Novos Caminhos, Velhos Trilhos

março 30, 2018

SINCERIDADE

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 4:57 pm

“Porque nós não somos falsificadores da palavra de Deus, como tantos outros; mas é com SINCERIDADE, é da parte de Deus e na presença do próprio Deus que, em Cristo, falamos.” (II Coríntios 2:17)

Paulo já tinha usado o termo sinceridade no capítulo primeiro, verso 12 do mesmo livro. Sinceridade é a qualidade de caráter que reluz e reflete a integridade. Antigamente os vendedores de vaso, quando tinham um produto danificado por uma trinca, rachadura, passavam um pouco de cera e tornavam a expor a mercadoria para ser vendida. Uma espécie primitiva do comércio no Paraguai (para quem já foi lá…rsrs!). Ao comprador cabia uma única chance de colocar o objeto contra o sol, pois nessa hora as trincas seriam reveladas, impedindo que ele levasse um produto com defeito.

Sinceridade deveria ser a marca de um cristão e de grupos cristãos. Deveríamos valorizar a sinceridade, pois ela é conduíte para a verdade. Contudo parece que alguns grupos não estão preparados para a verdade, não é mesmo?

Lembro-me de uma reunião na qual participava. Uma organização batista, com nova direção, assumia publicamente para seu conselho que a dívida que possuía era maior do que espelhado no “irreal” balanço. Ao invés de celebrarem a sinceridade e a verdade ali exalada, parte do grupo afrontou o novo executivo, o mesmo que agia com integridade e sinceridade e que não fizera um centavo daquela dívida toda, ora revelada… A coisa é tão insana que me pareceu que tais irmãos gostariam de continuar a serem enganados, numa celebração contínua da falsidade e da mentira. É… você percebe que uma organização perdeu seu caráter crístico, quando delibera pelo falseamento.

Grupos assim distribuem tapinhas nas costas na mesma intensidade com a qual apunhala o outro. E nesse clima de mornidão é que sobram os machões cheio de opiniões que machucam atingindo pelo lado da couraça, o lado do ombreamento, o lado pertencente aos amigos (Sl.55). Grupos assim estimulam a premiação de uma fidelidade a alguém que se mostra servo, capataz de líderes ou interesses maiores. Grupos assim acolhem quem elogia o contraditório no privado, mas que dissimula no público.

Por que falo isso aqui? Primeiro porque por vezes eu já fui pego por essa insinceridade. É muito ruim. Ainda mais para alguém com meu perfil…

Segundo porque essa ausencia de sinceridade já começa a se manifestar. Já tive pessoas que alteraram as versões ao comentar um dos meus escritos. Conforme o diálogo se processa e os argumentos se esvaem, a pessoa ao invés de parar vai editando sua ponderação até excluir o comentário. Já conheci muita gente que vive de versões… e quem assim faz, não vive de verdade e para a verdade.

Ao contrário de muitos que pensam e de outros que nem pensam, procuro expor as minhas opiniões. Não faço isso para ofender alguém: o meu último texto, por exemplo, traz uma opinião pessoal, mas ele não é “pessoal”. É uma crítica que julgo pertinente ao funcionamento da CBB; uma crítica institucional. No entanto, alguns não assertivos (melhor eufemismo que encontrei para expressar o que estou pensando) (perceba: não considero ninguém que se posicione diretamente desse modo), iniciam processos laterais de crítica e comentário.  E o fazem de modo cruel, envolvendo inclusive familiares. Você percebe que uma organização vai mal quando ela não consegue digerir uma crítica, optando pelo caminho da auto-ilusão, do embevecimento pelos elogios. Você nota que uma organização perdeu o rumo quando só há ovacionamentos e quando a sinceridade é lida como afronta. Você percebe que uma organização passou quando ela lê as coisas da forma como lhe interessa: coloca acidez onde não tem; enxerga doçura onde não existe, etc.

