Novos Caminhos, Velhos Trilhos

agosto 26, 2008

O que tem levado pessoas às igrejas?

Filed under: Liderança — sdusilek @ 5:34 pm

Há algumas semanas atrás falando sobre o mal na escola bíblica dominical de uma querida igreja batista em Belo Horizonte me ocorreu um triste lampejo. A motivação com a qual as pessoas têm lotado as igrejas é o mal. Em outras palavras: acho que o mal tem conduzido pessoas as igrejas. E isso é horrível.

Horrivel porque temos uma predisposição naquele que entra a correr do mal e não de caminhar rumo ao bem. Pessoas que chegam a igreja com essa disposição têm medo de Satã e não paixão por Jesus. Nesse sentido a igreja se torna um “descarregador” de energia “contrária/negativa”. Ao invés de ser um tanque abastecendo-nos mais ainda da água da vida, a igreja se torna um espaço esotérico para retirada de fluídos e de uma “aura” negativa.

Outro fator de espanto é que a igreja se torna local de proteção espiritual, onde o Diabo jamais entraria. Não é o Salmo 23 o mais celebrado. Agora o importante é o 91. Me lembro de um rapaz que iniciou um relacionamento pela troca de olhares num culto… ele entendia que isso era de Deus uma vez que o Diabo “não podia entrar ali no culto, não é pastor?”. Para sua decepção e espanto tive que dizer que antes dos pastores chegarem a igreja, quem já estava deitado no primeiro banco tirando um cochilo era o próprio Capeta. Pior que essa noção, conquanto correlata a ela, é a idéia de que ir nas correntes ou aos cultos se torna a única forma de carregar uma espécie de “campo de força” espiritual que proteger-nos-ia de todo o mal. Uma maneira de “fechar o corpo” só que para Deus… A conversão, a decisão por Jesus se tornou um meio de proteção e não de vida. Não é a toa que cresce o número de auto-denominados cristãos que não desfrutam da vida abundante que Cristo prometeu dar (Joao 10:10).

Os que vão a igreja correndo do mal perpetuam a imaturidade. Isso porque não querem crescer, mas sim fugir. Por isso os cultos estão cheios, mas os locais de ensino (escola bíblica, e outros) cada vez mais vazios. Para muitos a vida cristã perdeu a noção de continuidade, de processo, de perseverança (palavra tão cara ao novo testamento (Rm.5; Tg.1; Jo.15)). Ser crente se transformou em um conceito pobre, algo como uma bateria – carrega e descarrega. Aliás essa imagem da bateria é perfeita para ilustrar a fé de muitos…

Talvez seja por isso que os cristãos não façam mais diferença na sociedade. Na verdade o que temos hoje são “igrejeiros”. Gente que só corre do mal não está preocupada com o andar rumo ao bem (JESUS) e muito menos ainda a praticar o que é correto. Por isso é que o nome de Deus tem sido tomado em vão (não por citar a palavra Deus), mas principalmente por dizer com a boca que Deus faz parte de sua vida e com os atos desmentir cada palavra. Só para ficar num exemplo: a mentira vem sendo banida do mundo, ou a verdade é que vem sendo expurgada da vida da igreja? Há um tempo empresas tinham prazer em contratar crentes diante do testemunho, da disposição e da forma responsável com a qual encaravam o trabalho. Aliás, Max Weber (A Etica Protestante e o Espirito do Capitalismo) já falava sobre isso. Hoje em dia, citar para uma financeira que você é pastor é ter o crédito praticamente negado.

Essa predisposição é que tem aberto a cabeça de muita gente para todo tipo de vivencia espiritual esquisita. Porque falta ensino e porque não procuram Bíblia, acabam se sujeitando a esquisitices espirituais. Ventos de doutrina que aparecem e que têm cheiro de coisa espiritual, mas não são do Espírito. Mesmo porque o Espírito nos faz lembrar a Palavra da Verdade (Joao 14:26; 16:13). Mas para quem encara o Espirito Santo tal qual a “Força” (do filme Guerra nas Estrelas), e não um ser pessoal, não se pode esperar a busca por um relacionamento. Porque seres com personalidade, com pessoalidade se relacionam. Contudo, não há comunicação eficiente entre um ser humano e um “pólo magnético” (positivo, por exemplo).

Com essa postura, o culto deixa de ser uma celebração da providencia e da realeza divina e passa a ser uma entronização do mal que existe no mundo. As pessoas vão correndo do mal, ouvem somente sobre o mal e saem convictas de que se usarem amuletos da fé (como óleo ungido) serão libertas do mal. Afinal, se até a igreja só faz discurso para o mal…o que esperar?

Esse é um dos fatores que fazem crer que não ocorre no Brasil um avivamento. Avivamento gera choro pelo pecado e sede de Deus. Aqui, não temos nem uma coisa, nem outra. Temos sim, muita gente com pavor do mal.

Oro para que Deus nos livre desse mal e purifique Sua Noiva!

Pr.Sergio Dusilek

sdusilek@gmail.com

agosto 25, 2008

OBEDIÊNCIA OU ARMAMENTO: O QUE VENCE A BATALHA?

