Novos Caminhos, Velhos Trilhos

fevereiro 10, 2024

Por que você não sai da CBB, já que você não concorda com ela?

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 12:55 pm
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Por que você não sai da CBB, já que você não concorda com ela?

Esta foi a palavra que recebi nessa semana de um colega pastor. A seu favor, ele não é o único a pensar assim. No meio batista atual cresce, como erva daninha, os batistinhas: dispostos a defenderem a CBB contra os princípios batistas e a considerarem o expurgo dos divergentes como uma genuína alternativa batista.

Logicamente que há alguns problemas sérios com esse tipo de posicionamento e o que ele revela.

O primeiro e mais evidente é o desconhecimento do espírito batista que, por açambarcar a democracia e o governo congregacional, não pode prescindir da tensão inerente a todo processo democrático. Sim, a fundamentada e pertinente divergência deveria ser celebrada (e não combatida), como sinal da vigência da energia vital que deve pulsar em uma denominação de regime congregacional como a Batista. 

Neste sentido, a ausência de contrapontos em relatórios, não deveria ser celebrada, mesmo porque ela pode indicar uma desídia e um desinteresse crescente com a “res batista”. Cabe perguntar a quem interessa este assinalado desinteresse… 

A celebrada paz na apreciação de um relatório não é sinal, necessariamente falando, de aprovação divina. Pode ser resultado também do abuso de recursos regimentais e parlamentares, ou de manipulação, entre outros fatores.

O segundo problema desse tipo de posição é que ele nega o desconhecimento dos princípios batistas, onde reside o nosso DNA. Tal desconhecimento se manifesta, em termos práticos, com certa exigência de submissão cega a uma liderança, como se ela sempre fizesse o que Deus quer. Uma espécie de salvo-conduto prévio. Como se uma diretoria, ou um Conselho, tivesse a capacidade e investidura para dar o “imprimatur” batista. Além de não ser bíblico, tal expectativa suprime e sublima a divergência, além de colocar a pecha de “perturbador de Israel” em quem é crítico. Todavia, biblicamente falando, quem era o perturbador da Casa de Israel? Elias ou Acabe? O divergente ou o líder? O mensageiro ou o que preside, governa? 

O  terceiro problema é mais sério. Envolve uma indisposição para com quem pensa diferente a ponto de tentar descredenciar tal pensador. Trata-se de algo estranho aos batistas justamente por ser um movimento inquisitorial aliado à constituição de um pretenso e pseudo magistério teológico, o qual pretende chancelar aqueles que seriam os batistas verdadeiros. Nada mais falso e tão contrário à nossa tradição do que isso. Na esteira desse movimento, tem gente promovendo a declaração doutrinária a um credo, concepção absurda para os batistas ao longo da história, porém plenamente compatível aos fundamentalistas e àqueles que não se despiram do romanismo, mesmo após terem abandonado tal tradição. Sem contar que, frequentemente os integrantes de tal sinédrio Batista, são mal formados teologicamente falando.

O quarto e último problema que aponto aqui, nesta lista que não se esgota em si mesma, tem a ver com o futuro dos batistas. Ora, é visível o desmonte denominacional, exemplificado na crescente desmobilização patrimonial e no surgimento de pequenas denominações (no modelo assembleiano de igreja matriz e igreja filial) que ocorrem debaixo do nariz da CBB. O que poucas pessoas notam é que tibieza denominacional é diretamente proporcional ao silenciamento dos seus profetas. Quantos inquietantes avisos esta denominação ouviu? Quantos foram desconsiderados? Quantos profetas foram relegados ao deserto denominacional?

Sociologicamente falando, todo grupo incapaz de fazer, promover ou ouvir uma autocrítica, está fadado a desaparecer como instituição. Pierre Bourdieu, Rubem Alves, Roger Bastide, entre outros falam do perigo da acomodação de um grupo religioso em sua fase mais institucional. Para você descrente no que digo, permita-me  contrapor à sua incredulidade um dado comparativo: em Julho de 2003, quando ainda estava na JUMOC, o Despertar reuniu 2000 inscritos em Curitiba. Estamos falando de JOVENS de várias regiões do país. Pois em janeiro de 2024, em plena turística Foz do Iguaçu, a assembleia da CBB reuniu a mesma quantidade de inscritos. Com um detalhe: agora estamos falando de um público massivamente composto por adultos e idosos, evidentemente com maior poder aquisitivo.

A grande questão, portanto, que tais colegas (aqueles do início do texto) parecem procurar ignorar, é que quem pensa diferente do que aí está, pode representar mais o espírito batista, mais o legado genuíno, do que a versão institucionalizada vigente. A História, especialmente a que se volta para as religiões, está repleta de casos de grupos que se perderam ao longo do tempo, deixando de ser o que nasceram para ser. Tornaram-se, ao longo da história, estranhos a tudo aquilo que ensejou seu nascimento. Perderam o “sagrado selvagem”. 

Será assim com os batistas da CBB também? O tempo, que segue implacável, e a História dirão. Entretanto, uma coisa é certa: a probabilidade, diante do rumo dado pelos atuais timoneiros da CBB, é grande. Possivelmente, daqui há algum tempo, os batistas serão uma sigla religiosa vazia de significado; ou pelo menos da razão primeira e fundante a qual os fez surgir historicamente na modernidade.

Quem tiver ouvidos para ouvir, ouça.

Dr. Sérgio Dusilek 

novembro 28, 2023

Por que a Igreja não dá certo?

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 5:00 pm

Por que a Igreja não dá certo?

[Exposição compartilhada no Encontro da Fraternidade do Evangelho em Salvador-BA/Novembro/2023].

Introdução.

A primeira grande questão que se apresenta a nós é a estranheza com o título. Ora, um grupo sócio-religioso em franca expansão, parece ter dado certo, não? Pelo menos quando se pensa em um sentido mercadológico. Mas, a igreja que dá certa está certa? Uma igreja que transformou seus templos em diretórios partidários, que abraçou a cultura armamentista, a cultura da violência, pode ter dado certo?

O fato que a negação do outro a partir de uma visão de sistema econômico afeta a economia dos dons espirituais, silenciando a ação do Espírito Santo na Igreja. Uma comunidade de fé que silencia o Espírito Santo de Deus não pode dá certo, pensando estritamente nos termos do Evangelho.

Entre outras possíveis razões, penso que a palavra que sintetiza essa vocação para o flerte com o erro e a prática do equívoco, é a falta de discernimento espiritual (I Cor.12:10). Falta discernimento da Igreja.

1. De que Discernimento estamos falando?

Há duas palavras principais para julgamento no NT, isso porque discernir envolve uma síntese, um juízo. A primeira é dokimazo, que vem do verbo dokeo, que traz a ideia de sopesar, de a partir das evidências colhidas, pôr a prova (Lc.12:56 e I Tess.5:21). É a atitude dos bereanos diante da pregação paulina.

A segunda é krino que envolve o julgamento entre o certo e o errado. Diakrino é o juízo que envolve uma escolha a partir de uma distinção, de uma separação. É quando ficamos em crise diante de uma escolha a ser feita, de uma decisão a ser tomada. Pode indicar uma mente dividida e, por vezes (Mc.11:23, Mt.21:21, Rm.14:23, Rm.4:20) sinalizar incredulidade. Diacrisis (I Cor.12:10) é ser atravessado por uma escolha, ser atravessado por uma percepção que implica em discernir os espíritos (veja Micaias I Reis 22:13-15), a diferenciar entre o bem e o mal (I Reis 18).