Uma vez pegos no erro, não assumem. Falta-lhes sinceridade para reconhecer a verdade. E assim, de falsidade em falsidade os grupos cristãos vão perdendo sua identidade, sua semelhança com Jesus. Às vezes penso que o homo religious (Mircea Eliade) se torna um exemplar sistêmico, perdendo inclusive a condição humana. Chega a perder inclusive a condição de HOMEM sob o foco da noção da responsabilidade na ética contemporânea.

Sinceramente…

Pr.Sérgio Dusilek

sdusilek@gmail.com

 

 

 

março 29, 2018

QUANDO A CBB SE TORNA O BRAÇO DE UMA IGREJA BATISTA LOCAL

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 11:00 am

O que está acontecendo com a CBB? Que assimilação acrítica é essa que ela anda fazendo? Por que incorporar iniciativas (infelizes por sinal) de uma igreja local, com sendo de amplitude da CBB? Que tipo de exposição midiática a Convenção quer? Aquela que beira o menosprezo, a ridicularização?

Já é a segunda vez, num curto espaço de tempo, que a CBB incorpora a iniciativa da igreja de seu presidente. A primeira foi na campanha para homens vestirem azul e mulheres rosa em dezembro passado, justamente no dia da Bíblia. Dizem que foi uma promoção de uma tal “ideologia de gênesis”, seja lá o que isso pretende significar. Sim, a CBB se tornou uma consultora de moda… paradoxal, não?

Agora foi na cartilha sobre a questão de gênero. Veja, é muito bom que uma Igreja e a CBB parem para pensar sobre essa e outras questões, visando a promoção de um diálogo. Contudo, é muito ruim que o resultado seja exemplo de algo que interrompe qualquer conversa e que passe ao largo de qualquer sabedoria. O material, o livreto “Viva a diferença” é ruim, preconceituoso, tem um linguajar adulto, embora seja destinado à leitura infantil. Seu conteúdo é fraco, o conhecimento é escasso e a sabedoria nem de longe passou ali.

Sabe o que tem acontecido? A CBB e as Igrejas Batistas ao se identificarem com ideologias e bandeiras da extrema direita, tem reduzido o modo de ser Igreja Batista a um grupo com certas tendências políticas. Ou seja: a CBB tem propugnado a adoção de uma forma tribal de igreja, excluindo a melhor compreensão bíblica de que a Igreja é para todos, sejam pessoas de faixas etárias diferentes, sejam pessoas de educação formal e familiar diferente, sejam pessoas de visões políticas diferentes. Nesse processo, não são poucos jovens inteligentes e de uma linda capacidade crítica que tem sido expurgados de suas igrejas e do âmbito da CBB. É a Convenção perdendo seus melhores quadros…

A pergunta que fica é: a CBB se tornou quintal da Igreja do seu atual presidente? Esse processo de assimilação dessas iniciativas passou (foi aprovado) por algum fórum decisório dela (reunião do Conselho, da Diretoria, etc.)? Ou a estrutura denominacional se tornou agora serva da igreja presidencial?

Penso que essa mistura é muito ruim para a alma batista, para o jeito de ser batista, assim como para a estrutura denominacional e para a própria Igreja local. Não se ignora um princípio batista sem que essa ação resulte numa ranhura em todo o processo de vivência e convivência denominacional. O pior é que a CBB tem em seus quadros muitos, mas muitos obreiros e obreiras capacitados, inteligentes e sábios que poderiam produzir um material que levasse princípios de modo sábio e dialogal. Do livreto, só aproveitaria as ilustrações.

