que o Seminário estabelecesse uma expectativa de produção acadêmica mínima esperada do seu corpo docente, levando-se em conta o regime de contratação de cada professor (DE, 20hs/aula, horista), pois a produção qualificada do corpo docente é um dos critérios para avaliação na hora de implementar um Curso de Mestrado reconhecido.
  2. Bom, as duas recomendações foram desfiguradas em sua redação. O registro delas ficou bem diferente da proposta, o que reputo a um eventual cochilo do secretário (quem nunca?). Essa descoberta se deu no plenário, por ocasião da apresentação do relatório da Câmara.
  3. Ao perceber isso pedi a palavra ao presidente que não estava numa semana muito boa (talvez uma crise de vesícula). Pedi gentilmente a ele a licença para me dirigir ao Presidente da Câmara que apresentava o relatório. Ele rispidamente, mais uma vez, falou que tinha que ser a mesa. Fiz minhas ponderações as quais ele repassou (!!!) na mesma hora para o Presidente da Câmara responder, o qual deu total razão ao que disse.
  4. Então, mais uma vez grosseiramente ele dirigiu a palavra a mim, perguntando qual seria a redação certa. Eu sugeri. O plenário aquiesceu votando.
  5. Um parêntesis: conquanto não fosse só comigo a indisposição presidencial para com este mensageiro convencional tinha uma razão de ser: eu havia colocado uma pressão para que um colega pastor, que prestara serviços à antiga Juerp, recebesse o que lhe era de direito. Disse ao presidente que a injustiça obstaculava o “fluir” de Deus.
  6. Ano seguinte, na Assembleia de Natal, o Seminário apresenta seu relatório sem atender as duas recomendações. Peço novamente a palavra na câmara setorial, registro o acontecido e ao invés de criar caso, faço uma proposta pacífica: que o Seminário traga, então, na próxima convenção o atendimento das recomendações de Poços de Caldas (ano anterior).
  7. Uma vez em Goiânia, vejo que o Seminário estampa nos seu relatório parte do Currículo Lattes de alguns professores (não todos), com a produção deles. Dali, somente um professor que aparece na estatística de produção, mas não é relacionado como professor da casa no mesmo relatório, tinha produção qualificada (aliás, muito boa por sinal). Os demais com produção insuficiente ou mesmo irrisória (professor apresentando como produção acadêmica publicação de estudos em revistas da denominação…).
  8. Perceba: não foi essa a recomendação. A recomendação não era para estampar a produção acadêmica dos professores, mas sim para que o Seminário, que visava ter um Mestrado em Teologia reconhecido, estampasse a expectativa mínima de produção acadêmica qualificada esperada do seu corpo docente, visando obter esse reconhecimento futuro.
  9. Sendo assim, pedi a palavra (tanto em Poços, quanto em Goiânia, avisei aos respectivos presidentes da Câmara, antes delas iniciarem, que possivelmente pediria a palavra), para indagar à direção do Seminário, SE ela ainda objetivava ter o mestrado reconhecido.
  10. Ao ouvir a resposta afirmativa, lembrei da recomendação outrora feita e não atendida, reencaminhando a proposta.
  11. Nessa hora, um ex-presidente da CBB, o mesmo que estava nervoso em Poços de Caldas, levanta com o relatório do Seminário aberto em suas mãos e diz: “-Está aqui ó! Páginas tais e tais! O Seminário já atendeu o pedido”. E pede para votar contra.
  12. Logicamente, mesmo pasmo (cuja perplexidade foi compartilhada por uma professora de pós em Universidade Pública, ali presente), a palavra de um ex-presidente cuja participação em tal câmara não é usual, carreou toda uma gama de votos para derrubar a proposta que visava ajudar o STBSB a atingir seu declarado objetivo.
  13. Acabada a Câmara, fui “tirar a teima” com esse irmão, que ostenta um doutorado no currículo. Eu o vi com outras pessoas e depois o perdi de vista. Ao desistir da procura, quando estava indo embora, vi ele com sua querida esposa ao lado da porta de fora esperando sua condução. Perguntei se podia falar com ele rapidamente, ao que ele gentilmente aquiesceu.
  14. Fiz então uma pergunta (lembra, a premissa era, como um pastor inteligente e bem formado como ele pode falar um absurdo daquele?): – pastor, o senhor não sabe que para ter um Mestrado reconhecido pela CAPES, é preciso que o corpo docente tenha produção qualificada? E que aquele relatório apresentado pelo Seminário não atendia à recomendação anterior? Eu precisava tirar a prova dos “9”, saber de fato se era desconhecimento de causa na fala ou se era outra coisa. Infelizmente era outra coisa.
  15. A resposta que tive foi a pior: “-Sergio, você está certo, mas agora não é hora disso. O Seminário estava na UTI morrendo e agora precisamos ajudá-lo na sua recuperação.” Olha, pior é que eu tinha um apreço, uma admiração tão grande por esse pastor…
  16. A conversa terminou ali, final de tarde do segundo dia. Um final de conversa e de tarde muito, mas muito triste. Uma coisa é você discordar do outro; outra coisa é isso que aconteceu.
  17. FIM desta história.