Discernir os espíritos é o que falta a Igreja Evangélica no Brasil. Uma igreja que abraça messianismos de gente sem vocação para isso.

2. Onde Faltou Discernimento?

Estamos olhando em direção a um texto sobre a Igreja de Corinto. Uma igreja tida como carismática (a maior lista de dons espirituais está em I Cor.12), mas que não possuía uma maturidade espiritual correspondente. Maturidade espiritual não tem a ver com dons espirituais, nem com tempo de caminhada na fé; maturidade tem a ver com conexão, com tempo diante de Jesus.

Se olharmos, então, para a Igreja de Corinto, vamos notar diversas ocasiões, já na primeira Carta paulina, onde aquela igreja evidenciou sua ausência de discernimento. Ao sublinhar tais momentos, pretendemos jogar luz sobre a Igreja Brasileira, sabendo que os problemas presentes nas igrejas neotestamentárias não são muito diferentes, na sua raiz, dos problemas vivenciados pela igreja de hoje.

Sendo assim, sugiro uma lista que não se esgota em si mesma:

1) Em Corinto, faltou discernimento para saber que não importa a preferência, o batismo, o partido, mas sim Jesus que está acima de todos e de tudo (I Cor.3);

2) Em Corinto, faltou discernimento para reconhecer a apostolicidade de Paulo. Por que desfazer a vocação de quem a gente não concorda?

3) Em Corinto, faltou discernimento para saber lidar com o pecado (“Incesto” – I Cor.5);

4) Em Corinto, faltou discernimento para lidar com os litígios entre irmãos (I Cor.6);

5) Em Corinto, faltou discernimento para entender o limiar do testemunho (I Cor.6,8);

6) Em Corinto, faltou discernimento para diferenciar aspectos culturais de espirituais (I Cor.8);

7) Em Corinto, faltou discernimento para celebrar a Ceia em Paz, quando o ágape corrompe o AGAPE.

Corinto era a igreja das manifestações espirituais, porém sem discernimento.

3. Como Opera o discernimento, o dom do discernimento espiritual?

a) O dom de discernir os espíritos opera no amor e não no ódio (Veja Eliseu e Jorão, em II Reis 2);

b) O dom de discernir os espíritos opera na intimidade, intuitividade, subjetividade. É no íntimo, do íntimo que brota a convicção, o discernimento.

c) O dom de discernir os espíritos opera sob a dispensação do Espírito Santo. A Igreja é eclesia-pneumatikoi, comunidade espiritual, pertencente ao Espírito Santo.

d) O dom de discernimento opera para construção, edificação da Igreja.

Onde estávamos quando este vento fundamentalista soprava sobre o Brasil?

Conclusão.

Que Igreja queremos ser?

A “igreja que dá certo” no Brasil tem muito pouco da essência do que é ser igreja, convenhamos. Ela é mais empreendimento, mais “case” de administração do que resultado da vivência, da experiência de ser um corpo, uma comunidade de fé. Os casos mais bem sucedidos nesta linhagem da corporação religiosa, tem nos seus espaços sagrados verdadeiros shoppings da fé. Tem de tudo, para todos. Inclusive um ombudsman da fé…

Seja qual for o caminho que a igreja evangélica no país tomar, seja qual for a ênfase que o Espírito der a cada comunidade de fé, em todos eles é vital o discernimento espiritual. A Igreja evangélica no Brasil, essa mesma que se dobra aos modismos e aos ventos de doutrina, precisa ser atravessada pela DIACRISIS. Somente assim ela:

  • deixará de tratar as escolhas políticas sob o prisma moral. Escolha política é exercício democrático, da livre consciência;
  • nunca mais plasmará a figura messiânica em nenhum candidato político. Nenhum político merece essa santa menção;
  • aprenderá a nunca mais chamar de puro o que Deus não purificou; e chamar de impuro o que Deus já purificou (Atos 10). Quantas vidas foram desperdiçadas pela Igreja Cristã ao longo da sua história, sendo jogadas no lixo, desprezadas, e que tinham sido purificadas por Jesus! E quantas pessoas foram abraçadas como sendo irmãos, a partir da cooptação política, e nunca o foram!
  • não se permitirá deixar Jesus ser confundido com preferências políticas, como autenticador de projetos de poder, como certos pastores que propagaram o seu jejum (que deveria ser de caráter íntimo, pessoal, segundo Jesus em Mateus 6), de 80 dias para conferir espiritualidade no seu apoio político a certo candidato que, inclusive, é conhecido como DERROTADO.
  • discernirá que o espírito de divisão não vem de Deus, tampouco é Santo!

QUE DEUS ABENÇOE A SUA IGREJA NO BRASIL, DERRAMANDO O DOM DO DISCERNIMENTO ESPIRITUAL SOBRE SUA GREI!

Pr. Sergio Dusilek

outubro 7, 2023

TEM ALGO QUE “NÃO ESTÁ BATENDO”

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 12:59 pm

TEM ALGO QUE “NÃO ESTÁ BATENDO” – Inquietações sobre a apuração da barbárie sofrida pelos médicos na Barra da Tijuca.

Penso que todos fomos sacudidos com o bárbaro crime cometido contra médicos que congraçavam em um quiosque da Barra da Tijuca, o qual vitimou fatalmente três deles e mantém um ainda internado. Para além da falência das políticas de segurança pública do Estado do Rio de Janeiro que, diga-se de passagem, vem de longa data, a qual enseja a possibilidade de que tais crimes aconteçam, a solução do crime tal qual apresentada pelo governador, ao invés de sinalizar para uma realidade positiva, pode representar o sepultamento final do poder público fluminense. Senão, vejamos (e aqui compartilho algumas inquietações):