Filed under: Liderança — sdusilek @ 6:44 pm

(Juízes 7:1-8)

Todos nós temos em nosso viver dias de batalha. Algumas renhidas, outras nem tanto. Algumas aparentemente fáceis, outras absurdas, tamanho o poderio bélico da oposição que temos de enfrentar. Independente de como for, tendemos a ficar felizes quando achamos que nosso inimigo é menor do que nós. Na verdade devíamos ficar felizes por enfrentarmos coisas maiores do que nossa capacidade. Mas por que?

Primeiro porque enfrentar algo que é maior do que você lhe remete para o campo da humildade, e esta lhe leva para perto de Jesus. Quando estamos em apuros, somos mais sensíveis a voz de Deus e mais prontos a obedecer-Lhe. Nossa disposição muda. Não foi assim com Gideão e os midianitas? O povo de Deus tinha tanto medo dos midianitas que criou cavernas para se esconder (Jz.6:2). A semelhança dos afegãos, eles criaram uma “Tora Bora” particular, tamanho o pavor que sentiam daquela “praga de gafanhotos” (Jz.6:5). Gideão havia sido escolhido para libertar o povo deste jugo. Mas o desafio era tamanho que ele se tornou sensível a voz de Deus. Você acha que número de pessoas, contingente de exército, determina a vitória nas batalhas? Lamento decepciona-lo. A batalha é do Senhor.

Segundo porque quando temos certeza de nossa limitação fica patente para nós e para os que nos cercam de que foi Deus quem fez aquelas coisas. Nossa instrumentalidade, nosso serviço, é realçado, mas Jesus é glorificado. A isso chamamos andar pela fé: não fazer algo que está somente sujeito à nossa racionalidade, mas algo que extrapola nossa compreensão humana e que tange o universo da fé, da pura crença e dependência da atuação de Deus. Você preferiria entrar na batalha contra os midianitas com os 32000 soldados? Confesso que eu também!!! Isso nos daria mais segurança, mas jamais venceria a guerra. O que Deus pede de nós não é segurança no tamanho do nosso exército, mas dependência dEle, que pode com 300 derrotar um inimigo incontável (Jz.6:5b). E isso aumenta nossa fé.

Por fim, aquele que torna-se partícipe da operação divina é selecionado por Jesus. Ele mesmo determina critérios e impede que outros interessados participem da batalha. Ele mesmo busca corações obedientes e tementes a Ele. Se você está agora no Projeto Missionário é porque Jesus o escolheu e selecionou você para participar. Jamais perca isso de vista, nem retire da sua mente. De tantos interessados e quase projetistas, vocês foram os selecionados. Se os desafios são grandes, e o são, nosso Deus é maior!!!

Sentimentos do Deserto (3) – Vingança

Filed under: Estudos — sdusilek @ 6:34 pm

Ultimamente tenho estado propenso a pensar que uma das razões pelas quais Davi era um “homem segundo o coração de Deus” está ligada à vingança. Voce leu certo: vingança. Me impressiona na narrativa bíblica sobre esse homem de Deus, não só a honestidade com a qual ele encarou seus desafios e suas próprias mazelas, mas também a confiança que ele tinha no Senhor e na Justiça que procede dEle.

De fato, ver Davi como um “homem segundo o coração de Deus” por causa do quebrantamento que ele tinha (não que isso seja pouco), é reduzir essa expressão. Conheço gente com o coração quebrantado que (cá entre nós) jamais daria o título de “homem segundo o coração de Deus.” Conheço também gente que tem esse título mas o coração… é melhor deixar pra lá. Certamente essa experiência não é só minha. Deve ser igualmente sua.

O que quero postular aqui não é abdicar do quebrantamento (que aliás é a expressão de um coração honesto para consigo mesmo e para com Deus), mas sim aduzir a esta idéia a da confiança extrema que Davi tinha naquele que era o seu Justo Juiz. Isso é perceptível em alguns relatos bíblicos que mostram como Davi lidou com este sentimento tão avassalador para quem está no deserto.

O primeiro momento que destaco é um tanto quanto pitoresco. O homem que perseguia a Davi injustamente e que era rei, estava agora completamente desguarnecido. Isso porque, se é verdade que todo Saul sempre vai querer eliminar um Davi, também o é que todo Saul fornecerá ocasião para que Davi se vingue. A Palavra diz que Saul fora aliviar o ventre (I Sm.24:3). E Davi e seus homens viram essa cena grotesca… Só que com dois agravantes – seus homens sabiam da unção que estava sobre Davi e não compactuavam com aquela perseguição injusta que lhe fora imposta pelo rei. Eles instaram e JUSTIFICARAM a Davi para que agisse contra Saul. Mas Davi não permitiu que eles agissem contra Saul (v.6-7). O máximo que se permitiu foi cortar uma parte da orla do manto real (v.4,5), o qual se revelou um fardo para ele.

Aquela era a hora da vingança. Estava tudo pronto. Parecia que havia uma conspiração cósmica para que Davi pudesse então ter o Reino. Mas ele se recusa a conspirar; Davi se recusou a vingar-se naquele momento. Antes, reforça sua confiança e fé na certeza de que Deus é JUSTO e de que Ele haveria de julgar a causa dele (24:12-15).