E aí, caro leitor, o que lhe parece essa história? Como você a classificaria? E mais: vc acha possível que alguém enfurnado no meio acadêmico consiga confundir, na hora de prestar um relatório, a expectativa mínima de produção acadêmica com um “copia e cola” do Lattes para o relatório? O que lhe parece isso tudo? Registre seu comentário, caso queira.

Pr. Sergio Dusilek – sdusilek@gmail.com

outubro 29, 2020

A HISTÓRIA POR TRÁS DE UM REQUERIMENTO.

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 12:16 pm

Na última Assembleia da Convenção Batista Brasileira, apresentei um requerimento de desagravo em nome do Ministério Pastoral da Igreja Batista Marapendi, em virtude do desrespeitoso desconvite feito a um membro de nossa Igreja, o Pr. Marco Davi Oliveira, que comporia uma mesa sobre racismo no Congresso Despertar 2019, promovido pela Juventude Batista Brasileira (JBB) na Igreja Batista Atitude, em Julho daquele ano. Eis a história do requerimento:

  1. Em algum momento de 2019, Pr. Marco Davi foi contatado pela liderança da JBB para participar desse painel. Pelo número de inscritos, pela temática sobre racismo, pela igreja onde seria realizado o congresso, digo a você que se desse 40 pessoas nesse encontro seria muito. Outras reuniões paralelas e programadas aconteceriam no mesmo horário. Era uma questão de escolha.
  2. Dois a três dias antes do evento começa um burburinho que resulta no cancelamento daquela “mesa” e que por pouco nem é comunicado aos convidados. Diante da reação, a liderança resolve fazer uma mesa “chapa branca” (o termo cai como uma luva aqui). No entanto o que ficou foi o cancelamento, prova disso foi o pronunciamento/parecer da Assessoria Jurídica na Assembleia em Goiânia sobre o requerimento, bem como o registro na Ata daquela sessão.
  3. As redes sociais repercutiram muito o que aconteceu. Membros da diretoria e do Conselho da CBB foram contrários a esse cancelamento que se tornou um desconvite.
  4. Aguardamos um período lendo um pouco das versões apresentadas na rede.
  5. No dia 23/07/2019 fui convidado para participar de uma reunião com o executivo da CBB e com o coordenador da JBB. Ouvi tudo que foi conversado. Emiti poucas palavras, entre elas a necessidade da reparação ao Pr. Marco Davi. Nesse mesmo dia entreguei em mãos uma Carta em nome do Ministério Pastoral da IB Marapendi, historiando o acontecido e solicitando da Diretoria da CBB um desagravo à figura do Pr. Marco Davi.
  6. No início de Agosto ela foi reenviada e segundo o presidente, foi encaminhada à toda diretoria.
  7. Fiz algumas inserções para ter o retorno sobre essa carta. Em Setembro, se não me falhe a memória, o querido Pastor Fausto veio participar de um evento na PIB Jacarepaguá organizado pela CBC. Na ocasião, Valéria, esposa de Marco Davi, teve a oportunidade de conversar pessoalmente com ele, o qual, na sua grandeza se mostrou sensibilizado.
  8. Em Novembro, na véspera da reunião do Conselho da CBB (26/11), Pr. Fausto me chama para um almoço. Conversamos muito, num papo sempre muito agradável. Sugeri a ele que na reunião de 6a, logo na abertura do expediente da tarde, ele chamasse o casal (Marco e Valeria) e pedisse perdão a eles como Presidente por todo imbróglio ocorrido.
  9. Fiquei sabendo depois que isso não ocorreu.
  10. Com a aproximação da Assembleia da CBB, recebi um contato da presidência orientando-me para apresentar um requerimento à mesa, no primeiro expediente (isto é, 5a à tarde) o qual seria acolhido pelo Presidente. Particularmente achei estranho que eu, que nada tenho a ver com a lambança que foi feita, tivesse que ser o faxineiro dela. No entanto, me submeti a orientação.
  11. No dia 22/01/2020 enviei a proposta do requerimento para que a diretoria da CBB analisasse. Me coloquei a disposição para conversar e aparar eventuais arestas em relação ao texto. O Presidente compartilhou com a Diretoria naquele mesmo dia.
  12. Não recebi qualquer retorno sobre o texto do requerimento. Sendo assim, na 5a feira, no primeiro expediente como me foi orientado, às 14.00hs tentei apresentar o requerimento, quando fui gentilmente interrompido pela presidência orientando-me a inscrever-me junto a Comissão de Programa, a qual pautava o expediente. Antes disso, as 13:25hs passei um recado para o presidente dizendo inclusive o numero do microfone do qual estava perto e reafirmando que apresentaria o requerimento como orientado.