  1. Segundo as apurações até agora, tudo não passou de um equívoco, de uma confusão, por conta da semelhança entre um dos médicos mortos e um filho de miliciano. Honestamente falando, a confusão era porque os dois eram calvos e tinham barba? Nos demais quiosques da orla da Barra, naquela fatídica noite, não tinha mais ninguém com barba e calvo? Quer dizer que se a turma do Porta dos Fundos tivesse marcado uma saideira em algum quiosque, Duvivier, Porchat, entre outros estariam mortos porque Antônio Tebet (vulgo Peçanha) teria certa familiaridade fenotípica com o alvo?
  2. Sinceramente, deu tempo para fazer um confere, ou no vídeo os assassinos chegaram atirando, já que as investigações alegam a semelhança com o alvo?
  3. Ainda sobre o vídeo… não lhe pareceu que parte do grupo que atirou fez empunhadura da arma como as forças de segurança instruem em seus cursos?
  4. Na apuração foi dito que o pretenso alvo, filho de um miliciano, sabia que era carta marcada. Desde quando figuras marcadas vão para quiosque à noite? Ele queria ser “eutanasiado”?
  5. A imprensa também divulgou que o alvo não estava naquela região. Ora, o grupo de matadores não foi avisado disso? Morte encomendada, de gente graúda, com risco de troca de tiros, e com esse grau de amadorismo?
  6. A hipótese aventada é que o alvo residiria perto daquele quiosque, algo em torno de 200 metros de distância. Ora, a polícia está sugerindo que o miliciano mora no Vivendas da Barra ou em endereço vizinho a este condomínio? Esta proximidade não deveria trazer mais perguntas do que assertivas no processo investigativo?
  7. Sabendo que o filho do miliciano andava com seguranças armados, os assassinos foram só em um carro? Somente em quatro? Sem grupo de apoio, ou retaguarda? Estaríamos falando de uma tropa de elite assassina? Mas eles não nos foram vendidos como amadores?
  8. Após a comoção social a polícia divulga um áudio interceptado que além da baixíssima qualidade, em nada comprova sua ligação com o crime. Esse áudio é datado de quando? É no mínimo estranho que tal elemento apareça justamente quando a tese de crime por motivação política ganhava o foco principal de toda a imprensa. Foi como “tirar um coelho da cartola” …
  9. Estranho também é a tese esboçada de que o crime seria resultado da ação de traficantes. Ora, na malemolência carioca, todos sabemos que traficante não se mete em guerra de milicianos, de milícia contra milícia.
  10. Nesse caso, a videoconferência entre traficantes tem mais chance de ter sido um arremedo do que uma solução. Primeiramente, por ter sido permitida. Em segundo lugar, por ter sido oficialmente divulgada. Em terceiro, porque resultou no julgamento e sentenciamento pelo tribunal do tráfico. Com todo respeito, isso tem cheiro de solução encomendada, tipo: ou vocês resolvem essa parada ou vamos infernizar os negócios de vocês. Se isso tiver acontecido, o tráfico foi lá e fez.
  11. Cadê o carro usado na ação? O caso é encerrado sem nem ter acesso ao carro? É assim mesmo que funciona? “É verdade este ‘bilete’”?
  12. Reforça essa percepção o fato da polícia prontamente acatar o recado do tráfico e dar o caso por encerrado, terceirizando para a bandidagem a apuração do crime. Ao fazer isso o Estado assina sua função meramente decorativa, com corretamente apontou o jornalista Otávio Guedes;
  13. Ainda sobre a DHPP do tráfico, espanta a vontade de sepultar rapidamente as investigações, de dar o caso por encerrado. A pergunta é: por que?
  14. Lembro a você que a mesma polícia que há cinco anos não consegue, ou não quer, esclarecer o caso do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, em um dia solucionou o assassinato dos médicos, sendo um deles irmão da combativa deputada federal pelo PSOL/SP Sâmia Bonfim, casada com o não menos corajoso deputado federal do PSOL/RJ Glauber Braga.  
  15. Lembro que parece que o crime organizado do Rio, leia-se milícias, tem predileção por parlamentares “psolistas”. Foi da milícia que partiu as ameaças a Marcelo Freixo, então deputado pelo PSOL. Se o crime na Barra tiver conotação política, de aviso, recado a um parlamentar do PSOL, saiba que a jurisprudência desse tipo de crime não vem do CV (Comando Vermelho), mas das milícias.
  16. Por fim, é muito estranha a falta de policiamento ostensivo na região, no local. Há muitos locais da cidade em que a PM não se faz presente. No entanto, a orla da Barra da Tijuca não é um deles. Ao longo dela é comum encontrar 3, 4, até 5 viaturas da PM, especialmente perto de hotéis como o WINDSOR que recebeu o congresso de médicos. Esse sumiço das viaturas é tão estranho quanto o apagão das câmeras de filmagem do trânsito na noite em que Marielle e Anderson foram assassinados. É preciso indagar se as viaturas estavam em ocorrência, se estavam em desvio de função, ou se foram propositalmente retiradas da região naquela trágica noite.

Termino dizendo que estou em oração para que Deus conforte os familiares de todos os mortos desse caso. Oro especialmente por Sâmia e Glauber para que Deus os fortaleça no importante trabalho que realizam. Intercedo também para que Deus faça brilhar o sol da Sua Justiça sobre esse episódio, tendo em vista que uma rigorosa e confiável investigação, conquanto não devolva quem partiu precocemente, atenua a dor dos familiares e amigos enlutados. É um término, um desfecho desta coluna que faço com perplexidade (pela brutalidade e possíveis implicações do fato); tristeza (pela morte de gente boa) e inquietação (sobre os rumos do caso).

Pr. Dr. Sérgio Ricardo Gonçalves Dusilek

Mestre e Doutor em Ciência da Religião (UFJF/MG); Pesquisador do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Filosofia da Religião, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF/MG); Pastor na Igreja Batista Marapendi (RJ/RJ); Professor do Seminário Teológico Batista Carioca.

Autor de Bíblia e Modernidade: A contribuição de Erich Auerbach para sua recepção e co-organizador de: Fundamentalismo Religioso Cristão: Olhares transdisciplinares; e O Oásis e o Deserto: Uma reflexão sobre a História, Identidade e os Princípios Batistas.

setembro 22, 2023

Uma imagem, diferentes possibilidades.

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 12:37 pm

Uma imagem, diferentes possibilidades.

Pode ser que esta imagem capte sua atenção. Pode ser que ela represente seu estado de espírito, o estado da sua alma nesse momento.

Se este for seu caso, uma possibilidade é a da autocombustão. É quando seu zelo e comprometimento com uma causa exaure suas forças. Na linguagem bíblica zelo (por vezes traduzido por ciúme), é fogo que consome, de dentro para fora.

Outra possibilidade é a da exaustão pela multiplicidade de demandas. Às vezes vale a pena reduzir o diapasão da ação; por vezes vale a pena queimar até o fim. Se há algo inegociável para você, não continuar a ser queimado(a) pelo fogo inerente às causas que nos capturam, não é uma opção.

Há também o caminho da incineração. O fogo com o qual somos queimados, o fogo da inquisição. Neste caso, consola saber que a história tem prestigiado os queimados e tornado em cinzas os incineradores. Sabemos quem foi Giordano Bruno, mas não lembramos/sabemos os nomes dos seus algozes. 

Talvez seu caso seja uma espécie de esgotamento espiritual. Aliás a ideia da imagem acima é oriunda da capa de homônimo livro. Motivos para isso não faltam no Brasil pós-bolsonaro. Sintomas estão ligados a apatia espiritual, falta de vontade de orar, de ler a Bíblia. Embora não resolva, lembre-se: Jesus não tem nada a ver  com o bolsonarismo e seus adeptos.

Sobre você, sobre nós vale lembrar a doce palavra bíblica:

“Não esmagará a cana rachada, nem apagará o pavio que fumega, até que faça vencer a justiça.” (Mateus 12:20).

Paz sobre você. Dias melhores virão.

agosto 29, 2023

A Fragilização da Doutrina da Salvação tem método.

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 12:22 pm

A Fragilização da Doutrina da Salvação tem método.

Não é de hoje que venho observando a fragilização de uma das doutrinas centrais para a fé cristã. Falo da soteriologia, ou doutrina da salvação. Exemplifico com uma experiência. Alguns anos atrás ouvi um pregador de uma igreja de médio porte do Rio de Janeiro anunciar, no final da mensagem, que um palavrão dirigido a um “ousado” motorista que distribui fechadas a esmo no trânsito poderia custar a salvação da boca eventualmente “suja”. Sim, ao invés de chama-lo de “filisteu”, no calor dos acontecimentos saiu uma outra palavrinha em homenagem à santa mãe do “barbeiro” … Danação eterna por conta de uma palavra indesejavelmente, compulsivamente proferida. Que salvação mais frágil!