Pr.Sérgio Dusilek

março 23, 2018

Dr.Paul Freston – oportunidade

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 7:28 pm

Faz uns dois anos… Vi o anúncio do encontro da Miqueias Global em Belo Horizonte. Quem me conhece sabe que qualquer coisa me leva para BH… (rsrs!). Falei com Lili e ela topou. No encontro, uma das palestras era do Dr.Paul Freston. O mundo científico de Lili (área médica) é bem diferente dos nichos por onde circula a lucidez de Freston. Ele falou com aquela simplicidade que lhe é característica. O melhor indicador para mim? Lili adorou!!
Por que falo isso aqui? Você, especialmente que está no Rio, não pode perder as 3 (que eu saiba) oportunidades para ouvi-lo:
1) Amanhã pela manhã, ele estará no Instituto Djanira (Ftsa Polo Rio), cuja inscrição prévia é requerida. Isso será na Barra da Tijuca;
2) NO DOMINGO PELA MANHÃ (11:00hs) ele estará na IGREJA BATISTA MARAPENDI (www.igrejamarapendi.org.br) – Av.Paisagista José Silva de Azevedo Neto 200 – O2 Corporate – Bloco 9 – SUBSOLO – no Centro de Convenções em frente à Body Tech;
3) Na segunda, 10:00hs no CIEM – Rua Uruguai 514.

Mas veja: cancele a viagem, negocie a folga, visite outra igreja (rsrs), compense um dianas férias… MAS NÃO DEIXE DE OUVI-lo. Abração.

março 21, 2018

Que tipo de Preconceito sofreu Jesus?

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 10:12 am

Preconceito??? Jesus??? Pergunta você. Sim, por pelo menos duas vezes Jesus sofreu forte rejeição social. Uma pelos empresários gadarenos, os quais estavam mais interessados na PORCaria que mantinha seus negócios e que chafurdava a cidade numa espiritual espiral de união com aquilo que era considerado imundo. Outra pelos samaritanos que rejeitaram, certa vez, a passagem de Jesus, ocasião que João queria exercer toda sua xenofobia “mandando fogo do céu” sobre aquele povo… Sim, boa parte do preconceito daqueles que seguem Jesus se evidencia nas imprecações, no discurso carregado de praguejamento.

Jesus também recebeu acintoso preconceito dos grupos religiosos judeus. Os saduceus por conta de sua aliança espúria com o Governo Romano representado, na narrativa bíblica,  por Herodes e Pôncio Pilatos. Jesus era uma ameaça a esse poder, mesmo vivendo de modo marginal, longe dos palácios e dos centros de poder do seu tempo. Parece-me que qualquer pessoa que viva os valores do Reino, uma hora passará a incomodar os palácios… é a circulação indigesta de quem não está ali, mas cuja vida e símbolo de luta, contestação transita entre seus frequentadores. Não foi por outra razão que Herodes mandou chamar Jesus, bem como não foi por outro motivo que este o chamou de “raposa”, uma alusão condenatória. Sim, a vida de Jesus preencheu o espaço público e, em alguns momentos, há registro de suas opiniões políticas.

Contudo o grupo que mais afrontou Jesus foi o dos fariseus. Detentores da guarda da Lei e de um purismo ritual, os fariseus tinham interesse na guarda do nome e da boa fama. Não se importavam com a sua podridão, com seus “trapos de imundícia”; no entanto, gostavam de denunciar os primeiros pedaços de pano sujo que apareciam nos outros. Exigiam e propalavam uma espiritualidade embalada a “Vanish”, mas como não reconheciam seu estado miserável (daí ser digno da Misericórdia de Deus, ou seja, uma dignidade que nasce da indignidade) jamais colocavam suas “vestes” para lavar. Resultado? Vida de hipocrisia, fragmentação da alma que discursivamente dizia uma coisa e na prática fazia outra.