O segundo momento é quando Davi está saindo de Jerusalém após ter sofrido dois golpes duríssimos: um de estado e outro (que estava embutido no primeiro) da traição do seu próprio filho Absalão. Sofrendo, chorando, cabisbaixo, o rei e sua comitiva vão se deslocando (II Sm.15,16). Ao passo que isso acontece, ele sendo injustiçado e levando as pedradas, não mata Simei. Antes tenta perceber a mão de Deus naquela doideira que Simei fazia (II Sm.16:7-11). E reconhece que o Deus que possui o controle da Historia, daria a Ele vitória e seria seu vingador diante daquela situação (v.12-13). E isso de fato ocorreu, como pode ser visto em II Samuel 19:17-23.

Davi não era um fraco. Nem temia uma boa batalha. Davi era impetuoso em relação as sedições. Prova disto é como ele agiu com Sebá, filho de Bicri (II Sm.20). A única coisa que ele diferenciava era a realeza. Essas pessoas, mesmo estando erradas, tinham a marca do Rei? Saul teve e Absalão tinha. Entao quem tem a marcar do Rei não pode ser tratado a ferro e fogo. Mas se alguém não possuía essa marca… como o caso de Sebá… aí a coisa mudava de figura.

Davi não se vingou de Simei e não queria se vingar de Absalão. Foram os filhos de Zeruia (Joabe, Abisai e Asael (este já estava morto nesse tempo)) que queriam exercer a vingança. E uma casa que aprendeu a se vingar, vai reproduzir isso por toda uma vida. Joabe não se vingou da morte de Asael, emboscando Abner (II Sm.3)? Foi ele quem também matou Absalão (II Sm.18:9-18).

Por que falar de vingança? Porque quem está num deserto sabe que esse sentimento vem com força sobre o coração. A tentativa de dar uma lição, de tratar das coisas de um modo que não haja espaço para impunidade (ou para a aparência dela) é muito forte. Tem gente hoje no deserto da depressão por conta de um abuso que sofreu por um parente ainda quando criança… E nessas horas o desejo de vingança cresce no coração. Tem gente que foi vitima de uma violência (assalto, roubo, assassinato na família) e que percebe ares de impunidade até hoje. E juntamente com a impunidade, vem a sua cara-metade chamada vingança. O que fazer?

Falar de vingança é atual. Num país tão impune quanto esse que vivemos, com criminosos apostando na ausência da penalização pelos seus condenados e prescritos atos, o sentimento de vingança é latente. Está no ar. A cultura contemporânea exala o cheiro da vingança. E isso chega nas igrejas também. Quanta gente agindo por conta da vingança!

Para voce que respira vingança, quero convidá-lo a tentar agir como Davi. Confie na justiça de Deus. Busque ter um coração quebrantado a tal ponto que voce seja honesto e pronto a reconhecer todo o dano que esta pessoa lhe tem causado. Mas não pare por aí. Procure também ser alguém com o coração de Deus. Confie no Deus que é Justo e que vai julgar a sua causa.

Lembre-se que nenhuma vingança é perfeita. Isso porque nosso revide sempre será maior do que a ação primeira feita contra nós. Se nos deram um tapa, vamos dar dois. Se nos tiraram algo, vamos querer tirar algo mais outra coisa. Isso é ser humano. E diante de tanta imperfeição na hora da execução da pena, sabe quando esse clima de vingança sumirá da nossa vida? Nunca. Essa é uma espiral sem fim. Por isso Deus nos convida a não nos vingarmos, mas sim há dá lugar a vingança do Senhor (Rm.12:19). Ele sabe aplicar a justiça com perfeição. E não se engane: Ele o fará.

Entenda também que ficar nas mãos de Deus não é bom. Hebreus 10:31 diz que é horrível cair nas mãos do Deus vivo. Alguns não querem deixar para Deus agir porque acham que Deus “pega leve”. Acho que falta um pouco de EBD, de conhecimento bíblico aqui…

Por fim, saiba que a vingança é um convite ao amor. Justamente quando mais desejamos a vingança é que mais ardorosamente precisamos amar. Ser cristão é amar quando deveríamos nos vingar (Rm.12:20-21). Vencer o mal com o bem é para quem ama. Amar é o desafio de todo crente. Ainda mais quando voce tem a chance de se vingar de Saul com um único golpe.

Pensando bem, talvez nós, em virtude da demanda bíblica e cristalina sobre a fé cristã, acabemos adentrando em um novo deserto. Afinal, o deserto da constatação de nossa inadequação aos elevados ideais que o exemplo de Cristo nos convida a seguir sempre nos conduzirão à reflexão, ao amadurecimento e a via da espiritualidade.

Pr.Sergio Dusilek

sdusilek@gmail.com

agosto 23, 2008

Sentimentos do deserto (2) – Ansiedade

Filed under: Estudos — sdusilek @ 6:36 pm

Um dos sentimentos mais difíceis de lidar na travessia do deserto é a ansiedade. O que acontecerá agora? O que fazer? Tenho que agir ou esperar? São indagações que afligem a mente de quem perambula pelo deserto.