Mas não é só no discurso que essa fragilização, se manifesta. Ela se dá também como componente denominacional. Para certas denominações cristãs, somente serão salvos os que fazem parte dela. Este aprisionamento da obra salvífica de Jesus pouco tem a ver com a mensagem da cruz, com Seu ensino, e muito mais com um grave desvio no caminho que torna esta agremiação cristã em seita. Seguir Jesus já deveria apontar para a total incapacidade e inutilidade de qualquer tentativa de aprisionamento da mensagem do Evangelho. O Evangelho não é para alguns, mas para todos; não é de alguns, mas de Deus, e uma vez sendo dele, é de todos, para que quem quiser possa alcança-lo, recebê-lo.

Reflexo desta apropriação denominacional está na igreja. Para muitos o congregar debaixo da mesma placa de identificação eclesiástica se constitui no imprimatur da salvação. Para tais, o rol de membros de uma igreja é igual ao rol dos inscritos no Livro da vida, citado em Apocalipse. Repetem estes, acriticamente para o bem da verdade, que o desligamento na terra implica em desligamento no céu. Ora, isso é no mínimo atrelar Deus aos mais diversos e absurdos processos inquisitoriais da história. É macular o bom Deus com o que há de pior na religiosidade humana.

Esquecem estes que fragilizam a salvação que o citado texto de Mateus 18 só faz sentido em termos de missão. A Igreja, como Corpo de Cristo, liga quando resolve tocar nos intocáveis do seu tempo, pessoas alvo da discriminação e do preconceito (MT.8:1-4). Ela automaticamente desliga quando se recusa a ser o toque de Jesus sobre o sofrimento humano. Quando ao invés de acolher, apedreja, como deveria ser a atitude esperada de um rabino ao se deparar com um leproso. Deixar de congregar pode ser ruim, em alguns casos, e bom, em outros, tendo em vista a proliferação de comunidades de fé produtora de patologias. Nesses casos o abandono da congregação se torna atestado de sanidade mental e espiritual. Todavia, a salvação não fica presa na porta igreja. A salvação acompanha o salvo, não ficando restrita ao umbral do local de reuniões da comunidade de fé. É possível, e como vimos por vezes desejável, ser salvo sem congregar.

Por fim há os que atrelam a salvação à moralidade. Como no exemplo citado mais acima, concedem ao pecado, que no fundo é uma obra humana, um poder, um status, maior do que a Maravilhosa Graça de Jesus. Nesses casos o resultado é uma fé neurastênica, bipolar, quando não esquizoide. Para você que amplifica o pecado e silencia a Graça, lembro as palavras de Fiódor Dostoievski: “Não há pecado que esgote o amor de Deus”.

Assim, podemos chegar em velórios de gente extremamente religiosa, fiel à sua denominação e congregação, porém com uma longa contribuição em termos de dores e sofrimento aos outros. E também podemos presenciar em outros velórios, gente de Deus que marcou profundamente os presentes através de uma vida cheia da Graça e bem distante da desgraça que a institucionalização de uma tradição (como a cristã) traz para a própria fé que ela (instituição) diz defender.

Por que falamos disso aqui?

Porque, em outras palavras, a fragilização da melhor concepção cristã soteriológica, serve como instrumento de controle, de domínio da consciência alheia. Serve para a manutenção de interesses políticos, especialmente como moeda de troca, de ameaça, por ocasião do exercício do chamado “voto de cajado”. A excomunhão, para mentalidades dopadas pela excessiva religiosidade, representa um verdadeiro inferno em vida. Tais líderes sabem e exploram essa fragilidade. Por esta razão é que a fragilização da doutrina da salvação serve não só para corromper memórias e emplacar candidatos, mas também para degradar aqueles que estão ausentes. Serve para uma proposta de vida anticristã, e como tal, adepta ao anticristo da vez.

O mais incrível é que boa parte dos que sustentam essa fragilidade está entre aqueles que professam uma fé predestinista, o que é um verdadeiro paradoxo. A não ser que os interesses fundamentalistas atrelados ao hipercalvinismo se sobreponham à própria contribuição de Calvino. É aqui que a soteriologia sai do campo da fé para o campo da política, abrindo caminho para a messianização de políticos. Talvez seja também neste ponto que vejamos com nitidez a aliança e o estrago que o fundamentalismo faz no sistema de crenças cristão.

O resultado dessa incorporação de novos messias, da sebastianização da expectativa da população, do espaço público, é que a igreja vai se tornando casa vez mais afeita a este novo referencial, o que sempre traz o aumento do caráter excludente de sua postura, com consequente diminuição da verdadeira amplitude da mensagem da Graça, da salvação, que diz carregar consigo. A igreja, os evangélicos, passam a tomar a forma do referencial da vez, e não de Jesus. É um outro evangelho. Talvez seja por isso que parte dos evangélicos do Brasil, especialmente os adeptos da violência, sejam tão destoantes do Evangelho do Nazareno.

Pr. Dr. Sérgio Ricardo Gonçalves Dusilek

Mestre e Doutor em Ciência da Religião (UFJF/MG); Pesquisador do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Filosofia da Religião, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF/MG); Pastor na Igreja Batista Marapendi (RJ/RJ); Professor do Seminário Teológico Batista Carioca. Contato: sdusilek@gmail.com

Autor de Bíblia e Modernidade: A contribuição de Erich Auerbach para sua recepção e co-organizador de: Fundamentalismo Religioso Cristão: Olhares transdisciplinares; e O Oásis e o Deserto: Uma reflexão sobre a História, Identidade e os Princípios Batistas.

Pr. Dr. José Roberto Pereira de Britto.

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 11:39 am

Descansou.

Tio Roberto, o mais humano dos deuses da educação teológica que habitaram a Colina durante a maior gestão que o STBSB teve (e terá), a chamada era Reitor David Malta.

Dono de uma risada única, contagiante, tinha uma mente brilhante. Depois de longos anos sem nos vermos, trombei com ele no local mais improvável: no Caio Martins, por ocasião da assembleia da CBB em Niterói no ano de 2011.

Ultimamente, antes de ser acometido pela doença, nos falávamos pelo menos a cada 10 dias, tempo suficiente para uma autoexposição que demandava dele o cuidado na forma de alerta, ou ainda uma observação, contribuição, esperta.

Vítima da perversidade que habita os corredores institucionais da Convenção Batista Brasileira, tio Roberto descarbonizou sua fé. Aos moldes da teologia radical, matou o deus denominacional, que se apresentava com feição batista. Mesmo assim, paradoxalmente, nunca deixou de ler O Jornal Batista. Acho, inclusive, que era o único assinante…

A reação diante de sua perda é a mesma. As pessoas estão se falando, se ligando, como em uma última homenagem a quem tanta gente marcou.

Quando publiquei alguns textos em revistas acadêmicas, ele me pediu para ler. Depois, me agradeceu. Interpretei sua gratidão como um “lavar a alma”, daquele que fora tão injustiçado. 

