Novos Caminhos, Velhos Trilhos

junho 9, 2020

Pela Diaconia.

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 10:57 pm
Parte do problema do protestantismo brasileiro está no valor dado a retórica, nas homilias. Daniel Guanaes lembrou a pontuação de Forsyth: o pregador de hoje tem seu referencial no profetismo de ontem (VT), e não nos oradores gregos…
O resultado?
1) Igrejas que se movem pela estética, e que por vezes coam pregadores de excelente oratória, contudo de péssima conduta na vida. Não querido, não falo de uma dificuldade na vida, e sim de vidas que são a própria dificuldade… Ao escolher pela homilia, as igrejas passam a sofrer, ao descobrir o caráter (ou a falta dele) do empossado pastor.
2) o foco passa a ser a pregação.  É fato que a igreja tem que pregar… mas o que a valida? A vida do pregador? Certamente! A iluminação e direção do Espírito? Com certeza! No entanto a validação maior é o serviço da Igreja. Jesus nos constituiu, na relação com Ele, como amigos; porém na relação com mundo, como servos. É nossa diaconia que autentica a nossa pregação, e não o contrário.  Quando vamos resgatar isso?
3) finalizo essa breve provocação lembrando que a Igreja caminha na direção errada toda vez que se volta para realizar clínicas de pregação expositiva, bem como de métodos de crescimento de igreja… tais propostas retroalimentam o fundamentalismo e os impérios eclesiásticos (respectivamente). A direção é a diaconia, o serviço.  Martin Luther King Jr. realizava clínicas de DIACONIA.
O pregador mais influente desde meados do século passado é o pastor estadunidense Martin Luther King Jr. Ele era dotado de grande carisma e oratória; no entanto, o que validou sua pregação foi o serviço,  sua DIACONIA ao seu povo, buscando valer a Justiça divina.
Por clinicas, treinamentos de DIACONIA; chega dessa robotização e doutrinação fundamentalista através dos encontros de pregação expositiva.
Pr. Sergio R G Dusilek
sdusilek@gmail.com

junho 8, 2020

A QUEM INTERESSA ESSE MANIQUEÍSMO?

