Há algumas semanas atrás falando sobre o mal na escola bíblica dominical de uma querida igreja batista em Belo Horizonte me ocorreu um triste lampejo. A motivação com a qual as pessoas têm lotado as igrejas é o mal. Em outras palavras: acho que o mal tem conduzido pessoas as igrejas. E isso é horrível.
Horrivel porque temos uma predisposição naquele que entra a correr do mal e não de caminhar rumo ao bem. Pessoas que chegam a igreja com essa disposição têm medo de Satã e não paixão por Jesus. Nesse sentido a igreja se torna um “descarregador” de energia “contrária/negativa”. Ao invés de ser um tanque abastecendo-nos mais ainda da água da vida, a igreja se torna um espaço esotérico para retirada de fluídos e de uma “aura” negativa.
Outro fator de espanto é que a igreja se torna local de proteção espiritual, onde o Diabo jamais entraria. Não é o Salmo 23 o mais celebrado. Agora o importante é o 91. Me lembro de um rapaz que iniciou um relacionamento pela troca de olhares num culto… ele entendia que isso era de Deus uma vez que o Diabo “não podia entrar ali no culto, não é pastor?”. Para sua decepção e espanto tive que dizer que antes dos pastores chegarem a igreja, quem já estava deitado no primeiro banco tirando um cochilo era o próprio Capeta. Pior que essa noção, conquanto correlata a ela, é a idéia de que ir nas correntes ou aos cultos se torna a única forma de carregar uma espécie de “campo de força” espiritual que proteger-nos-ia de todo o mal. Uma maneira de “fechar o corpo” só que para Deus… A conversão, a decisão por Jesus se tornou um meio de proteção e não de vida. Não é a toa que cresce o número de auto-denominados cristãos que não desfrutam da vida abundante que Cristo prometeu dar (Joao 10:10).
Os que vão a igreja correndo do mal perpetuam a imaturidade. Isso porque não querem crescer, mas sim fugir. Por isso os cultos estão cheios, mas os locais de ensino (escola bíblica, e outros) cada vez mais vazios. Para muitos a vida cristã perdeu a noção de continuidade, de processo, de perseverança (palavra tão cara ao novo testamento (Rm.5; Tg.1; Jo.15)). Ser crente se transformou em um conceito pobre, algo como uma bateria – carrega e descarrega. Aliás essa imagem da bateria é perfeita para ilustrar a fé de muitos…
Talvez seja por isso que os cristãos não façam mais diferença na sociedade. Na verdade o que temos hoje são “igrejeiros”. Gente que só corre do mal não está preocupada com o andar rumo ao bem (JESUS) e muito menos ainda a praticar o que é correto. Por isso é que o nome de Deus tem sido tomado em vão (não por citar a palavra Deus), mas principalmente por dizer com a boca que Deus faz parte de sua vida e com os atos desmentir cada palavra. Só para ficar num exemplo: a mentira vem sendo banida do mundo, ou a verdade é que vem sendo expurgada da vida da igreja? Há um tempo empresas tinham prazer em contratar crentes diante do testemunho, da disposição e da forma responsável com a qual encaravam o trabalho. Aliás, Max Weber (A Etica Protestante e o Espirito do Capitalismo) já falava sobre isso. Hoje em dia, citar para uma financeira que você é pastor é ter o crédito praticamente negado.
Essa predisposição é que tem aberto a cabeça de muita gente para todo tipo de vivencia espiritual esquisita. Porque falta ensino e porque não procuram Bíblia, acabam se sujeitando a esquisitices espirituais. Ventos de doutrina que aparecem e que têm cheiro de coisa espiritual, mas não são do Espírito. Mesmo porque o Espírito nos faz lembrar a Palavra da Verdade (Joao 14:26; 16:13). Mas para quem encara o Espirito Santo tal qual a “Força” (do filme Guerra nas Estrelas), e não um ser pessoal, não se pode esperar a busca por um relacionamento. Porque seres com personalidade, com pessoalidade se relacionam. Contudo, não há comunicação eficiente entre um ser humano e um “pólo magnético” (positivo, por exemplo).
Com essa postura, o culto deixa de ser uma celebração da providencia e da realeza divina e passa a ser uma entronização do mal que existe no mundo. As pessoas vão correndo do mal, ouvem somente sobre o mal e saem convictas de que se usarem amuletos da fé (como óleo ungido) serão libertas do mal. Afinal, se até a igreja só faz discurso para o mal…o que esperar?
Esse é um dos fatores que fazem crer que não ocorre no Brasil um avivamento. Avivamento gera choro pelo pecado e sede de Deus. Aqui, não temos nem uma coisa, nem outra. Temos sim, muita gente com pavor do mal.
Oro para que Deus nos livre desse mal e purifique Sua Noiva!
Pr.Sergio Dusilek