A gente sabe que na travessia pelo deserto, o Senhor é a nossa bússola. Pelo menos racionalmente e verbalmente sabemos. Mas será que sabemos no campo das emoções? Será que nosso coração está mesmo pronto para ser aquietado? Falo isso com sinceridade porque não dá para negar que, olhando todo dia para a mesma paisagem, não passe na cabeça uma enorme dúvida sobre a direção para a qual se caminha. Uma coisa é saber que Deus nos levou para o deserto. Outra é compreender a travessia que ele quer que façamos no deserto. Afinal, quando se olha para os quatro pontos cardeais (N,S,L,O) a partir do deserto, a impressão que se tem é que não há diferença nenhuma na direção a ser tomada…

Tenho pensado muito sobre a dúvida. Não a problematização tão necessária ao meio científico e acadêmico. Mas aquela que se apega ao nível existencial e que se manifesta na dimensão comportamental. No deserto tenho aprendido que a dúvida é filha da ansiedade. Quando Jesus perguntou aos discípulos (Lc.8:22-25) onde estava a fé deles, ele o fez após uma aguda crise de ansiedade que os apóstolos tiveram, ao acharem que a tempestade que se abatera sobre eles iria fazê-los morrer. Quer grau de ansiedade maior que a contemplação da morte? Se é verdade que a ansiedade em seu “estado e dosagem natural” funciona como um alarme de preservação da vida, imagina em que nível não deva ter ficado a dos apóstolos quando eles contemplaram a morte.

Nós sempre duvidaremos. Alguns mais, outros menos. Mas sempre duvidaremos. Não é isso que as primeiras cenas após a ressurreição de Jesus nos mostram? Apóstolos que ouvem com ceticismo a palavra das mulheres; apóstolos que vêem o túmulo vazio, mas que ainda sim não crêem. Um Tomé que mesmo vendo Jesus traspassar uma porta bem cerrada, ainda duvida de sua ressurreição. O pai de um garoto (Mc.5) bem sintetizou a ambigüidade do ser humano. Ao pedir para Jesus curar seu filho, libertando-o do poder do mal, Jesus perguntou se ele cria que Ele poderia sará-lo. E a resposta do pai foi: “creio! Ajuda-me na minha incredulidade”. E Jesus não o condenou, antes contemplou a sinceridade do seu coração e o ajudou. Essa verdade é consoladora demais para quem anda pelo deserto. Porque é debaixo do sol intenso que toda a ambigüidade humana se manifesta. E é ali que compreendemos de modo mais abrangente a bondade e grandiosidade do Senhor a quem servimos de todo o coração. Aquele pai retratado nos evangelhos revela um pouco de como nós cremos e somos – cremos duvidando.

É na hora da dúvida e da ansiedade que temos de valorizar os lugares fortes. Locais no deserto que acabam se tornando familiares a nós. Locais que acabam ganhando contorno residencial e moral para nós. Para aplacar a fragilidade e diminuir a ansiedade de quem anda pelo deserto, só mesmo buscando refugio em lugares fortes. Não foi isso o que Davi fez constantemente durante seu período de deserto (I Sm.23:14,29; 24:22)? E não seria isso que deveríamos fazer também? Buscar o lugar forte dos laços de amizade; do refugio e porto seguro do lar; do apoio dos familiares e da direção que a Palavra dá? Afinal ela é “lâmpada para os pés” (Sl.119:105), a nossa bússola orientadora em toda a travessia do deserto. Mesmo quando ficamos em dúvida quanto a direção (essa ambigüidade humana…).

É importante lembrar nessas horas dois grandes ensinamentos neotestamentários sobre a ansiedade. O primeiro vem de Jesus no sermão do monte e o segundo do apostolo Pedro na sua primeira carta.

No caminhar do deserto, lembre-se que a sua ansiedade não tem poder para mudar em nada a realidade que lhe cerca. Ansiedade não transporta, nem deporta, nem modifica alguém ou situação. Foi isso que Jesus quis dizer em Mt.6:27. O fato de nos preocuparmos não muda a realidade. A busca pela ordenação do dia de amanha, não mudará o que ele será. Por isso Jesus mesmo disse “Basta a cada dia o seu mal” (Mt:6:34b). Nós precisamos internalizar essas verdades da Palavra se queremos manter os níveis de ansiedade em patamares “aceitáveis”.

Pedro, visivelmente Inspirado pelo Espirito, fala de outro cuidado que temos de ter com a ansiedade, especialmente no deserto. Ele aconselha a lançá-la sobre o Senhor (I Pe.5:7). Não dá para atravessar o deserto com a carga extra sobre os ombros da ansiedade. Jesus sabe disso. Por isso é que ele está disposto a carregá-la para nós. A preposição usada traz a idéia da proximidade do Mestre. Você não precisa lançar PARA Ele, como se desse a entender o uso de uma energia enorme, a qual, após algum tempo no deserto, você certamente não teria. Mas a preposição sobre aponta para a noção da “passagem da mochila”. É como você transferindo a carga da mochila para o Senhor. E Ele a pega porque tem cuidado de nós. E é esse cuidado que reforça a proximidade do Senhor conosco.

Se no deserto parece que toda a direção a ser tomada é igual (conquanto a bússola assim não o diga), mais importa a busca da clareza da parte de Deus para os rumos a serem tomados. Vital é também desfazer do peso da mochila da ansiedade. E sempre, como Davi fez, valorizar os “lugares fortes”, onde com pessoas que amamos e estamos aprendendo a amar nossas baterias emocionais são recarregadas.

Pr.Sergio Dusilek

sdusilek@gmail.com

agosto 19, 2008

SENTIMENTOS DO DESERTO (1) – INJUSTIÇA

Filed under: Estudos — sdusilek @ 12:25 am

Pode crer: um dos sentimentos mais fortes que pode vir assolar o coração humano no deserto é o da injustiça. Não falo de um sentimento desprovido de senso ético. De algo que soaria como uma murmuração ou reclamação sem sustentação, ou mesmo de alguém que cria seus próprios desertos e para lá se dirige.

