Depois de alguns anos fora da CBB e assustado pelos rumos estranhos que ela, ao meu ver, vinha tomando, resolvi voltar a frequentar seu ambiente em 2018. Uma vez em Poços de Caldas-MG, fui para a Câmara Setorial de Educação Teológica. Lá fiz duas propostas que se transformaram em recomendações para o Seminário do Sul pelo plenário da Assembleia da CBB ali reunido. Esse post é para falar sobre a segunda recomendação, se não estou enganado na ordem.
Sendo assim:
- Na Câmara Setorial de Educação Teológica reunida em Poços de Caldas-MG, ao ouvir da direção do Seminário o objetivo de implementar uma pós-graduação stricto-sensu no Seminário, bem como veicular essa possibilidade ao reconhecimento da graduação, pedi a palavra e, além de reconhecer o valor do objetivo apresentado, disse que a nota da graduação não tinha nada a ver com o pleito da Pós. São processos diferentes, distintos. Nesse sentido e colaborando com a direção, mesmo sem ela saber disso, propus uma recomendação que o Seminário estabelecesse uma expectativa de produção acadêmica mínima esperada do seu corpo docente, levando-se em conta o regime de contratação de cada professor (DE, 20hs/aula, horista), pois a produção qualificada do corpo docente é um dos critérios para avaliação na hora de implementar um Curso de Mestrado reconhecido.
- Bom, as duas recomendações foram desfiguradas em sua redação. O registro delas ficou bem diferente da proposta, o que reputo a um eventual cochilo do secretário (quem nunca?). Essa descoberta se deu no plenário, por ocasião da apresentação do relatório da Câmara.
- Ao perceber isso pedi a palavra ao presidente que não estava numa semana muito boa (talvez uma crise de vesícula). Pedi gentilmente a ele a licença para me dirigir ao Presidente da Câmara que apresentava o relatório. Ele rispidamente, mais uma vez, falou que tinha que ser a mesa. Fiz minhas ponderações as quais ele repassou (!!!) na mesma hora para o Presidente da Câmara responder, o qual deu total razão ao que disse.
- Então, mais uma vez grosseiramente ele dirigiu a palavra a mim, perguntando qual seria a redação certa. Eu sugeri. O plenário aquiesceu votando.
- Um parêntesis: conquanto não fosse só comigo a indisposição presidencial para com este mensageiro convencional tinha uma razão de ser: eu havia colocado uma pressão para que um colega pastor, que prestara serviços à antiga Juerp, recebesse o que lhe era de direito. Disse ao presidente que a injustiça obstaculava o “fluir” de Deus.
- Ano seguinte, na Assembleia de Natal, o Seminário apresenta seu relatório sem atender as duas recomendações. Peço novamente a palavra na câmara setorial, registro o acontecido e ao invés de criar caso, faço uma proposta pacífica: que o Seminário traga, então, na próxima convenção o atendimento das recomendações de Poços de Caldas (ano anterior).
- Uma vez em Goiânia, vejo que o Seminário estampa nos seu relatório parte do Currículo Lattes de alguns professores (não todos), com a produção deles. Dali, somente um professor que aparece na estatística de produção, mas não é relacionado como professor da casa no mesmo relatório, tinha produção qualificada (aliás, muito boa por sinal). Os demais com produção insuficiente ou mesmo irrisória (professor apresentando como produção acadêmica publicação de estudos em revistas da denominação…).
- Perceba: não foi essa a recomendação. A recomendação não era para estampar a produção acadêmica dos professores, mas sim para que o Seminário, que visava ter um Mestrado em Teologia reconhecido, estampasse a expectativa mínima de produção acadêmica qualificada esperada do seu corpo docente, visando obter esse reconhecimento futuro.
- Sendo assim, pedi a palavra (tanto em Poços, quanto em Goiânia, avisei aos respectivos presidentes da Câmara, antes delas iniciarem, que possivelmente pediria a palavra), para indagar à direção do Seminário, SE ela ainda objetivava ter o mestrado reconhecido.
- Ao ouvir a resposta afirmativa, lembrei da recomendação outrora feita e não atendida, reencaminhando a proposta.
- Nessa hora, um ex-presidente da CBB, o mesmo que estava nervoso em Poços de Caldas, levanta com o relatório do Seminário aberto em suas mãos e diz: “-Está aqui ó! Páginas tais e tais! O Seminário já atendeu o pedido”. E pede para votar contra.
- Logicamente, mesmo pasmo (cuja perplexidade foi compartilhada por uma professora de pós em Universidade Pública, ali presente), a palavra de um ex-presidente cuja participação em tal câmara não é usual, carreou toda uma gama de votos para derrubar a proposta que visava ajudar o STBSB a atingir seu declarado objetivo.
- Acabada a Câmara, fui “tirar a teima” com esse irmão, que ostenta um doutorado no currículo. Eu o vi com outras pessoas e depois o perdi de vista. Ao desistir da procura, quando estava indo embora, vi ele com sua querida esposa ao lado da porta de fora esperando sua condução. Perguntei se podia falar com ele rapidamente, ao que ele gentilmente aquiesceu.
- Fiz então uma pergunta (lembra, a premissa era, como um pastor inteligente e bem formado como ele pode falar um absurdo daquele?): – pastor, o senhor não sabe que para ter um Mestrado reconhecido pela CAPES, é preciso que o corpo docente tenha produção qualificada? E que aquele relatório apresentado pelo Seminário não atendia à recomendação anterior? Eu precisava tirar a prova dos “9”, saber de fato se era desconhecimento de causa na fala ou se era outra coisa. Infelizmente era outra coisa.
- A resposta que tive foi a pior: “-Sergio, você está certo, mas agora não é hora disso. O Seminário estava na UTI morrendo e agora precisamos ajudá-lo na sua recuperação.” Olha, pior é que eu tinha um apreço, uma admiração tão grande por esse pastor…
- A conversa terminou ali, final de tarde do segundo dia. Um final de conversa e de tarde muito, mas muito triste. Uma coisa é você discordar do outro; outra coisa é isso que aconteceu.
- FIM desta história.
E aí, caro leitor, o que lhe parece essa história? Como você a classificaria? E mais: vc acha possível que alguém enfurnado no meio acadêmico consiga confundir, na hora de prestar um relatório, a expectativa mínima de produção acadêmica com um “copia e cola” do Lattes para o relatório? O que lhe parece isso tudo? Registre seu comentário, caso queira.
Pr. Sergio Dusilek – sdusilek@gmail.com