Novos Caminhos, Velhos Trilhos

agosto 19, 2008

SENTIMENTOS DO DESERTO (1) – INJUSTIÇA

Filed under: Estudos — sdusilek @ 12:25 am

Pode crer: um dos sentimentos mais fortes que pode vir assolar o coração humano no deserto é o da injustiça. Não falo de um sentimento desprovido de senso ético. De algo que soaria como uma murmuração ou reclamação sem sustentação, ou mesmo de alguém que cria seus próprios desertos e para lá se dirige.

Estou falando de uma injustiça que é o outro lado da moeda de quem tem senso de justiça. Em outras palavras: uma injustiça que nasce da contemplação dos fatos não pelo crivo das emoções, mas sim pelo tribunal da consciência e da coerência pessoal. E quanto maior for essa moeda chamada senso de justiça, consciência, ou ainda coerência, maior também será a sua outra face, a da injustiça.

Jesus já falava em perseguição por causa da justiça (Mt.5:11-12). Ser justo e tentar viver em integridade nesse mundo corrompido e corruptor, não é fácil. Isso porque o sentimento de injustiça pode ser filho de uma vida justa. Isso lhe soa estranho, não é mesmo? Por vezes a integridade, a coerência pessoal, acaba custando muito caro para quem a busca… Fácil e barato é compactuar. Difícil é fazer valer os seus valores. Em outras palavras: para cada denúncia sempre haverá um nível de renúncia. Será que você está disposto a abrir mão, a renunciar a algo para manter sua integridade pessoal?

A injustiça normalmente alcança quem sai. Ele não está mais ali mesmo para se defender… fica fácil jogar a culpa do furacão em Mianmar e do terremoto na China, já que os analistas estão bem longes desses lugares. Aliás, uma das maiores injustiças é justamente a de receber responsabilidades por coisas que não fez de pessoas que estão completamente alijadas do processo de saída. Falta integridade, coerência, consciência, consistência e senso de justiça para quem assim procede.

Um bom exemplo é quando Davi foge de Saul. Diante das injustiças que o rei vinha lhe provocando, não coube a Davi outra alternativa há não ser sua saída. O rei tentara lançá-lo na parede (literalmente falando). Isto porque o rei e aqueles que estavam próximos dele sabiam que sua unção tinha ido embora. Que culpa Davi tinha disso? Nenhuma. Saul perdera a unção por causa dos seus atos, de sua desobediência e de sua falta de integridade. E Davi recebera a unção porque tinha um coração quebrantado. Sair e fugir não foi fácil para ele naquela ocasião. Por vezes quem é ungido acaba sendo injustiçado; por vezes a unção sai junto com quem se foi… Não foi fácil para a corte de Saul conviver com um líder atormentado sem alguém que tocasse a harpa para ele.

Lembro-me também de Davi sendo “expulso” do palácio por Absalão. Ele sai e no caminho quem o encontra? Um desconhecido chamado Simei (2 Samuel 16). Davi vinha triste por causa da sua saída e da forma como ela teve que acontecer (2 Sm.15:30). Ele também estava passando pelo seu Getsêmane, pelo seu lugar da prensa (onde a azeitona era prensada até se tornar azeite). Sofrendo a traição, a saída, acaba ainda sendo apedrejado por Simei. Quer coisa mais injusta do que numa hora de fragilidade, de tristeza pelas perdas e pela injustiça, você ainda receber pedradas? E do inexpressivo Simei? Ora se queria tanto lançar pedras, por que não o fez antes? Penso que as pedradas mostram o caráter de quem as atira, uma vez que aponta para gente que não tem coragem para encarar.

