É possível que o texto abaixo cause alguma espécie em você. Meu objetivo, pode crer, é esse mesmo. Isso porque quero que você pense. O que a mídia tem produzido sobre a morte do Michael… se ainda fosse o Jordan, o Schumacher, eu até daria razão… mas dizer que a morte do Michael Jackson afetou o mundo… isso para mim é demais. Vendo O Jornal da Globo ontem, fiquei abismado quando William Wack disse que o ídolo pop era um espelho para nós…
Não entendo essa postura midiática de conferir benevolência e certa pureza a alguém tão torto como esse famoso cantor. Ele não era santo. Acusações pesadíssimas e suspeitas seriíssimas foram levantadas contra ele ainda em vida. Não estamos falando somente de excentricidade, mas de possível perversão, aliada a muita maldade. Conquanto boa parte da imprensa queira mostrá-lo como o menino dos Jackson Five, na verdade ele tinha cada vez mais a cara do encapetado personagem de Thriller.
Discordo também dessa visão de surpresa para os fatos. Ora, alguém que além do adoecimento da alma (estampado em sua excentricidade), vinha apresentando comprometimentos na saúde física, estava fadado a viver menos do que os outros. Alguém que se torna viciado em um tipo de medicamento (se é que não tem outros vícios ai também), não pode esperar que sua vida seja tão longeva quanto a de outrem que possui hábitos saudáveis. Não há surpresa para algo que vem sendo anunciado.
Não vejo também nenhum vácuo deixado por Jackson. Moralmente, ele fez questão de se apresentar como alguém repreensível. Relacionalmente, como alguém distante, assombrado pela própria fama. Profissionalmente, há muito era decadente. O espaço que um dia conquistou, foi perdido há muito tempo para outros artistas. Intelectualmente, nada produziu. Esteticamente foi um fracasso, até mesmo para os cirurgiões plásticos (nem Dr.Ray (Hollywwod) daria conta). Ideologicamente, foi alguém sem bandeiras, sem identificação. Religiosamente, perdido: ele era o que? Testemunha de Jeová? Convertido ao Islamismo? Ninguém sabe. Tampouco Michael mentoriou novos talentos. Pessoalmente, não se aceitava, tanto que “descoloriu” nos últimos anos. Era um moreno boa pinta e se transformou em um branquelo azedo. E não venha me dizer que você acreditou na desculpa de vitiligo…
Percebeu? Que vácuo alguém como ele pode ter deixado? Penso que só os coreógrafos podem realmente sentir alguma falta…
Tanta coisa para noticiar… Tantos bons exemplos andando e iluminando o mundo com suas “anônimas” vidas… e os jornais gastando paginas e mais paginas, editoriais e programas/documentários inteiros para falar de Jackson. Alguém vazio como nosso tempo. Alguém que se desfez no ar.
Por isso que digo que alguém que vive meio século e tem a capacidade de deixar um “rastro purpurínico”, sem nada de significativo há não ser uma promoção (ou seria autopromoção?) em 1982 pela fome na África, não podia ter ido mais tarde. Pessoas choram pelo “ídolo” pop; mas não acredito que alguém chore pelo Michael. Com uma vida tão fria, tão vazia, tão sem pulsação, não me admira que tenha sido o coração a parar.
Ficou chocado? Então ligue para 0800… (brincadeirinha!). Como falei quero que você pense por si e não pelo que a mídia diz. E quero de coração que Deus o ajude a olhar para bons referenciais e a desprezar aqueles que não o são. Que você chegue ao final da sua vida com inúmeras pessoas que foram marcadas pela sua existência. Que seu culto fúnebre (quando ele acontecer) seja uma celebração a Deus pela saudade que você (não um holograma) deixou.
Pr.Sergio Dusilek