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 12:30 pm
A QUEM INTERESSA ESSE MANIQUEÍSMO?
Nos primeiros séculos da era cristã progrediu uma doutrina religiosa-filosófica muito combatida por Santo Agostinho chamada Maniqueísmo. Basicamente o maniqueísmo defendeu um dualismo, isto é, a existência de duas forças equivalentes e antagônicas, chamadas bem e mal. Logicamente que Agostinho precisou denunciar o elevado grau herético de tal posição. Deus é o Sumo Bem e nada se pode comparar ou antagonizar a Ele. Para se ter uma ideia, você que gosta de florear o Armagedom… nem batalha vai ter: a Bíblia testifica que as hordas infernais serão destruídas pela Palavra. Sim, a Palavra de Deus foi o princípio Criador de tudo; a ela caberá o desfecho também.
Nesses dias de polarização, alguns ainda vivem sob os auspícios de uma Guerra Fria, onde a tensão dual capitalismo-comunismo era bem evidente. Bom, desde o desmonte da URSS com a Perestroika de Gorbachev e a Glasnost de Yeltsin, e também a “capitalização” da China, não dá mais, histórica e honestamente falando, para sustentar esse maniqueísmo político. A Guerra Fria congelou no tempo…
O melhor hoje seria pensarmos em projetos de humanidade. Independente da linha ideológica (sim, existe ideologia de direita e de esquerda; de centro, de centro-esquerda, de centro-direita, etc.), deveríamos discernir aqueles homens e mulheres públicos que se preocupam com a humanidade, com a construção de um mundo melhor. Numa linguagem bíblica, que encarnam os valores do Reino, mesmo que, por enquanto, ainda não pertençam ao Rei.
As eleições acabaram em 2018. Em tese não haveria motivos para polarização, mas… o maniqueísmo teima a imperar nesse país. E isso tem uma razão simples: não há nada mais a direita do que Bolsonaro. Por isso que fica fácil rotular um neoliberal direitista como Dória de petista, assim como Witzel e até, pasmem, Ronaldo Caiado. Nunca houve, até então nas corridas presidenciais, nada mais a direita que Caiado. Agora, a claque o rotula de petista… Enquanto Jesus ensinou para deixarem que outros seguissem fazendo  a obra, contrariando a expectativa censora dos discípulos, muitos hoje entendem que quem não está no mesmo barco, na mesma vibe, é contra. Como se no mundo só existisse um único ou mesmo dois únicos barcos…
Soma-se ao maniqueísmo a apreensão do discurso religioso. A política não se tornou uma forma de religião na modernidade (Troeltsch), mas ao transpor o uso das categorias para a apropriação da linguagem religiosa, se tornou a religião, ou pelo menos, a continuidade, a extensão dela. O resultado? Novo endosso da polarização em que o pensamento divergente agora é desqualificado como herege. Na seqüência, todos nós sabemos que está destinado a todo e qualquer herege a fogueira. Sim, vivemos tempos inquisitórios, de caça as bruxas, de obscurantismo, de intolerâncias… um tempo beligerante, do nós contra eles, que tem matado as relações e esquecido do fato de que a maior parte das pessoas não perambula pelos pólos…
É esse obscurantismo que grassa ao negar a ciência, ao dar valor ao sofisma, a opinião, e não ao que os cientistas têm falado. Se a opção obscurantista representasse uma adesão de mesa, de escritório, não teríamos maiores problemas. A questão é que o obscurantismo invariavelmente redunda em mortes. E pior: quem morre não são os obscurantistas, mas sim os demais; é como acidente de carro com bêbado ao volante: mata e fere todo mundo do outro lado e praticamente sai ileso…(e olha que essa tese não é obscurantista, conquanto pareça…).
Meus queridos e queridas, não estamos mais falando em preferências políticas. Estamos em outro patamar. A questão, por conta da Pandemia, é entre a vida e a morte. Há uma apreensão na comunidade científica quanto ao coronavírus. Não, ele não é igual ao H1N1. É bem pior, e tem um efeito corolário desastroso: ele exaure em pouco tempo a capacidade hospitalar instalada. Isso quer dizer que pessoas com outros males não conseguirão receber socorro médico… ainda mais num já exaurido (por “n” razões) sistema de saúde (público e privado) no Brasil. Estamos entre a vida e a morte.
Os governos do mundo já entenderam. Alemanha, EUA, França, entre outros, que possuem um sistema de saúde melhor do que o nosso, que é necessário diminuir a curva. Já mandaram o equilíbrio fiscal para longe e propuseram pacotes econômicos visando resguardar a sobrevivência dos trabalhadores e também a sobrevida das empresas. O próprio FMI (??!!!!!!) disse que é hora de esquecer do equilíbrio fiscal pois estamos literalmente entrando, como humanidade, numa guerra.
Sim, estamos num túnel aflitivo que mistura pandemia com recessão. Mas, lembre-se: entre o sábado (ou qualquer outro fator, como a economia) e a vida, Jesus sempre optou pela vida. Lembra da frase: em primeiro lugar, as primeiras coisas? Então, a primeira coisa a se fazer é salvar as vidas. E para isso precisamos de governantes comprometidos com ela, com a humanidade.
Se o governo se aninha com o obscurantismo, opte pela ciência. Ela é uma benção divina. Não precisa obedecer recomendações de “esquerdistas”. Só ouça os cientistas. Isso vai preservar a sua vida, a vida de quem vc ama e também a vida de muita gente que é amada.
Afinal, quando você ora pedindo que Deus traga cura para essa pandemia, excetuando-se os momentos de intervenção direta dele, você e eu pedimos nunca pensando que os políticos acharão uma fórmula, mas sim que os cientistas, os mesmos esquecidos por tantos cortes de verba para pesquisa, encontrem o caminho. Que Deus assim permita que aconteça.
Definitivamente esse maniqueísmo não interessa a nós e sim àqueles que controlam, disputam e mantém o poder por tais narrativas.  A nós cabe não brincarmos com a vida, nem acolhermos, por mais que gostemos das pessoas, palavras e orientações que a coloquem em risco.
Pense nisso. DEUS lhe abençoe.
Pr.Sérgio Dusilek
sdusilek@gmail.com
_________________________________

Pr. Sérgio Ricardo Gonçalves Dusilekof. Sergio R G Dusilek

Fé e Política: uma defesa pessoal.