Estou falando de uma injustiça que é o outro lado da moeda de quem tem senso de justiça. Em outras palavras: uma injustiça que nasce da contemplação dos fatos não pelo crivo das emoções, mas sim pelo tribunal da consciência e da coerência pessoal. E quanto maior for essa moeda chamada senso de justiça, consciência, ou ainda coerência, maior também será a sua outra face, a da injustiça.

Jesus já falava em perseguição por causa da justiça (Mt.5:11-12). Ser justo e tentar viver em integridade nesse mundo corrompido e corruptor, não é fácil. Isso porque o sentimento de injustiça pode ser filho de uma vida justa. Isso lhe soa estranho, não é mesmo? Por vezes a integridade, a coerência pessoal, acaba custando muito caro para quem a busca… Fácil e barato é compactuar. Difícil é fazer valer os seus valores. Em outras palavras: para cada denúncia sempre haverá um nível de renúncia. Será que você está disposto a abrir mão, a renunciar a algo para manter sua integridade pessoal?

A injustiça normalmente alcança quem sai. Ele não está mais ali mesmo para se defender… fica fácil jogar a culpa do furacão em Mianmar e do terremoto na China, já que os analistas estão bem longes desses lugares. Aliás, uma das maiores injustiças é justamente a de receber responsabilidades por coisas que não fez de pessoas que estão completamente alijadas do processo de saída. Falta integridade, coerência, consciência, consistência e senso de justiça para quem assim procede.

Um bom exemplo é quando Davi foge de Saul. Diante das injustiças que o rei vinha lhe provocando, não coube a Davi outra alternativa há não ser sua saída. O rei tentara lançá-lo na parede (literalmente falando). Isto porque o rei e aqueles que estavam próximos dele sabiam que sua unção tinha ido embora. Que culpa Davi tinha disso? Nenhuma. Saul perdera a unção por causa dos seus atos, de sua desobediência e de sua falta de integridade. E Davi recebera a unção porque tinha um coração quebrantado. Sair e fugir não foi fácil para ele naquela ocasião. Por vezes quem é ungido acaba sendo injustiçado; por vezes a unção sai junto com quem se foi… Não foi fácil para a corte de Saul conviver com um líder atormentado sem alguém que tocasse a harpa para ele.

Lembro-me também de Davi sendo “expulso” do palácio por Absalão. Ele sai e no caminho quem o encontra? Um desconhecido chamado Simei (2 Samuel 16). Davi vinha triste por causa da sua saída e da forma como ela teve que acontecer (2 Sm.15:30). Ele também estava passando pelo seu Getsêmane, pelo seu lugar da prensa (onde a azeitona era prensada até se tornar azeite). Sofrendo a traição, a saída, acaba ainda sendo apedrejado por Simei. Quer coisa mais injusta do que numa hora de fragilidade, de tristeza pelas perdas e pela injustiça, você ainda receber pedradas? E do inexpressivo Simei? Ora se queria tanto lançar pedras, por que não o fez antes? Penso que as pedradas mostram o caráter de quem as atira, uma vez que aponta para gente que não tem coragem para encarar.

Me recordo agora de uma cidadão, que por algum motivo que desconheço, me marcava nos cultos. Sua marcação se dava pelo site da Igreja. Toda vez que ele, como não membro que era estava no culto e eu fazia uso da palavra, nem que fosse para orar, dia seguinte tinha uma mensagem com um reparo, uma crítica. Ocorre que eu mesmo respondia todos os contatos feitos pelo site daquela igreja. A coisa era no nível do mau emprego de um advérbio (reparo pelo qual sou grato, porém revelador do nível da implicância). Engraçado que o pastor principal da igreja tinha “língua presa”, do tipo que fala “AGAGAGUARA”. Sobre ele, nunca teve qualquer pontuação.

Mudei-me. Dia seguinte, para minha surpresa, esse irmão que me perseguia por algum motivo que desconheço (desconhecia até ele mesmo), entra no site e envia novo comentário dizendo que tinha visto a minha mudança para o prédio que ele morava. Fiz um singelo convite a ele na resposta: meu apartamento é o número tal. Apareça quando tiver algum novo reparo para fazer. Miraculosamente nunca mais recebi qualquer contato… é a tal falta de coragem que faz com que gigantes atrás das telas se tornem formigas fora delas.

Injustiça também por ver conselheiros seus que vão lhe trair. Aitofel (2Sm.15:31) traiu a Davi para ficar e pender do lado de Absalão. Tem gente que é assim mesmo: não importa quem está no palácio, só importa é não ficar longe dele. Aitofel não tinha senso de lealdade, mas sim de oportunidade. Mas aquela desconfiança que você tinha só vai se tornar certeza depois que sair e trilhar o caminho das “pedras com asas”. Alguns acham que é na proximidade que as pessoas se mostram. Penso, pautado na Palavra que por vezes ocorre o contrário: é na distância que elas se revelam. E olha como se mostram!