E o galático STBSB vai sendo reunido ao redor de Jesus. Imagino que nesse momento meu pai deve estar fazendo um churrasco nos tijolinhos do céu, conversando com Pr. Helcio Lessa, Pr. David Malta, Tio João Carlos Keidann, tendo as risadas do Tio Roberto enchendo o ambiente. Aliás, o meu céu tem a cara do Seminário do Sul de 78-83. Jesus? Está curtindo o papo dessa turma, assim como curtia as rodas de conversa e as festas na Palestina.

RIP TIO ROBERTO. ATÉ QUALQUER DIA.

junho 29, 2023

DISSERAM…

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 4:11 pm

Disseram que Lula iria taxar as igrejas, mas quem defendeu isso já em novembro de 2018, em entrevista na GloboNews, foi Paulo Guedes;

Disseram que o presidente Lula, que não frequenta cultos, fecharia as igrejas. Quase seis meses depois, com o total de zero igrejas fechadas, o que temos é o casal Bolsonaro vivendo uma crise de fé, pois abandonaram, ao que tudo indica, a frequência aos cultos;

Disseram que Lula implantaria uma ditadura, mas foi com o entorno de Bolsonaro que encontraram as minutas do golpe. Não só: foram bolsonaristas que investiram contra os símbolos dos três poderes em 08/01, naquilo que ficou conhecido como capitólio brasileiro; 

Disseram que Lula explodiria a economia do país; entretanto, a inflação de produtos está cedendo, a precificação dos combustíveis perdeu a paridade internacional, sem que isso inviabilizasse nossa principal estatal;

Disseram que Lula e sua trupe querem o pobre cada vez mais pobre para poder iludir a todos, mas quem achatou o povo foi o neoliberalismo de Guedes-Bolsonaro. Além disso, é visível a retomada de programas e investimentos que redundarão em mudança social, pelo acesso à educação e a direitos fundamentais;

Disseram que Lula operava pela mentira tendo por pai o Diabo; e que Bolsonaro que adotou o distico biblico, operava pela verdade. Passada a eleição, vemos confirmados: que o gabinete do ódio, destilador de mentiras, era de Bolsonaro; que os deputados que são contra a PL das fakenews, são os apoiadores de Bolsonaro;

Disseram que Lula estava usando lideranças religiosas para se eleger, mas quem tinha canal direto de comunicação e divulgação de fakenews para os líderes de igrejas era a campanha de Bolsonaro;

Disseram que Lula era o maior corrupto deste país. Mas a cada dia que passa, descobrimos: que a lava-jato usava água de pocilga e que o clã e seus políticos mais próximos estão envolvidos com corrupção em níveis galáticos;

Disseram que Lula iria sair abortando as mulheres do país, mas na verdade, o que existe, é um pronunciamento e vídeo do então deputado Bolsonaro, na Câmara dos Deputados, defendendo que o Estado fizesse uso do aborto como forma de eugenia social;

Disseram que Lula não valorizava a família, mesmo vendo os jornais estampando a linda relação que tinha com seu netinho, entre outros. Do outro lado, uma guerra sem fim: férias sem a esposa, filha como fraquejada e casamentos engatados após adultérios;

Disseram que Lula era um pervertido sexual, mas quem confessou em entrevista ter praticado zoofilia e usar verba de gabinete para comer “GENTE” (guarde bem essa definição) foi Bolsonaro.

Disseram que o ministério de Lula seria uma pasmaceira e que Bolsonaro tinha uma equipe técnica. Sério? Qual a paridade possível entre Queiroga e Nisia Trindade, entre Damares e Silvio Lual, entre Ciro Nogueira e Rui Costa, entre Anderson Torres e Flávio Dino, entre Ricardo Salles e MARINA???

Disseram que Lula tinha dificuldade com a democracia, e que Bolsonaro a prezava. No entanto,   quem atentou contra os poderes da República em todas as semanas desses quatro anos? E quem está visitando os estados para colher impressões sobre o orçamento participativo? E mais: ao redor de quem mesmo foi construída a Frente Ampla pela democracia?

Disseram que com o PT no governo, muitos brasileiros iriam morrer. Mas sob qual governo mesmo que em sua inapropriada ação frente a pandemia da COVID-19, foram ceifadas mais de 700k vidas? Em qual governo que, com mais de 30 milhões de miseráveis passando fome, queria aprovar uma ajuda social de 200 reais, e que a oposição pressionou a tal ponto que esse valor foi majorado?

Disseram que Lula seria contra os evangélicos e que Bolsonaro, a favor. Bom, nesse ponto, eu preciso confessar que estou em campo diametralmente oposto a desses evangélicos que, se antes babavam Lula com ternos amarelo-ovo, agora fingem não conhecê-lo. Talvez aqui haja uma concordância mínima…rsrs;

Termino dizendo que não sou petista (e não vejo qualquer demérito em quem o seja) nem por voto (já votei em candidatos, para as esferas estadual e federal, do PT, PSDB, PSOL, PSD, PDT e da REDE), nem por filiação partidária (não a tenho). Mas   sou defensor da democracia, antifascista e sonho com justiça social.

Olhando para setembro passado, vendo nesta semana alguns comentários (mentirosos e caluniadores, inclusive) sobre minha participação no encontro com Lula, e vendo o desenrolar da história, só posso agradecer a Deus pelo discernimento e por ter perfilado, indubitavelmente, ao lado da melhor escolha.

Aos que viviam para falar mal de mim e aos que entraram para este seleto, sem deixar de ser infame, grupo, tenho a dizer três coisas:

1) Perdeu Mané, não amola!

2) Cuidado com o Judiciário. Você pode discordar, mas não caluniar…

3) Beijinho no ombro e tchau, tchau.

abril 10, 2023

O que há em comum entre as “grandes” lideranças evangélicas (pastores e pastoras, bispos e episcopisas, “apóstolos”) que apoiam o atual governo?

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 8:41 pm

O que há em comum entre as “grandes” lideranças evangélicas (pastores e pastoras, bispos e episcopisas, “apóstolos”) que apoiam o atual governo?

1) São lideres de reconhecido (e questionado) sucesso ministerial: possuem muitos seguidores, membros até.

2) São lideres que por conta disso ascenderam socialmente e hoje ostentam um patrimônio não muito condizente ao labor sacerdotal. Isto faz com que tenham medo de perder o que amealharam; tal pavor fez com que muitos deixassem de curtir qualquer massa “ao sugo”;

3) São lideres que mesmo uma vez tendo sido feito pastores (a long time ago), perderam o cheiro da lã. Os “ministérios” cresceram tanto que muitos, sem perceberem, se tornaram gerentes eclesiásticos, diretores de corporações religiosas. Não tem mais contato horizontal com as pessoas… quando há contato é verticalizado, idolatrico, quase mítico; por isso não conseguem mais ouvir o gemido do pobre, do oprimido.

4) São lideres pragmáticos; e como tais, possuem um fino faro para as novas trends/tendências. Eles sempre embarcam na última onda. Eles surfam melhor do que Slater, Medina, etc. Não espere coerência deles; cobre sim a “onda perfeita”.

5) São lideres dos quais muitos vieram de lugares impensáveis, improváveis. Sim, o Evangelho não só transformou suas vidas, mas resignificou suas histórias! Por isso, com raras exceções, possuem baixa autoestima (devido ao dificil começo), o que os faz ceder até com relativa facilidade e acriticamente, às setas oriundas do espaço público.