Pois esse grupo fez severa oposição a Jesus. O preconceito religioso é o pior. Faz com que pessoas reconheçam o valor daquele que atacam e se encontrem com o alvo às escondidas (Nicodemos em João 3); faz com que se classifique pessoas separando a mesa para os “mais escolhidos”, os “prediletos” (Mt.14) e relegando os carentes de Deus a um lugar secundário; condena as pessoas à opressão ao invés de convidá-las a libertação (Lc.13). O preconceito religioso fez com que os fariseus que preservavam a Lei e zelavam pelo judaísmo mais puro, não reconhecem o cumprimento da promessa do Messias em Jesus. O preconceito cega. O preconceito exclui Jesus. O preconceito faz com que não vejamos na ação de Jesus um Deus impregnado de amor.

O preconceito engessa, tornando exclusiva e míope, domesticada e empobrecida, a ação de Deus. Deixa de perceber a multiforme Graça de Deus. Não nota as diversas sinalizações do Reino de Deus que acontecem fora de sua principal agência, a Igreja, justamente porque ela ao invés de se envolver com a realidade, procura manter uma certa “pureza ritual” e guarda do seu “bom nome”. Sim, meus queridos e queridas, há muita gente não cristã brigando pelos valores do Reino de Deus, assim como há muitos cristãos condenando tais valores!!!

E o povo da época de Jesus? Ah! Esse, em sua grande maioria, não tinha problema com o Mestre. Ele O via ensinando com autoridade e não como os fariseus; ele se maravilhava das curas e do poder que dEle saía a ponto de dizerem por diversas vezes “nunca vimos coisa semelhante a essa”; eles seguiam Jesus, clamavam por Ele, se ajuntavam em áreas desérticas para estar com Jesus. O povo quer Deus, quer os valores do Reino de Deus.

É assim que vejo o movimento de ontem na Cinelândia-RJ. Enquanto parte dos religiosos bradam contra a vereadora que foi vítima de um atentado por conta dos interesses políticos que redundam em benesses financeiras (como os saduceus na época de Jesus), outra parte destila (apesar de sóbrio) preconceito. O povo? Ah! Este continua identificado à mensagem de esperança e renovação que existe no Evangelho; continua buscando e valorizando cada sinalização do Reino de Deus, mesmo que por vezes nem saiba que o valor defendido ali seja do Reino. O povo continua querendo Jesus, mesmo quando rejeita a religião que toma o Seu título, o Cristianismo. O povo não aguenta mais preconceito e hipocrisia travestidos de zelo e “limpeza” social.

Oro e torço para que a Igreja fique mais parecida com o Cabeça (Jesus) do que com seus cabeças (líderes). Oro e torço para que tenhamos uma Igreja menos preconceituosa e mais amorosa. Oro e torço para que a Igreja deixe o monte da transfiguração e desça para a realidade, para o nível intramundano, exorcizando das crianças, jovens e velhos e também das ESTRUTURAS SOCIAIS (as quais mantém vivos os preconceitos) todo demônio que faz com que as pessoas sofram com fogo e água (Mt.17:15). Oro e torço por uma igreja que não se preocupe com seu nome ao querer SINALIZAR e GLORIFICAR o NOME de JESUS. Uma igreja disposta a ir aos porões da tortura, de sujar suas vestes não com o preconceito social, mas com o maltrapilho. Uma igreja pública e não privada… aliás, não foi isso que os templos e suas cercas reforçaram? A noção de que se é igreja somente dentro de 4 paredes? A igreja precisa ir para as ruas, tomar o espaço público. Contudo veja: não é só para evangelizar e distribuir folhetos… é para apontar para a JUSTIÇA.

Oro, torço e sonho com essa Igreja.