Realmente a injustiça dói. Ainda mais quando a pele que a sente é a nossa. Mas não quero terminar esse texto pela via da injustiça. Quero terminá-lo proclamando a justiça de Deus! E nada como deixar a palavra de Deus falar ao nosso coração! Por isso guarde bem:

a) Que a destra que é o braço da JUSTIÇA de DEUS lhe sustentará:

“A minha alma se apega a ti; a tua destra me sustenta.” Salmo 63:8

b) As pedradas serão cessadas por ação divina:

“…porque será tapada a boca aos que falam a mentira.”(Sl.63:11)

“Assim serão levados a tropeçar, por causa das suas próprias línguas; todos aqueles que os virem fugirão.” (Sl.64:8)

c) Deus fará justiça a você, restaurando a sua vida, assim como de e restituiu o reino a Davi;

“Tu, que me fizeste passar muitas e duras tribulações, restaurarás a minha vida e das profundezas da terra de novo me farás subir.

Tu me farás mais honrado e mais uma vez me consolarás.

Também a minha língua sempre falará dos teus atos de justiça, pois os que queriam prejudicar-me foram humilhados e ficaram frustrados.” (Sl.71:20,21,24)

d) Por fim há uma promessa e benção para a sua vida:

“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois serão satisfeitos.” (Mt.5:6)

Lembre-se que a injustiça terá um fim. Mas a Justiça, como um dos valores do Reino de Deus, é igual a ele: não tem fim! Ela pode ser eclipsada por um momento, mas ela tornará a raiar sobre aqueles que a esperam e que vivem em retidão. Pois o Senhor não negará jamais bem algum para os que assim vivem (Salmo 84:11b).

Pr.Sergio Dusilek

sdusilek@gmail.com

agosto 12, 2008

Será que é o fim?

Filed under: Teologia — sdusilek @ 1:14 am

Pr.Sergio Dusilek

sdusilek@gmail.com

Já vi muitos logos de igreja por aí. Logos com uma fornalha e a Cruz passando por ela, logos que contém o layout do templo ao fundo, logos com as iniciais da igreja estilizadas. Vi também logos contendo a cruz, presente a um cenário que retrata a localidade da igreja, e outros, um pouco mais “ousados” contendo o globo da terra como pano de fundo. Todos estes vi em igrejas evangélicas (batistas na maioria).

Mas jamais tinha visto (pelo menos não me recordo) um logo tão fiel a idéia de igreja no Novo Testamento, quanto o que se apresenta acima. Sinceramente fiquei encantado porque:

a) O logo não faz alusão a templos, mas sim a pessoas. O conceito de Igreja no Novo Testamento não é o da construção física, mas sim o de pessoas. A habitação/templo (naós) do Espirito não é uma edificação sem vida, mas sim uma vida que vai sendo edificada pela ação do Espirito (Ef.2:21; I Cor.3:9, 16-17;6:19-20). Igreja é portanto gente e não coisas;

b) O logo aponta não para uma grande cruz o que talvez seja possível erigir na fachada de uma grande instituição ou mesmo de uma edificação. Antes ele aponta para pequenas cruzes… como se indicasse pequenos cristos. Não foi essa a chancela que a igreja de Antioquia recebeu (At.11:26)? Ser parte de uma igreja é ser de Jesus, é viver como um cristão (Gl.2:20). E cristão quer dizer imitador de Cristo ou ainda “pequeno” (não no sentido diminutivo) cristo.

c) É incrível perceber o detalhe das diferenças das pequenas cruzes. Umas são coloridas, outras não; umas são finas outras possuem o traço mais forte. É uma mostra de que Cristo veio salvar e fazer para Ele um povo de todas as raças (Mt.28:19; Is.56; Ap.5:9-10). Esse logo aponta para a redenção universal que há em Jesus;

d) Penso também que esse logo aponta para a unidade que deve ser buscada pelo povo do Senhor, o qual se chama Igreja (Jo.17:21; I Jo 4). O maior destaque que o logo faz não é para a diferença sutil de cada cruz, mas sim para o fato de que todas têm uma similaridade: a cruz de Cristo. Em Cristo, todos somos iguais – Gl.3:28; Cl.3:11. E por conta dessa grande marca que nos identifica (a Cruz – símbolo da nossa salvação e redenção) nós podemos andar juntos. A unidade, mesmo na nossa imensa diversidade, se torna possível por causa da cruz de Jesus (Fil.2:1-13). É por isso que os “bonequinhos” estão juntos. Andar em comunhão, isso sim é ser Igreja.

e) Por fim vejo nesse logo a ausência. Por que o número de cruzes não é maior? Ah! Isso vai depender de nossa visão evangelística. Quantos mais queremos ver nesse logo? Quem mais está faltando nele? Se nosso coração arder pelos campos brancos para a colheita (Mt.9:35-37; I Cor.9:16; At.20:24), certamente visualizaremos um logo com uma quantidade mais expressiva.

Agora, sabe o que é chocante? É que descobri esse logo numa publicação (uma espécie de jornal), numa viagem que fiz a Argentina recentemente. Trata-se de um ponto turístico. É o logo da Catedral de San Isidro. Isso mesmo: uma igreja católica.