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 12:26 pm
Considero uma leviandade aqueles/aquelas que dizem que misturo politica com religião, acusação esta que só surgiu no 2o turno de 2018 e eleição do Bolsonaro. Isso porque:
1) minhas redes têm diversas postagens, que não só aquelas que tangenciam a questão política.
2) isto posto, quero lembrar que não sou cientista político,  mas pastor. E como pastor, cabe-me a preocupação com as pessoas esquecidas e oprimidas por qualquer tipo de governo.
3) nesse sentido lembro que acima de questões partidárias,  o partido do profeta é Deus e a ideologia do profeta é nada mais, nada menos, do que a Justiça de Deus. Posso errar em meus apontamentos, mas mantenho a coerência: tudo que percebo de errado, não importando o partido, sublinho.
4) dentro desse espectro, acredito que a Biblia é repleta de exemplos do relacionamento entre Fé (note o termo) e política.  Sugestivamente em periodos com conotações  TEOCRATICAS surgiram os maiores profetas do antigo Israel. Por isso que reforço o dizer do querido prof. Paul Freston: religião e politica, não! Fé e politica, sim!
5) sim, nunca misturei religião com politica. Vc não me viu pedindo voto pra ninguém; nunca disse a igreja alguma em quem votar; nunca apareci em santinho de politico algum. De igual modo nunca fui a showmício (nem trioeletrico de showfamilicia), nem fui MC de tal tipo de evento. Nunca coloquei e/ou entronizei candidato algum no púlpito de qualquer igreja. Agora, fé e politica são possiveis, porque ambas estão imbricadas no espaço público, no mundo no qual vivemos. Tudo que acontece fora da subjetividade é ou trisca na politica; de igual modo, e apoiando-me em Fosdick e Gadamer, muito de como se dá essa interação com a realidade, e de que como a filtramos/percebemos,  se dá pela fé. Sim, fé e política estão muito relacionadas… já politica e religião… aí se dão os processos de instrumentalização pelo que tal relacionamento deve ser rechaçada.
6) no mais, não externo minhas convicções e criticas esperando aceitação.  Faço, isso sim, desejando que o leitor reflita. Como digo nas aulas de Teologia que dou: escolha o caminho que lhe traga menos problema, mesmo que seja o trilhar mais complexo. Ao ler meu posicionamento,  vc se sente mais confortável numa posição antagônica? Siga assim então.
7) da minha parte,  acho indesejável e impraticável uma fé desencarnada. Uma fé alienada que não se dá com a realidade se torna uma expressão espiritualista e não espiritual; não é cristã. Fé que não dialoga com a vida, com seus dilemas é escapismo; e todo escapismo desconhece a Lei, os Profetas e o Evangelho. E a fé cristã  encarnada é sempre pela Vida, contra todo cheiro de eugenia e normalização da morte.
8) lembro que voltei a falar sobre o atual governo depois de patenteada a ausência de coração nele. Um governo que revelou seu desprezo pela vida em plena pandemia. Não, meu querido, isso é INACEITÁVEL! Perceba: o padrão, aqui, é o da reatividade. Se o governo faz uma bobagem grande, pontuo. Se o presidente, como fez hoje pela manhã,  mistura Biblia e politica quando perigosamente diz:”-EU SOU a Constituição!” , eu vou reagir a esse absurdo.
9)Portanto,  meu padrão não é o da conveniência política/pessoal. Nem tampouco o de engolir goela abaixo os erros em nome de uma ideologia (seja de esquerda ou direita -sim transeunte cibernético desinformado, há ideologia (e como!!) na direita também). Não considero minha leitura do Evangelho rasa; nesse sentido vc pode concordar, discordar.
Pr.Sergio Dusilek
sdusilek@gmail.com

 

Prof. Sergio R G Dusilek

Crie um website ou blog gratuito no WordPress.com.