6) São líderes com alguma deficiência na formação, especialmente na Grande área de Humanidades. Embora boa parte teólogos, pouco sabem sobre Direitos Humanos e nem imaginam que a base dessa discussão é, para os grandes teóricos do assunto, cristã, neotestamentaria e evangélica (oriunda, pertencente aos evangelhos). Para muitos a teologia ainda é um dizer “de” Deus ou “sobre” Deus, esquecendo-se das aulas de antropologia teológica, as quais nos lembram que a teologia é um labor humano… Quando eles têm currículo Lattes, administram-no como se plataforma “witzel” fosse.

7) Boa parte desses líderes estabelecem relações com politicos clientelistas, buscando benefícios próprios ou para sua agremiação religiosa. São uma espécie de “Eurico Miranda” da fé, sempre lutando pelo seu “Vasco”. Não custa lembrar que o clientelismo sempre será maior quanto mais fraco for o governo, quanto mais raquítico forem seus índices de aprovação.

8) São lideres que esqueceram ou nunca conheceram o princípio protestante da liberdade. Para eles, sempre que julgarem necessário, como na época do apoio à Ditadura, restringir as garantias individuais (inclusive a liberdade de expressão) em nome da preservação da “liberdade religiosa”, eles o farão, sacralizando toda forma de perseguição, opressão e violência.

9) São lideres que encontram-se desconectados do espírito do Evangelho. Não poucas vezes lêem os evangelhos como receituário de Coaching. Reduziram Jesus, ao traduzirem-no como uma sentença, um dogma. Já a conversão foi transmutada numa adesão por um assentimento intelectual. Esquecem-se tais lideres que Jesus é muito maior.

10) São lideres que ora pela extrema ingenuidade, ora pela mais pérfida malícia, aspiram uma teocracia cuja inspiração repousa tanto no reinado davidico, quanto no escatológico devaneio dispensacionalista. Em nome dela, vendam seus olhos para os sinais claros e evidentes de que Deus não se encontra nos palácios, ainda mais quando habitados por opressores.

11) São lideres que se acomodaram, apesar da intensa agenda de atividades que possuem. Lideres acomodados, acomodam pessoas e incomodam o Espírito. Um vez acomodados, se tornam reféns do comodismo: deixam de ser profetas, evitam tocar em certos assuntos, deixam rolar o jogo que agrada a maioria.

12) São lideres que infelizmente flertam com ou se alimentam do fundamentalismo, como se o entricheiramento por este produzido pudesse traduzir, mais do que a marcha triunfante, a marcha confessante de uma Igreja que deveria manter sua consciência oxigenada pelo mais puro ar celestial.

13) Por fim, numa lista que não se esgota em si mesma, são lideres que, via de regra, se deixam levar por uma pauta moralista. Não choram a fome do miserável, mas praguejam contra todo aviltamento de cunho sexual. Não se pronunciam contra o assassinato de crianças, mas rapidamente soltam notas, vídeos, posts contra qualquer atividade cultural que peque pelo que julgam ser excesso. Um Jesus machão e matador/assassino, não produz uma linha, uma nota; mas um afeminado de paz ganha contornos de blasfêmia… Não se pronunciam sobre feminicidios, rascismo, homofobias, mas adoram escrever sobre atentado violento ao pudor… seja por desconhecimento ou por maldade mesmo, esquecem que desde sempre, especialmente no âmbito do cristianismo, a agenda moralista foi usada por justamente quem não tinha moral, para cooptar os cristãos visando a perpetuação no poder. Sim queridos e queridas! Em nome da moral e dos bons costumes (que não são respeitados por muitos desses líderes), imorais mantiveram a consciência cristã reduzida, acorrentada e atrelada a questões menores, porque em grande parte individuais.

Pr. Sergio Dusilek

sdusilek@gmail.com

[Texto Publicado no Facebook em Dezembro de 2019].

fevereiro 1, 2023

“FILHO FEIO NÃO TEM PAI.”

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 6:36 pm

“FILHO FEIO NÃO TEM PAI.”

(O “By Pass” que o STBSB deu no STBC)

            Sei que é um ditado horroroso. No entanto, ele cabe para o que passo a narrar. Pessoalmente considero o fato que aqui descreverei um dos mais feios que vi a liderança batista protagonizar.

            No início dos anos 80, o STBSB (Seminário do Sul), no auge da sua produção acadêmica e expansão passou a inaugurar os Campi avançados. O primeiro foi no Oeste Carioca, na PIB de Campo Grande. Também foram inaugurados, posteriormente e ao longo dos anos, o de Nova Iguaçu (PIB em Nova Iguaçú); o de São João de Meriti na PIB desta cidade; o do Sul Fluminense em Volta Redonda, entre outros.

            Ocorre que, por ocasião do final da gestão do saudoso Dr. Pr. Roberto Alves, a então Junta do Seminário do Sul, que na época tinha em sua composição cinco diretores de outros seminários, deliberou por fechar os Campis, sob alegação de que não havia mais como sustentar o acumulado déficit de cada um. Números foram apresentados ao Conselho da CBB. Sei disso porque estava nesta reunião, como executivo da JUMOC. Ao ver os números projetados, perguntei ao diretor interino, que encaminhou a questão para o Relator da Comissão de Finanças da Junta do STBSB, se aqueles números totais de cada Campi estavam enquadrados no regime de competência ou de caixa. Ambos não souberam responder.

            Foi esse tipo de Junta que acabou com os Campi, outrora estrategicamente difundidos pela gestão David Malta do Nascimento, seguramente o maior Reitor que o Seminário do Sul teve em toda sua existência. Ao fazê-lo, ela não só tirou a capilaridade do Seminário, como também sua condição de benchmark. Logicamente que interesses inconfessáveis compunham o background de tal decisão.

            Os pastores das igrejas que recebiam os Campi, líderes importantes e reconhecidos no cenário batista, pediram para que tal decisão fosse reconsiderada. Com a negativa da solicitação, alguns resolveram manter o curso de teologia nas respectivas igrejas, enquanto outros encerraram as atividades. Houve também uma terceira modalidade, caso do Seminário Teológico Batista Carioca: os professores daquela época não deixaram o curso acabar, formando uma espécie de cooperativa.

            O STBC, caso que nos interessa aqui, perambulou como curso por outras paragens até que retornou, há alguns anos, para a PIB Campo Grande. Em 2019, antes da Pandemia, chegou a ter 90 alunos na graduação, com mais 27 na Pós em Ciência da Religião, oferecida em convênio com a Faculdade Batista de Minas Gerais/IPEMIG. Nesse mesmo período, o relatório do STBSB à CBB dava conta de cerca de 107 alunos na graduação.

            Um detalhe a mais: o corpo docente do STBC, composto em sua grande maioria por pastores de igrejas locais, foi se qualificando ao longo do tempo. Hoje, além de todos terem pelo menos uma pós-graduação lato-sensu, há dois doutores, dois mestres e dois mestrandos, em cursos reconhecidos pela CAPES. Estamos falando de Universidades Federais (UFRJ e UFJF/MG).

            Foi nesse momento de franca expansão que o STBC se viu diante de dois problemas: a pandemia da COVID-19, que ele soube superar; e o comunicado do seu despejo da Igreja que o acolhia, o qual se deu por volta da primeira semana de Novembro. Mas não foi só uma saída: foi uma substituição. E aqui reside o problema.