Será que é o fim (Mt.24)?

agosto 11, 2008

Os Amigos do Deserto

Filed under: Estudos — sdusilek @ 6:31 pm

Sou do tempo do revelador. Daquele em que você tirava foto em filme e mandava para a loja revelá-la. Tinha que se esperar alguns dias… Depois vieram aquelas grandes máquinas de revelação automática… lembra delas? Com as câmeras digitais, essa ação bucólica praticamente se perdeu. Mas nunca imaginei que revelador mesmo fosse o deserto. No deserto as pessoas mostram quem são. No deserto nós (que cá estamos) vemos claramente como elas são. Poucas coisas na vida têm uma conotação tão apocalíptica como o deserto. Os mantos, as máscaras caem: espalham-se pela areia.

Passar pelo deserto é como se sentir uma lâmina sob o poder de um microscópio. É perceber Deus, através do Espírito, ir “mudando as lentes”(Salmo 139) aprofundando não a análise, mas sim a nossa consciência de quão profundo Ele tem chegado. Sim, porque Ele simplesmente sabe o que quer saber. E nós temos conhecimento dessa onisciência divina. Contudo, raramente a experienciamos. Isso porque as distrações das atividades ou do que chamaria “metrópole” tira da gente a consciência dessa profunda sondagem que o Senhor faz em nós. Mas no deserto, não há como não repará-la. Penso que talvez esteja aí o medo de muitos não quererem ir para o deserto. Terem pavor da SOLItude, mesmo sendo ela o caminho para a SOLIdez.. No fundo sabem que o que o Senhor vai mostrar e trazer a baila vai doer tanto…

Mas antes o deserto e o tratamento de Deus do que o adoecimento crônico da alma. O trato de Deus é para a nossa cura. O nosso esconder, por vezes incentivado pelo Diabo, é para o próprio adoecimento e perdição.

No deserto também não só temos uma revelação mais completa de Deus, de nós mesmos, mas também dos outros. Quando o caminho é o deserto fica claro quem são seus amigos. No auge, na fama, no sucesso, exercendo toda a influencia, muitos são os “amigos”. Mas no deserto… lembra do filho pródigo (Lc.15)? Quando adentrou pelo deserto da pobreza, acabou descobrindo que não tinha amigos. Não naquele pais distante para onde tinha se dirigido.

Com Davi não foi diferente. Ele circulou pela corte, pelas cidades com desenvoltura e respeito do povo. O respeito não se devia ao convite de Saul, mas sim a unção que estava sobre a sua vida. Só que após a perseguição de Saul (Davi, Samuel e Deus sabiam o porquê), Davi teve de se refugiar no deserto. E cadê aqueles amigos todos? A Palavra diz (I Samuel 22:2) que gente inconformada, amargurada foi se ajuntar a Davi. Era o tempo da caverna de Adulão. Local perto de sua maior vitória histórica – o enfrentamento e morte de Golias. No deserto e na caverna, temos que relembrar nossas vitorias, aquelas que Deus nos concedeu. Se o deserto é a nossa próxima travessia, que escolhamos parar na estação mais próxima de nossa última grande vitória.

No deserto os amigos se revelam. Gente que você achava tão íntima e que agora descobre que não era tanto assim. Gente que sempre deu apoio, mas que agora se recusa a caminhar contigo. Gente que tem medo de ser, acaba se mostrando tíbio e sem personalidade para assumir a verdade. Gente que lhe aplaudia, porém agora fica quieta num silêncio inquietante e gritante após seu caminhar para o deserto.

Mas no deserto, gente boa embora num estado não muito bom (como os da Caverna de Adulão) se achega a você. Tornam-se seus verdadeiros amigos. Amigos que nada esperam de você além da companhia no deserto. Amigos que, inicialmente, só tem a oferecer a sua presença a você, mas que tão logo seja possível demonstram uma constrangedora disposição de arriscarem suas vidas por você, como foi no dia em que Davi quis tomar a água do poço de Belém. Assim nascem as grandes parcerias e relacionamentos. Se os primeiros nada tinham a oferecer, conquanto sugerissem muito do que esperar, os últimos são aqueles que se tornam grandes amigos.

Fato é que a Caverna de Adulão parece ser grande demais para que você fique sozinho. Por isso Deus vai aglutinar gente a você. E será um tempo revelador – tanto para saber em quem confiar, como também para discernir em quem jamais se apoiar.

Aproveite o deserto para ver quem são seus amigos. Deixe a revelação acontecer. Não tenha medo de revelar as fotos. Nem é preciso temer esse tipo de coisa… sabe por que? Quem não passa pelo teste da revelação, apesar de você ter-lhe devotado o coração, nunca foi seu. É gente que possui um conceito de amizade diferente do seu.

Uma última sugestão: valorize ainda mais a sua família e aqueles que se colocam ao seu lado durante seu exilio, especialmente  quando seu endereço é o de uma caverna.

Pr. Sergio Dusilek /// sergio@igrejamarapendi.org.br

agosto 9, 2008

A SENSIBILIDADE DO DESERTO

Filed under: Estudos — sdusilek @ 12:38 am
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Nunca pensei que o deserto fosse um lugar de sensibilidade. Sempre achei que por conta da contrária intempérie (calor escaldante de dia e frio alucinante a noite), o deserto acabasse por tirar do ser humano qualquer possibilidade de ser sensível. Seria como uma anulação nevrálgica continuada (os neurologistas que me perdoem!). Diante de tamanha dificuldade, o ser iria perdendo a sua sensibilidade…

Mas tenho aprendido que é no meio de ambientes empresariais, onde circulam ar condicionado e pessoas em profusão, é que a insensibilidade reina. Justamente aonde normalmente não há escassez é que os nervos são mais prejudicados. Isso porque as intempéries profissionais produzem estragos ainda maiores dos que as climáticas… Há locais de trabalho que são verdadeiros desertos: lá voce encontra solitude (ninguém se importa com voce); calor excessivo (a pressão por resultados é desumana); frieza glacial (praticamente ninguém sabe o que se passa com voce). Daí para a insensibilidade plena é somente um pulo, um “logo ali” bem mineiro.