  13. Subi à plataforma para ir na Comissão de Programa. Apresentei o requerimento ao querido Paulo Davi. Ele consultou uma pessoa da Comissão cuja reação, para mim, foi assustadora. Disse a Paulo que o presidente acabara de me REorientar, no plenário, para agendar com eles. Paulo, então me colocou no expediente do Sábado a tarde, 14.00hs.
  14. Quando ia descer, o Pr. Vanderlei Marins me chamou e disse que o pastor Fausto queria conversar comigo. Eu perguntei: -Agora?, uma vez que estávamos em culto, ele presidindo a mesa e cantando louvores. Me aproximei, então do Pr. Fausto, e perguntei se ele queria falar comigo. Ele prontamente respondeu: -Eu não! E continuou a cantar. Virei para o Pastor Vanderlei sem entender nada, enquato ele fazia cara de igual incompreensão com aquele momento. Sai da plataforma.
  15. Mandei uma mensagem para o Pr.Fausto explicando o acontecido. Ao final da sessão retornei à plataforma. Pr. Vanderlei me disse que tinha alguns pontos no requerimento a serem tratados. Eu disse que estava a disposição. Ele manifestou seu desconforto pois não tinha autorização do presidente para tal. Pedi ao Pastor Fausto que posteriormente fizesse isso com ele.
  16. Após a sessão da manhã de 6a feira, fui à Plataforma. Havia uma clima de festa, parabenizando Pr. Vanderlei por mais um ano de ministério pastoral. Dei-lhe meus parabéns. Pr. Sócrates me convidou para almoçar com a diretoria, coisa que recusei, porque ali não era meu lugar. Sentei com Pr. Vanderlei no canto da plataforma.
  17. Nessa conversa, Pastor Vanderlei mencionou a dificuldade com alguns pontos do requerimento. Prontamente abri o documento no celular. Pr. Vanderlei é testemunha que os 3 (de um total de 5) considerandos que o documento tinha e que ele apresentou alguma dificuldade, eu apaguei na sua frente. Posteriormente no hotel, apaguei os outros 2 considerandos também.
  18. No sábado às 14.00hs, com um plenário mais cheio do que o habitual nesse horário, assim que o Pr. Fausto pegou o microfone e instalou a sessão, eu fiquei em pé. Para minha surpresa, ele me chamou para ler a “Carta de Goiânia”. Fiz a leitura e assim que terminei, fui até ele e consultei sobre o requerimento agendado na Comissão de Programa. Ele falou que aquela era a hora.
  19. Desci e apresentei o requerimento. O que aconteceu após isso é de grande tristeza. O plenário reagiu de modo agressivo. Peguei um colega que falara mal do Marco no microfone. Perguntei se ele conhecia o Marco pessoalmente; ele disse que não. Indaguei: -Como então, alguém tão espiritual como você, vai para um microfone e fala o que você disse de um colega pastor?
  20. A Presidência se deixa intimidar pelo plenário: recua da orientação. Remete o requerimento para a Assessoria Jurídica. Cerca de uma hora depois vem o parecer: que se constitua uma comissão para analisar o caso. O plenário rejeita o parecer e o requerimento, sob direção do Pr. Vanderlei Marins.
  21. Fico mais um tempo naquela sessão. No entanto tenho que sair antes dela acabar, para fechar a conta do hotel e pegar o voo de volta.
  22. Ao sair duas coisas acontecem: a) a primeira, um colega pastor experiente e de quem gosto muito, estava sentado na ultima fileira do centro de convenções, aquela cuja cadeira encosta na parede. Ao me aproximar da porta daquele corredor (onde estava o microfone 4), ele me cumprimenta e diz: “-Difícil, hein Serjão? Eu só vim hoje a tarde para ver esse seu requerimento”; b) o outro ocorrido foi no elevador. Logo após entrar no elevador vazio um irmão, antes de fechar a porta, também entrou. Ele olha para mim e diz: -“Tocou fogo na Assembleia e saiu, né?”. Eu respondi, languidamente: “-Não querido, você está errado. Fiquei até o assunto ser encerrado. Aliás fiquei depois disso. E só estou indo embora antes de encerrar a sessão porque preciso fechar a conta do hotel e pegar o vôo.” Ele, não satisfeito, replica: -“Conheço você desde criança.” Aí precisei perder a “languinidade”…rsrs. Disse ao colega que ele de fato não me conhecia para falar um absurdo daquele.
  23. FIM do Relato.

