Novos Caminhos, Velhos Trilhos

julho 26, 2019

Gratidão.

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 5:01 pm
Já fui homenageado em Igrejas e Instituições por onde passei. Também ja fui esquecido: aquele tipo de esquecimento institucional e proposital… mas nunca recebi carinho maior do que este representado pela foto.
Acho que era Janeiro de 2007. Fui chamado para pregar no aniversário da IB Bom Retiro (RJ/RJ). Praticamente a igreja em que nasci, onde fui apresentado a Deus.
Quando estava para sair de casa eu me perguntei (como muitas vezes faço), do porquê ter aceito aquele convite. No caminho para a igreja, mais pelo senso de responsabilidade, de compromisso do que qualquer outra coisa, senti no coração de mudar a pergunta. Não mais o porquê do convite, mas agora o que Deus queria me mostrar, ensinar.
Chegando na igreja, respirei os ares das doces memórias ali vividas em outros tempos.  Revi pessoas queridas; pisos que me lembravam a infância… tive também a sensação de um descompasso entre a liderança pastoral e a igreja…
Conduzido ao culto, sentei-me na plataforma. Meus pais tinham ido também.  Ouvi da história da igreja; ouvi o testemunho de uma das muitas conversões que aconteceram naquele lugar. Naquele momento Deus respondeu a minha pergunta. Ele me disse: ta vendo esse povo de mais idade, Sergio? Esse mesmo que continua aqui desde a saida de vcs? Pois são eles que dão sustentação à Igreja.  Os pastores passam, como este ao seu lado passará (o que aconteceu pouco tempo depois): mas esses irmãos seguem sustentando a Igreja. Sim, os “mais velhos” não são um problema, como ouvi algumas vezes no Seminário.  Eles são a espinha dorsal de uma comunidade de fé.
Preguei. Na saida, entre abraços e misericordiosos elogios, sou convidado por uma irmã a me aproximar de um casal bem idoso (ela já cega). Ela disse: Sérgio, minha mãe quer muito falar contigo, lhe “ver”.
De imediato disse: oi minha irmã! Como a senhora está? E ela: Serginho é vc? Como vc cresceu! Apalpando meu rosto por conta de sua cegueira.
Então ela me disse: olha, eu guardei uma coisa para lhe dar: e me entregou esse cartãozinho do meu “bem nascido”. Ela guardou por longos 36 anos…
Me segurei para não soluçar.  Suspeito que nunca receberei uma homenagem mais significativa do que esta. Gente simples, moradora da comunidade atrás da igreja, mas extremamente amorosa. Muito obrigado minha irmã! A vc e ao seu marido!
Pr. Sergio DusilekfotobemnascidoIBbom retiro

julho 20, 2019

Sobre o desconvite

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 8:22 am

Marco Davi é pastor, digno do chamado que recebeu de Jesus, assim como detentor do que de mais belo há na tradição batista. Considero um absurdo o achincalhe ao qual ele foi submetido, assim como a irmã Fabiola.
Estava em São Paulo, mas acompanhando todo esse opressor processo.
Hoje (19/07), ao chegar de viagem, escrevi essa reflexão.

ESTRANHA JBB

Estranhei a escolha do lugar. Uma Igreja que não é batista em sua eclesiologia há algum tempo, que pouca relação tem com a JBB. Com uma JBB apequenada, o melhor seria ter optado pela PIB do Recreio, pois o pastor de lá tem um histórico de envolvimento com a juventude batista. Estranha locação…

Estranhei a ousadia de alguns temas. Ainda mais por ter como palco a “igreja do Bolsonaro”. Mesmo assim foi um bom estranhamento. Estranho paradoxo…

Estranhei a demora de uma declaração expondo os motivos do desconvite, indicando que ou não os há, ou são vergonhosos demais para se publicar. Estranho também é no pronunciamento ouvir a declaração de que os desconvidados são “amigos”. Que amizade é essa que expõe e coloca no fogo gente amiga? Estranha amizade…

Estranhei o jogo de empurra. Entretanto, lembrei do ditado que diz que “filho feio nao tem pai”. Estranha postura…

