NÃO ADIANTA SER IGREJA SEM JESUS. (Mt.26.56b e I João 1:7)
Somos muito diferentes. Não falo aqui só da individualidade que nos distingue, mas de toda herança emocional, informacional, vivencial que carregamos. Não há como a Igreja dar certo, há não ser que todos mantenhamos Jesus como alvo, como foco da nossa mira, da nossa visada. Isso porque se já é difícil conviver com os amigos, familiares, colegas de trabalho, muitos dos quais escolhemos, no caso da Igreja é Deus quem traz as pessoas. E Ele traz gente bem diferente… acho que Ele faz questão disso…rsrs.
Sim, a Igreja é a escola do amor. Lugar onde aprendemos a amar a começar pelo espírito de serviço que nos cerca. O convite de Jesus, o exemplo de sua vida é para que sirvamos uns aos outros. Na igreja, o serviço é primeiramente a Jesus (Col.3:13,23). Se há um consumo, uma avaliação, essa só pode ser a que Deus realiza… não somos nós… a regra continua valendo: só dá para servir, para ser Igreja se mantivermos Jesus na nossa mente e frente.
Com isso em mente, leia I João 1:7. Esse texto sugestiona duas perguntas.
A primeira delas é o que significa andar na luz? Em I Jo.1:5 há uma definição de Deus como luz. É certo que não podemos andar sobre Deus… mas o que ele queria dizer aqui? A mensagem envolve tanto um andar sobre as pegadas de Jesus – sim, o Jesus encarnado, aquele que adquiriu forma humana (Fil.2:5-13), como um andar sob sua influência. Ao contrário dos docetas que, por influencia platônica e neoplatônica, asseveravam que Jesus tinha aparecido, como um holograma, em aparência, a mensagem joanina atesta a corporeidade do Cristo. A densidade da caminhada de Jesus foi tamanha que suas pegadas deixaram um rastro e um lastro que mudou a História. Andar na luz é seguir as pegadas de Jesus, “andar como Ele andou” (I Jo.2:6).
Andar na luz também significa andar SOB a luz, isto é, sob a influência de uma radiação que nos transforma: a influência de Deus. Quanto mais perto dEle, mais transformados somos. Ao andarmos na luz vivemos a dimensão do amor. Não há nada mais apologético que o amor a Jesus sendo traduzido no amor em comunidade que faz com que nos aceitemos mutuamente.
A segunda pergunta tem a ver com a parte final do verso. Ora, se andamos na luz, como falar em pecado e em purificação do pecado? Ocorre que não somos, como seres humanos, somente bondosos, como queria Rousseau, nem tampouco puramente maldosos como defendia Agostinho e numa dimensão mais abrandada, Kant com seu “mal radical”. Mesmo andando na luz, pecamos. Mesmo sendo revestidos pelo Sumo Bem no batismo do Espírito que ocorre na hora da conversão, seguimos não no erro, mas errando.
Na vida em comunidade isso se percebe não só nos momentos em que há os “descontos” mas também nas horas dos involuntários choques. São pecados relacionais, muitos dos quais não nos damos conta. Nessa hora é preciso que o sangue de Jesus azeite as relações, as engrenagens da Igreja que somos nós, as pessoas, para que consigamos prosseguir. Igreja não é lugar para se abandonar (Hebreus 10:25); é lugar para se ficar e lutar por ela. É lugar de resistência.
Só há um jeito para ser Igreja: com Jesus. Ele é que nos ajuda a andar na luz, prevenindo problemas que poderiam ser criados para a comunhão, assim como purificando as relações com seu perdão, que sempre nos atinge em primeiro lugar.
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Pr. Sérgio Ricardo Gonçalves Dusilek