Os fatos são esses. Além de não criar o problema, sugeri e me sujeitei em todo tempo à liderança, a fim de que uma injustiça fosse reparada. O que não aconteceu e, na minha percepção, piorou. Inclusive acho que isso afetou a recepção da Carta de Goiânia, para a qual (primeiramente) declinei e (depois) relutei em aceitar o convite para participar (os prs. Sócrates e Fausto são testemunhas disso).

Agora, uma enquete para você pensar e responder: ao ler todo esse relato, você acha que tudo isso foi só uma sucessão desordenada dos fatos com um final infeliz?

Pr. Sérgio Dusileksdusilek@gmail.com

outubro 21, 2020

A QUE TIPO DE COMUNIDADE DE FÉ VOCÊ PERTENCE?

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 2:30 pm

O Evangelho na perspectiva de João (ou da comunidade joanina, como preferir), no capitulo 8, fala de uma mullher surpreendida em adultério que foi coercitivamente (o japonês da federal era fariseu) levada até Jesus. O intuito era o teste; a motivação, o desejo de apedrejamento da pecadora. O acinte estava calcado na injustiça: que adultério é esse que a mulher comete sozinha? (Alguns comentaristas sugestionam um corporativismo aqui: o adúltero seria tb um fariseu, liberado no caminho). Decepcionando a todos, Jesus tratou com Graça aquela mulher e expôs o farisaismo daquele grupo, como num espelho. Moral da história:

1) em comunidades farisaicas, o pecado é tratado sob o prisma do punitivismo e não sob a égide da restauração;
2) em comunidades farisaicas sempre haverá uma recusa ao amadurecimento espiritual. O pecado do meu irmão,  ensinava Paulo em Galatas 6.1-2, é um convite ao elevado grau de maturidade representado pela mansidão, que nada mais é que abrir mão dos meus direitos em prol do outro. Paulo convida as igrejas da Galácia a pararem de se devorar uns aos outros para cumprirem a Lei do amor que é a única “lei” que tem valor para quem é de Cristo.
 3) em comunidades farisaicas, o pecado do outro é tratado com pedras; o dos nossos com mentira e ocultamento;
4) em grupos farisaicos, sempre haverá dois pesos e duas medidas para os mesmos casos.  Farisaismo não é sinônimo de aplicação rigorosa da lei, mas certificação da injustiça;
5) a única e cristã saída é levar o pecador/a pecadora aos pés de Jesus, ministrar Graça. Note bem: o texto deixa claro: da dupla pecadora, somente uma parte recebeu Graça (somente a adúltera foi levada a Jesus; somente a parte pecadora pode se arrepender; somente ela recebeu Graça). No entanto, a outra parte acobertada pelo cinismo e pelo protecionismo do grupo, seguiu sem ver Jesus,  sem perdão, sem experimentar a Graça. 


Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.

Pr. Sérgio Dusilek – sdusilek@gmail.com

outubro 14, 2020

OS BATISTAS, QUEM SOMOS?

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 1:56 am

Os Batistas, quem somos?
Somos diversos. Para uns um caleidoscópio, para outros como eu, um mosaico de Deus, que só se mantém no mesmo plano por conta da perceptível ação do Espírito Santo. Sim, mesmo tendo tudo, em termos organizacionais,  para dar errado, nós batistas  prosseguimos na caminhada histórica.
Para alguns, somos um movimento. Tal classificação advém de um princípio caro a nós que é da autonomia da igreja local. Não temos um poder central; temos organizações supra-eclesiásticas (ou seria melhor chamá-las de infra-eclesiasticas, por conta da nossa visão sobre a Igreja?), as convenções e as “juntas”, que aglutinam o esforço batista em termos de cooperação. 
Temos muitas discordâncias no nosso meio. Não temos uma única visão escatológica. Não somos detentores de uma única visão antropológica (temos dicotomistas, tricotomistas, holistas…). Nem sobre nossa história como batistas possuímos unanimidade, tanto na perspectiva mundial, quanto na do Brasil.
Não é por outro motivo que não celebramos um fundador. Não somos de Calvino, nem de Lutero; tampouco de Zwinglio, entre outros. Dizem até que, para uma dessas correntes constituintes, o primeiro batista teria se tornado espiritualista… Somos como uma colcha de retalhos coloridos por Deus. Temos diversas influências na nossa constituição e progresso doutrinal. Talvez esse aspecto seja uma das causas de nossa tolerância estrutural com o pensamento diferente. Discordamos até mesmo na hora de encerrar a discussão…
Nossa história marcada pela perseguição é outra razão da tolerância. No dizer do Dr. Zaqueu Oliveira fomos “Perseguidos, mas não Desamparados”. Temos a primazia na defesa da liberdade religiosa. Por isso os batistas, conquanto discordemos de vários outros cultos, defendemos incansavelmente o direito de que eles aconteçam. Somos o povo não da espada, mas sim da persuasão. Acreditamos na competência do indivíduo, como bem lembra Israel Belo de Azevedo, para fazer suas escolhas, especialmente as que tangem a fé. A tolerância está no nosso DNA. Um genuíno batista sempre será respeitoso. 
Não temos um único viés teológico. Temos predestinistas e arminianos, avivalistas e aqueles que interagem com a cultura; temos fundamentalistas, conservadores e moderados (na América tivemos liberais); temos cessacionistas e aqueles que são pela contemporaneidade dos dons; temos os que mesmo entendendo a Biblia como regra de fé,  que a consideram inerrante e outros suficiente; temos os que dialogam com a ciência e os que têm medo da Academia; temos visões politicas de centro,  direita e esquerda. Somos assim, diversos,  paradoxais, mais ao mesmo tempo dialogais pois numa Assembleia precisamos nos entender, chegar num consenso (nem que seja para deixar o assunto sobre a mesa, ou remetê-lo ao Conselho…).
No entanto somos todos (ou deveríamos ser) apaixonados por missões, pela obra evangelizadora e pela plantação de novas igrejas. Confessamos o mesmo Salvador, Jesus Cristo,  e servimos ao único e triúno Deus. Batizamos por mergulho/imersão e celebramos a Ceia, como ordenança do Senhor, de modo memorial.
Por isso tudo é que Ernst Troeltsch dizia que os batistas eram os verdadeiros detentores da liberdade,  herdeiros dessa marca do espírito protestante. Nesse sentido, reduzir os batistas a um único pensamento ou viés é tirar a beleza Batista. É torná-la outra coisa. É produzir um daltonismo denominacional. 
Termino dizendo que o que mais me encanta no modo Batista de ser é sua condição caótica. Mesmo porque li certa vez num sagrado lugar que o Espírito pairou sobre o Caos. E não tenho a menor dúvida de que Ele paira sobre os Batistas.
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Pr. Sérgio Ricardo Gonçalves Dusilek

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