            Primeiro porque se havia uma insatisfação da liderança da Igreja com o Seminário, nada mais cristão do que chamar para uma conversa, expor o problema e conversar sobre possíveis formas de debelá-lo, caso ele realmente existisse.

            Segundo porque, como você poderá ver mais abaixo, a substituição foi gestada ao longo de seis meses e somente no final do ano letivo é que o STBC foi comunicado. Um detalhe importante é que pastores que compõem a equipe pastoral da PIBCG já integravam o corpo docente do STBC. Ou seja: ao desalojar o STBC tais pastores assinaram um recibo de autoreprovação.

            Terceiro porque os pastores da PIBCG que foram convidados para serem professores do STBC, pouco tempo depois receberam igual convite para atuarem no STBSB.

            Ao receber a noticia, pelo diretor do STBC, do convite para desocupar o espaço da PIBCG em 2023, fui até as partes para saber o que aconteceu, ouvir a versão deles.

            Da parte do pastor da Igreja (conversa mantida em 09/11), este disse que em Abril de 2022 o educador da Igreja buscou o STBSB para incrementar uma parceria voltada para a Universidade da Palavra, um programa de educação que a Igreja tem. O interesse era ter professores do STBSB gravando algumas aulas de certas disciplinas. O porquê de serem do STBSB e não do STBC segue sendo um mistério não explicado. Eu mesmo desfiz o argumento de que os professores de lá eram melhores qualificados, o que não foi contradito pelo pastor. Verdade é que dentre os nomes citados por ele, pelo menos um me garantiu que nunca foi procurado por ele até 3 semanas atrás.

            Essas tratativas evoluíram para a possibilidade de implantação de um pólo, tendo o assunto sido tratado oficialmente em Junho, em um treinamento oferecido pelo STBSB. Por volta do final de Agosto/2022 o pastor da Igreja entendeu que deveria levar para frente a ideia do pólo do STBSB. Segundo ele, o reconhecimento do MEC, o corpo docente, o currículo e o fato do diretor do pólo vir a ser alguém da Igreja compuseram sua decisão.

            Ao ser indagado por mim, o atual diretor interino-perpétuo do STBSB disse, em 11/11, que o STBSB estava analisando o convite do pastor da igreja (lembro a você que a liderança da Igreja tinha comunicado, em torno do início de Novembro, que eles receberiam o pólo do STBSB nas suas dependências). Já em 12/11, diante da minha réplica no dia anterior, ele me falou que iria se inteirar dos trâmites com sua equipe. A réplica, para que você caro leitor saiba, versava entre outras coisas na negativa do Diretor Acadêmico sobre a ciência de qualquer formalização do assunto, o que me fora afiançado no dia anterior. Para o Diretor Acadêmico o que existia era somente a consulta sobre a viabilidade de um pólo a um membro de sua equipe.

            Em 18/11, numa ligação, o diretor interino-perpétuo me disse que não iria ter pólo do STBSB na Igreja. Reclamou do termo que usei para classificar toda esta operação: by pass. Deixei ele a vontade para sugerir outro.

Em que pese a autonomia da Igreja e a liberdade gerencial do STBSB, não me parece que a forma usada tenha sido a melhor, o que pode ser visto nas contradições presentes nos relatos que destaquei acima.

            Sobre os fatos, deixo para você, caro leitor, a elaboração de uma síntese pessoal. O que considero mais grave nesta história toda é a ampliação dos tentáculos fundamentalistas. O STBSB hoje é a principal porta de entrada e escoamento do fundamentalismo entre os batistas brasileiros. Por outro lado, o STBC ainda é um dos poucos espaços de reflexão teológica em que a liberdade de cátedra é preservada. Seu corpo docente em nada fica devendo ao do STBSB, instituição esta que vive do seu legado em meio a um povo sem memória. Seu currículo (STBC) é bem melhor do que o do STBSB, que na sua última reformulação transformou sua grade em um PRONATEC teológico. Também pudera: o STBSB virou um departamento de Missões Nacionais, o que é anti-estatutário e anti-regimental.

            Enfim, não dou dez anos para as mulheres da UFMBB serem escanteadas, as pastoras defenestradas, os escândalos eclodirem (quem agüenta viver numa loucura dessa?), e as brigas internas para saber quem é o “Fundamentalista de Ofir”, o mais puro, explodirem aqui e ali.

            Com muita, mas muita tristeza,

Pr. Sérgio Dusilek

janeiro 25, 2023

O SEQUESTRO DE UM REQUERIMENTO.

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 12:09 am

O SEQUESTRO DE UM REQUERIMENTO.

Na 102ª Assembleia da Convenção Batista Brasileira (CBB) realizada em Recife em Janeiro último, um grupo de ilibados líderes apresentou um requerimento à Comissão de Assuntos Especiais (você pode ler a íntegra aqui: https://www.batistasporprincipios.com.br/2023/01/21/requerimento-a-convencao-batista-brasileira/), para que o grave desregramento institucional e inaceitável espírito inquisitório manifesto na Nota Institucional da CBB, assinada por sua Diretoria contra o Pr. Sergio Dusilek, fosse revisto, os danos reparados e os controles melhorados para que nunca mais tal equívoco viesse a acontecer.

Como requerimento, posso afiançar a você que ele está perfeito na sua redação e na sua proposição. Seus argumentos por si só se sustentam. Seu trâmite se deu pelo caminho certo, mesmo porque o proponente que encabeçou o texto é profundo conhecedor do Regimento Interno da CBB.

O requerimento se fez necessário diante do silêncio (ou descaso?) do Presidente da CBB frente a Carta (leia aqui: https://sergiodusilek.wordpress.com/2023/01/02/sobre-a-nota-oficial-da-cbb-contra-pr-sergio-dusilek/) que o Pr. Edvar Gimenes enviara a ele por ocasião da feiura-feitura Nota Institucional contra o ex-presidente da CBC. Como requerimento, ele incorpora o texto da carta, mas a supera por conta de sua abrangência.

Uma palavra mais deve ser colocada como esclarecimento extra. Por ocasião da confecção da nota institucional, embora o presidente e outros membros da diretoria tivessem meu contato, não fui procurado por eles nem antes, nem durante, nem após a sua confecção e publicação, o que remete ao claro descumprimento de Mateus 18. É verdade também que no privado, após questionado sobre a mensagem que pregou na 1ª sessão da Assembleia, o atual presidente da CBB fez uma mea culpa, sem ter no entanto o caráter dos grandes homens de assumir seus “BO’s” em público.

Isto posto sigo agora mostrando e desmontando para você, o parecer da Comissão de Assuntos Especiais que versou pela inadmissibilidade do requerimento ora apresentado.

  1. Sobre a indevida titulação aposta sobre o requerimento, a saber: “Pedido de Desculpas Relacionado à Nota da Diretoria da CBB referente a Pronunciamento de Terceiro”. Não cabe a uma Comissão mudar um requerimento, mesmo que seja para lhe conceder um novo título. Pior ainda, quando o novo título vicia o processo, pois nega o teor abrangente do documento.

Não se tratava, portanto, somente da reparação ao Pr. Sergio, mas sim de uma discussão mais ampla sobre os cuidados e limites que um presidente deve ter ao se pronunciar.