Pr.Sérgio Dusilek

sdusilek@gmail.com

março 17, 2018

AINDA SOBRE MARIELLE…

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 9:51 am

Circula pelas redes sociais um post atribuído ao Pr.Claudio Duarte que fala da morte de uma médica vítima de latrocínio. A leviandade não está em quem lamenta a morte da Marielle, com todo seu simbolismo e caráter emblemático. A leviandade está naqueles que ressuscitam a dor de uma família para poder diminuir a dor de uma sociedade. Senão, vejamos:
1) O fato referido ao post aconteceu em 2016. Gerou comoção por ser uma médica. É uma leviandade postar como foto, marcando “1h” de postagem, como se a noticia fosse recente. Ela não é… foi escolhida, pinçada a dedo e com uma postagem de um pastor “leve”, tido como bem-humorado. ACORDA! Estão manipulando você. Possivelmente o mesmo grupo ou ideário que matou/EXECUTOU Marielle;
2) É uma falácia achar que só quem salva vidas são os médicos. Primeiro, porque sem querer ou por querer (casos patológicos) eles matam também. Segundo porque salvar vidas não é prerrogativa profissional: é prerrogativa de pessoas de bem. Marielli, ao denunciar os abusos, a violência e as mortes, estava salvando vidas também;
3) A aproximação das duas mortes são diferentes. Uma se dá, para muitos, pela condição social, pelos amigos, trajeto percorrido, pelo uso da cabeça e das mãos… outra se dá pelo impacto pelo Atentado, pela execução pre-meditada… pelo uso da cabeça e da VOZ;
4) A médica foi vítima da violência que assola ao Rio: latrocínio. Marielle foi vítima da violência que assola o ESTADO: execução – morte encomendada, planejada;
5) Por fim, e voltando ao post referido, em sendo o post uma publicação pretérita do Pr. Cláudio Duarte, este deveria continuar fazendo suas piadas sexistas. É menos mal, do que se aventurar a uma leitura (ainda que de fatos pretéritos), de uma realidade que sua comicidade não o permite adentrar, aprofundar.
Por isso digo: não igualem. É diferente em todos os sentidos, até pelo contexto em que estamos agora de Intervenção militar. É diferente no símbolo, na representação. É diferente no contexto e na execução. É diferente na perplexidade pois adentramos num novo estágio/patamar de violência no Rio: o ATENTADO.

Há ainda aqueles que, sendo evangélicos, desqualificam o significado da morte de Marielle por conta de suas opções em vida. Sim, parece que além de negra, candomblezeira, era lésbica. Mesmo que nós possamos discordar de suas escolhas, parece que ela possuía mais coerência do que seus cibernéticos algozes. Digo isso porque aquele que procura desfazer da vida pública de Marielle por conta de sua vida particular, deveria também desfazer de Saulo (perseguidor, torturador e assassino da Igreja), do falseane Pedro (Gl.2) e, por que não dizer, de Jesus (que sentava em umas mesas que não eram tão puras assim…).

Entenda: a questão da morte da Marielle é política, mas não daquele enviesamento “esquerda x direita”. É algo maior: atinge os partidos, a forma de fazer política nesse país; atinge a nós, o espaço público por onde transitamos e por onde circulam nossas ideias e ideais.

A única coisa que cabe à sociedade como um todo nesse momento, na minha visão, é reverberar e exigir a apuração desse crime. Não que os outros não sejam doloridos. No entanto, se esse crime não for solucionado, nenhum outro será. Isso porque INSTITUCIONALIZAREMOS a violência e assumiremos a categoria de ATENTADO como mais um fato da “normalidade” social. Perceba: só falta essa categoria para que cheguemos ao nível do horror vivido na Colômbia, especialmente em Medellín, pelo cartel que levava o mesmo nome.