Me recordo agora de uma cidadão, que por algum motivo que desconheço, me marcava nos cultos. Sua marcação se dava pelo site da Igreja. Toda vez que ele, como não membro que era estava no culto e eu fazia uso da palavra, nem que fosse para orar, dia seguinte tinha uma mensagem com um reparo, uma crítica. Ocorre que eu mesmo respondia todos os contatos feitos pelo site daquela igreja. A coisa era no nível do mau emprego de um advérbio (reparo pelo qual sou grato, porém revelador do nível da implicância). Engraçado que o pastor principal da igreja tinha “língua presa”, do tipo que fala “AGAGAGUARA”. Sobre ele, nunca teve qualquer pontuação.

Mudei-me. Dia seguinte, para minha surpresa, esse irmão que me perseguia por algum motivo que desconheço (desconhecia até ele mesmo), entra no site e envia novo comentário dizendo que tinha visto a minha mudança para o prédio que ele morava. Fiz um singelo convite a ele na resposta: meu apartamento é o número tal. Apareça quando tiver algum novo reparo para fazer. Miraculosamente nunca mais recebi qualquer contato… é a tal falta de coragem que faz com que gigantes atrás das telas se tornem formigas fora delas.

Injustiça também por ver conselheiros seus que vão lhe trair. Aitofel (2Sm.15:31) traiu a Davi para ficar e pender do lado de Absalão. Tem gente que é assim mesmo: não importa quem está no palácio, só importa é não ficar longe dele. Aitofel não tinha senso de lealdade, mas sim de oportunidade. Mas aquela desconfiança que você tinha só vai se tornar certeza depois que sair e trilhar o caminho das “pedras com asas”. Alguns acham que é na proximidade que as pessoas se mostram. Penso, pautado na Palavra que por vezes ocorre o contrário: é na distância que elas se revelam. E olha como se mostram!

Realmente a injustiça dói. Ainda mais quando a pele que a sente é a nossa. Mas não quero terminar esse texto pela via da injustiça. Quero terminá-lo proclamando a justiça de Deus! E nada como deixar a palavra de Deus falar ao nosso coração! Por isso guarde bem:

a) Que a destra que é o braço da JUSTIÇA de DEUS lhe sustentará:

“A minha alma se apega a ti; a tua destra me sustenta.” Salmo 63:8

b) As pedradas serão cessadas por ação divina:

“…porque será tapada a boca aos que falam a mentira.”(Sl.63:11)

“Assim serão levados a tropeçar, por causa das suas próprias línguas; todos aqueles que os virem fugirão.” (Sl.64:8)

c) Deus fará justiça a você, restaurando a sua vida, assim como de e restituiu o reino a Davi;

“Tu, que me fizeste passar muitas e duras tribulações, restaurarás a minha vida e das profundezas da terra de novo me farás subir.

Tu me farás mais honrado e mais uma vez me consolarás.

Também a minha língua sempre falará dos teus atos de justiça, pois os que queriam prejudicar-me foram humilhados e ficaram frustrados.” (Sl.71:20,21,24)

d) Por fim há uma promessa e benção para a sua vida:

“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois serão satisfeitos.” (Mt.5:6)

Lembre-se que a injustiça terá um fim. Mas a Justiça, como um dos valores do Reino de Deus, é igual a ele: não tem fim! Ela pode ser eclipsada por um momento, mas ela tornará a raiar sobre aqueles que a esperam e que vivem em retidão. Pois o Senhor não negará jamais bem algum para os que assim vivem (Salmo 84:11b).

Pr.Sergio Dusilek

sdusilek@gmail.com

1 Comentário »

  1. Pastor, gostei muito, ate porque tenho passado por injustiças na faculdade, a palavra que Deus lhe deu falou muito ao meu coraçao, por outro lado me preocupou em pensar que o senhor pode ser quem esta passando tambem. Seja como for, a verdade sempre vem, Deus é fiel!!! Obrigada pastor!

    OBS. gostaria de autorizaçao para projetar essa mensagem no meu orkut, aguardo retorno. obrigado.

    Comentário por Renata — agosto 31, 2008 @ 4:57 pm | Responder


RSS feed for comments on this post. TrackBack URI

Deixe um comentário

Crie um website ou blog gratuito no WordPress.com.