Uma vez que o documento não tratava exclusivamente do caso do Pr. Sérgio, mas exemplarmente daquela situação criada, não deveria ser por ele redigido, como a Comissão parece ter assinalado. Mesmo que ele produzisse tal documento, como ele seria apreciado por uma Assembleia Convencional, se a única janela existente seria a da Comissão de Assuntos Especiais, que exige no regimento a assinatura de cinco mensageiros? Como outras 4 pessoas assinariam, para atender à orientação da Comissão, um requerimento de reparação de caráter pessoal? Você ainda acha que seria levado a apreciação do plenário?

Perceba que a Comissão laborou em duplo erro: ao mesmo tempo em que reduziu o requerimento a um único aspecto, a saber, da reparação, ela, na sua proposição pela inadmissibilidade, inviabilizou qualquer outra forma de tal assunto tramitar no âmbito convencional.

2. Dizer que o requerimento estava em desacordo com o Regimento da CBB o que, segundo a Comissão, teria sido declarado pela Assessoria Jurídica da Convenção, é um gravíssimo erro. O artigo 44 do Regimento Interno da CBB traz no seu inciso III a clara tarefa de dar parecer sobre “qualquer assunto de caráter eventual”. Ora, o que é um assunto eventual? Eventual é todo assunto que um grupo de signatários de pelo menos cinco mensageiros inscritos na assembleia julgue ser de pertinente trato, mas que foge ao corrente fluxo das matérias a serem apreciadas nos relatórios. É um assunto fora dos relatórios, atinente ao último período denominacional e que tem a ver com a vida denominacional da CBB.

A Nota Institucional emitida pela Diretoria da CBB em Setembro de 2022 é um assunto ao mesmo tempo especial e eventual. Caberia, então, à Comissão dar seu parecer sobre a mesma, recomendando ou não sua aprovação, ou dando um encaminhamento para o requerimento.

3. É de se estranhar que um documento que teve um parecer por sua inadmissibilidade, ganhe tantos reparos e explicações. Uma das proposições do requerimento era: “Que o Conselho informe na próxima Assembleia se há alguma decisão sua ou de alguma Assembleia da CBB definindo qual seria o posicionamento político-partidário-ideológico de CBB”. A resposta da Comissão impugnou a viabilidade deste item uma vez, segundo ela, ser vedado tal pronunciamento pela Declaração Doutrinária da CBB, e pelo Princípio da Separação entre Igreja e Estado.

O que a Comissão, entretanto, não explicou foi o festival de manifestações nas redes sociais (da CBB inclusive), em igrejas e assembleias, por lideranças e presidentes, desde 2018, sempre a favor de Jair Messias Bolsonaro, sem que houvesse uma única nota institucional ou de reparo nesses casos, sendo alguns deles citados como exemplos no próprio requerimento. O que ela não explicou foi o porquê da tolerância com o vídeo de saudação de Bolsonaro à Assembleia reunida em Natal (2019), bem como o espaço dado a um dos auxiliares da Ministra Damares, pregando na mesma Assembleia, para inclusive saudá-la em nome deles.

O que está por trás deste ponto do requerimento é exatamente saber, diante da clara “balança enganosa”, onde se deu e qual foi a posição adotada pela CBB. Porque o apoio a um candidato é aceito e ao outro não, se institucionalmente, ela deveria (segundo a Comissão) condenar os dois, ou permanecer silente diante dos dois.

4. A Comissão, então, se escorou na decisão do Conselho em referendar tal Nota. Ora, é preciso lembrar que, se o Conselho é o poder máximo decisório no interregno entre as Assembleias da CBB, são as Assembleias que possuem o poder maior inclusive para rever e desfazer decisões do Conselho, caso assim deseje. Ou os batistas se tornaram presbiterianos agora?

5. Talvez a maior pérola desta Comissão tenha sido sua tentativa de blindar o presidente da CBB. Primeiro, porque nem o atual Regimento (art.25), nem o atual Estatuto (art.9º) conferem ao Presidente da CBB o poder de fazer pronunciamentos, como a Comissão ERRONEAMENTE alegou. Segundo, porque mesmo que fosse facultado em termos regimentais tal ação, ela, como todo ato administrativo, é passível de questionamento. Ou consideramos a cadeira da presidência destinada aos perfeitos? Ou divinizamos a presidência? Não pode uma diretoria incorrer em excesso de mandato?

No mais, a Comissão de Assuntos Especiais cometeu grave erro ao considerar o pronunciamento público outrora realizado como necessário. Ao opinar sobre o mérito da Nota a Comissão que deveria ser isenta, mostrou ter partido. Vale lembrar que o Requerimento apresentado desmonta, nas sete alíneas iniciais, toda base legal, regimental, bem como a pertinência da tal Nota.

6. A Comissão errou flagrantemente ao afirmar que o requerimento formulado se reporta ao último processo eleitoral, dando-o como matéria vencida. Bom, cabem aqui duas pontuações:

6.1) Primeiro, que a matéria não estava vencida, uma vez que o exemplo evocado no requerimento ocorreu no transcurso do ano denominacional anterior.

6.2) Segundo, porque o requerimento não se reporta ao processo eleitoral, mas à Nota Institucional emitida pela Diretoria da CBB, patrocinada por seu Presidente.

7. Por fim, alegaram inexistir nos documentos constitutivos da CBB uma disposição tal que autorize um mensageiro a fazer requerimento em nome de terceiro. Ao notar a insistência nesse primeiro argumento, rebatido no item 1 acima, é necessário ressaltar que também não há nenhum dispositivo, nos documentos da CBB, que verse sobre um pretenso direito de resposta. A Comissão leva o plenário a erro ao omitir esse dado.

O resultado? O parecer e o requerimento foram sequestrados pela mesa, tendo seu paradeiro desconhecido até o momento. Tal procedimento é indevido, uma vez que, observados os trâmites e cumpridas as exigências, ele precisa ser apreciado pela Assembleia, podendo ela aceitar o requerimento, rejeitá-lo, ou ainda encaminhar para o Conselho da CBB, ou entregar a uma outra Comissão.

Um detalhe: a Comissão tinha na sua relatoria um ex-presidente da CBB, fato este que me parece ser inédito para a função. Pessoalmente, nunca tinha visto um ex-presidente ser rebaixado a esta função, nem tampouco se prestar a esse tipo de papel, diminuindo sua estatura. Sim, tem certas ações que são como o encolhimento dos discos entre as vértebras: no final da vida, ao invés daquele líder estar maior, percebemos que ele ficou menor, diminuiu de tamanho.

Termino esse texto afirmando da minha tristeza pessoal ao contemplar tantos vícios, maquinações, meias-verdade numa Assembleia que se propunha proclamar a verdade. De fato, é bem contraditório, e reitero aqui, um presidente que em setembro último cancela indevidamente um pastor e em Janeiro sobe ao púlpito para pregar, para um plenário esvaziado, sobre a Unidade e afirmar que devemos evitar os cancelamentos por questões políticas (???!!!!!!!). Não deve ser cinismo, nem hipocrisia; imagino de que deva ser culpa, sequela, da Covid-19.

Aqui jaz, na esfera denominacional, esse assunto para mim.

Pr. Dr. Sergio Dusilek

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