Pr.Sérgio Dusilek

sdusilek@gmail.com

março 15, 2018

RIO

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 11:30 am
“E rogaram a Jesus que se retirasse dos seus termos” (Mt.8:34b)
O Rio não está preparado para o Bem. Nem sei se o anseia mais… Rio esculpido por Deus, de uma beleza natural, mas que sofre com suas chagas no campo social. É uma cidade partida, que parte/corta seus habitantes com balas, facas e, sobretudo, com tragédias.
Rio que prefere a escuridão. Ontem, tomei ciência do crime contra Marielle pelo celular. Naquela hora, a Light deixava várias áreas do Recreio na escuridão.
Rio que tem estranheza com o bem, com o correto. Que insiste em caminhar com seus palácios tomados por gadarenos, promovendo o mal, a separação e a degradação de tudo que é humano.
Rio que mata e que redescobre a cada dia que não há balas perdidas quando estas atingem e ceifam uma vida. Balas perdidas deveriam ser somente aquelas que ficam nos postes ou nos muros.
Rio que mata seus melhores defensores, num estado cheio de interventores. Não conheci Marielle, mas me emocionei com os relatos proximais de Clemir Fernandes e de Sarah Dos Anjos.
Rio que interrompe trajetórias, as mais lindas histórias, como a da POLÍTICA Marielle, que dignificava não só seu mandato, mas a própria atividade. No meio de tantos “profissionais” dos cargos, enxergar alguém que faz política por vocação é renovador!
Rio que cala quem anuncia a Justiça… até quando você fingirá que aquilo que é falado, denunciado não faz parte do seu dia-a-dia?
Rio dos conluios, dos roubos às cargas, aos cidadãos, do contínuo assalto aos cofres públicos… do desgoverno que alimenta esse viciado ciclo de violência.
Rio que não conhece os limites, que não respeita uma representante do Estado… o que pode o cidadão comum esperar?
Rio sob suspeita… ora, se ao que tudo indica pessoas investidas do poder do Estado fizeram isso, quem investigará o crime?
Rio que troca acintosamente a nomenclatura… chamar de bandido quem cometeu uma execução? Não, imprensa carioca, bandido rouba, por vezes mata; quem só mata é ASSASSINO. E quem o faz com todos esses requintes como do caso da Vereadora Marielle é COVARDE!!!
Rio sob intervenção… qual? Onde??? Marielle foi morta no Estácio… isso quer dizer que ela estava entre o Batalhão do Choque (PM) e o Batalhão da Polícia do Exército… só para citar duas guarnições…
Rio doente, ulcerado: que abriga bilionários e miseráveis. E que pacifica essa convivência com força, violência e conivência.
Rio que convive pacificamente com o mal e que se coça com o Bem.
Rio que como Gadara, celebra os possessos e expurga o BEM.
Rio que mataria Jesus Cristo; Rio que matou Marielle.
Rio que dói e faz doer.
R.I.P. Marielle Franco: O Rio não estava preparado para você. Nos perdoe.

março 8, 2018

O Céu está em crise

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 7:34 pm

Parece absurda a afirmação para você? Então me desculpe, mas acho que ela expressa a mais pura verdade. Não que seja uma crise da falta de recursos, porque o céu não é o berço do capitalismo. Lá ninguém entra por mérito pessoal, mas pelo mérito/Graça de Jesus Cristo. Lá também não há dinheiro: também, não precisa. Quando se tem tudo (DEUS) para que se iria querer outras coisas? Lá também tem igualdade… vixe… paremos por aqui porque se continuarmos descobriremos que estamos indo para uma comuna!!! (rsrsrs!)

Mas como então o céu fica em crise? A crise celestial é a crise da injustiça. É  a opressão ao pobre, o assassinato de crianças nas ruas e nas guerras, a fome… enfim, toda a forma de violência ao outro deixa o céu em crise. Como essa crise se revela? Através dos recados, mensagens que Deus mandou ao longo da História por seus profetas. Um exemplo clássico disso é a grande fome de Samaria (II Reis 6-7).

O rei da Síria, ao não conseguir ter sucesso  em sua tática de emboscadas contra o rei de Israel, tenta matar o espião do céu: o profeta Eliseu, o qual dizia delatava as emboscadas. O que aconteceu? O rei da Siria vem então, após algum tempo, e cerca Samaria. Ao proibir as trocas, o comércio, a cidade preservou sua moeda, mas perdeu a oportunidade de comprar qualquer coisa. A crise era tamanha que cabeça de burro e esterco de pombo valiam mais do que bitcoin!