O maior problema para nós é quando essa ambiência desértica empresarial ganha as paredes da igreja. Justamente um local que deveria promover a sensibilidade a ponto de que as folhas (seus membros) pudessem sentir o passar e a direção do vento (o Espirito – Joao 3). Sem essa sensibilidade, a igreja pode balançar para qualquer lado, menos para a direção que o Espirito aponta. Uma igreja espiritual não é aquela que se movimenta ao ritmo dos louvores, mas que se inclina na direção da brisa do Espírito. Uma igreja espiritual não é só aquela que promove a devoção. Uma igreja espiritual é aquela em que a estrutura pouco aparece, visto que as pessoas servem ao Senhor com fervor e desprendimento. Igreja espiritual tem a estrutura por esteio e as pessoas por cabeça. No linguajar futebolístico, é quando o juiz menos aparece é o momento em que ele melhor apitou.

Ir para o deserto é por vezes restabelecer a sensibilidade. Davi quando foge de Saul vai para o deserto (I Sm.24). E lá ele escreve um lindo Salmo, o 63. Justamente na hora de maior privação, Davi tem sua sensibilidade aumentada. No deserto, onde falta tudo, ele diz que a Graça de Deus é melhor que a vida (v.3). É no deserto que ele percebe que Deus o continuará fartando. Preste atenção: não era alimentar-se numa dieta forçada, nem tampouco o prenúncio do que futuramente seriam os “SPAS”. Davi pode perceber que no deserto há fartura da provisão de Deus (v.5) para sua vida. No deserto nós só podemos nos apegar a DEUS (v.8). E também no deserto somos alvo da mentira, porque a turma do palácio ficou por lá. No entanto, no deserto somos preservados da convivência com a mentira e, quando a recebemos, é em doses homeopáticas. Contudo é também no deserto que aprendemos como Davi que a boca dos mentirosos será tapada pelo Senhor que o ampara (v.11). A mordaça, prezado leitor, prezada leitora, não virá através de mim ou de você: ela virá pelo Senhor.

Não sei se você foi levado para o deserto. Nem sei se você esta nessa fase de adaptação ao deserto. Tampouco tenho conhecimento se o inimigo tem levantado mentiras e insinuações a seu respeito. Só sei que Deus, que é Quem cuida da nossa vida, permitiu que você fosse ao deserto, não para adaptar ou fugir dos outros, mas para transformar e moldar ainda mais a sua vida. Pensando bem, o que é melhor: viver com o espírito da mentira no palácio ou com o Espirito Santo da Verdade no deserto?

Aproveite esse tempo para ouvir o que Deus esta lhe dizendo. Medite, não nas coisas que para trás ficaram, mas naquilo que provém de Deus (Col.3:1-3). No fundo, em termos espirituais, você é o privilegiado!

No deserto somos mais sensíveis. No deserto vemos mais claramente as manifestações de amor e cuidado de Deus. Não há como confundi-las! Porque no deserto é só você e Ele. E é no deserto que falamos como Davi: “Deus, tu és o meu Deus; ansiosamente te busco. A minha alma tem sede de ti; a minha carne te deseja muito em uma terra seca e cansada, onde não há água.” (v.1)

No deserto a vida ganha valor. Simplesmente porque aprendemos a valorizar o simples viver/respirar. Catástrofes nos fazem emocionar e chorar. Tudo isso porque saímos daquilo que se convencionou a normalidade da vida. As cores ganham preponderância, bem como os contatos interpessoais. Tudo passa a ser mais interessante, porque no deserto aprendemos a ver os detalhes. Chega da visão do produto acabado e mostrado pelas campanhas de marketing! No deserto vemos as coisas como são e as valorizamos justamente porque são.

No deserto a fé ganha contornos de praticidade. Como prover? O que Deus irá fazer? Para onde o Espirito me guiará? Essas são questões de quem anda no deserto. Sair de um lugar para outro pode ser ato de fé (confiar numa direção). Mas fazer como Filipe que saiu de Samaria para o deserto (At.8) isso sim é um exemplo de fé. Jamais duvide da direção que o Senhor está lhe dando.

Como esta a sua sensibilidade? Deus nos leva para o deserto para que Ele trabalhe nosso coração em especial restaurando a nossa sensibilidade.

Pr. Sergio Dusilek /// sdusilek@gmail.com

Novos caminhos, velhos trilhos (graça e verdade)

Filed under: Estudos — sdusilek @ 12:27 am

Queridos,

Novos caminhos, velhos trilhos, é um blog que procura tratar com graça e verdade os caminhos da espiritualidade, liderança, teologia e cultura. Fiquem à vontade para ler, comentar e indicar.

Apreciem sem moderação!! Nesse blog não vale a lei seca!

Pr. Sérgio Dusilek

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