O ápice dessa crise de desabastecimento foi o acordo entre duas mães para matar, cozinha e comer os filhos. Um delírio social, que aconteceu com o primeiro, mas que diante da recusa do sacrifício do segundo pela segunda mãe, a situação para no colo do rei. É nesse contexto que o rei, com raiva de Deus e do seu mensageiro (Eliseu – já que não tem como esganar Deus, que se esgane seus profetas!), manda seu capitão decapitar Eliseu.

Imaginou a cena? Fome, delírio, dinheiro pra comprar mas nada para vender ou ser comprado, sua cabeça como servo de Deus a prêmio… essa é a hora do “amaldiçoa a Deus e morre”, não? Não! E isso porque o céu fica em crise com a crise do mundo. A crise do mundo perturba a paz do céu. Nós não temos um Deus indiferente ao sofrimento, mas sim adoramos Àquele que se identificou com nosso sofrimento.

Nessa hora é que vem uma doce palavra, uma renovada esperança para todos de Samaria. Eliseu prediz a abundância de comida. Sim, porque o céu não gasta tempo anunciando excedente de produção para ganho de alguns. Ele anuncia abundância… e ela é para todos.  Poucas coisas agridem tanto a Deus quanto um celeiro cheio num mundo vazio, de tanta carência. Não foi por outro motivo que Jesus contou aquela parábola que dá conta da loucura daquele que amealha só para si (Lucas 12:20-21). Tanto os endinheirados como os empobrecidos… quando o recado é do céu, a bonança, a benção atinge a todos! Por isso creia que há uma SAÍDA e ela vem do céu! O céu se importa com a nossa crise!

Isto posto, o que fazer diante de tamanha crise?

  1. Procure não contribuir para seu aumento. -Mas como eu contribuo? -Pergunta você.  De duas formas principais: a) vivendo como cigarra e não como formiga… lembra da fábula? A cigarra vivia a cantar e a formiga só a trabalhar… ao chegar o inverno a formiga tinha provisão e a cigarra não. O que quero dizer com isso? Aprenda com o ensino de José para Faraó: a cada 7 anos de recorde em vendas, vem um período de 7 anos de vacas magras… Guarde, tenha uma vida simples, pois estas reservas poderão lhe salvar no tempo do inverno; b) estanque os ralos. A receita acabou ou está minguando? Feche os ralos um a um. Não adianta injetar recursos em ralos abertos. Tudo é sugado pelo ralo. Saiba que esse processo é doloroso, mas necessário. Algumas vezes cortando o supérfluo as coisas se resolvem: outras é preciso cortar na carne. Contudo lembre-se: é melhor que você administre seus cortes do que outro (credor – II Reis 4) faça isso por você.
  2. Saiba que a saída dessa situação de crise extrema que você se encontra  não está tanto nos amigos, nos familiares, nem no seu Networking. Diante de uma crise como a de Samaria, a única esperança é que o céu “compre”, “entre” na sua crise. O que quero dizer com isso: a saída de uma grande crise começa pelo céu! A questão é se você vai viver para ver o tempo de bonança voltar para a sua Samaria, ou se vai ficar na porta da bonança, como o capitão do rei.
  3. Por fim, essa reviravolta não é pra você voltar a ter carrão, avião, bancão, checão, cartãozão, etc. É para você, uma vez salvo pelo recado do céu, uma vez vivendo o cumprimento da promessa, possa compartilhar com os outros o que Deus está fazendo contigo. Seja mais humano. Seja mais misericordioso. Tenha mais liberalidade. A vida não é sobre você, mas em como você confere sentido a ela seguindo a Jesus e servindo aos outros.

Afinal, lembre-se: é do céu que vem os novos começos.

Com carinho e em oração,

Pr.Sérgio Dusilek

sdusilek@gmail.com

 

 

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