Estranho a denominação da liberdade como diria Troeltsch querer afunilar, se tornar obtusa. É estranho ver os batistas estranhando o princípio da liberdade. Estranha repressão…

Estranho um grupo querendo pautar toda uma denominação. Ainda mais sendo baixo clero… quem está dando força a um grupo que não tem força é a própria liderança da CBB ao ceder as suas pressões. Estranho também é saber que missionários fundamentalistas americanos têm promovido e participado de clinicas de doutrinação sob o nome de “pregação expositiva” com membros da coalizão. Estranho levante…

Estranho também é esse novo critério de salvação. Ser de esquerda para muitos e sinal de anátema. Ora, a fé cristã mudou? O que vale é a Cruz ou o sistema sócio-econômico-politico? Estranho critério de fé…

Estranho a normalidade que se quer dar a um fato grave. Se cancelou a mesa, os batistas brasileiros assumiram que sao racistas. Se manteve a mesa e cancelou os painelistas, então a liderança denominacional fez pior: coloca em suspeição a vida digna de dois batistas. O mínimo que se espera é uma nota de desagravo, preservando a integridade desses dois lideres. Estranha expectativa.

Estranho que os lideres da JBB que tiveram a ideia do tema e dos preletores se silenciem. Cade vcs que fizeram o convite, que deram o suporte ao mesmo? Onde estão seus pronunciamentos em defesa dos seus pares outrora convidados, logo vcs que são tão “diferenciados”? Estranho silêncio.

Estranho será se todos seguirem nos seus cargos. Estranha permanência.

Estranho os batistas se preocuparem com estética e opinião, e não com a integridade. Por que o movimento contra dois negros? Por que não teve, por exemplo, um pronunciamento contra a Igreja que acolhe o congresso, cuja prática eclesiológica de abrir filiais é estranha as doutrinas batistas? Estranha incoerência.

Por fim estranho o ocaso da JBB. Ocaso organizacional, pois voltou a ser departamento; ocaso espiritual pois segue precisando de Despertamento. Ocaso moral, ao permitir a exposição de dois irmãos e romper com o aprofundamento da discussão sobre o racismo. Ocaso processual, pois não fazia parte da historia da Jumoc/Jbb o desconvite a preletores. Ocasos que produzem uma estranha memória…

Mas é sobre esse estranhamento que construiremos a nossa resistência. Porque para nós estranho mesmo é a existencia de racismo no meio da Igreja de Jesus. Estranha é a falta de Graça no trato com o irmão. Estranho é gente que se diga pastor não enxergar os sinais do Reino.

Chegou a hora de dar um basta nesse estranhamento todo.

Pr. Sergio R G Dusilek

julho 11, 2019

Conversa Hipotética em tempos de polarização…

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 2:08 pm

Conversa Hipotética em tempos de polarização…:

Transeunte: “Não há autoridade que não proceda de Deus”; “as autoridades que existem foram por Ele instituídas”; “se sujeitem às autoridades”; “a quem tributo, tributo; a quem honra, honra”…

Eu: Então toda autoridade instituída representa a vontade de Deus, isto é, está ali porque Deus quis?

Transeunte: Sim.

Eu: Então, se um governo eleito pelo voto for deposto por uma rebelião civil, com derramamento de sangue e assassinato da autoridade instituída, esse rebelde golpista que assumiu o poder o fez por vontade de Deus?

Transeunte: Claro que não!

Eu: Opa, então somente eleitos pelo voto, num processo tido como democrático é que são “instituídos por Deus”?

Transeunte: Sim.

Eu: Nesse caso, não é a pessoa e muito menos o cargo. O que você considera instituído por Deus é o processo tido como democrático. É isso?

Transeunte: É… bem…

Eu: Então Nicolas Maduro, eleito, foi instituído por Deus; e mais, Bolsonaro falou uma bobagem sobre a fraude nas urnas eletrônicas, uma vez que, pela sua posição, não é a autoridade, nem o cargo, mas o processo democrático que foi instituído por Deus; é isso?

Transeunte: Cric!Cric! (igual ao CQC)

Eu: Vamos mais além: a decorrência de sua compreensão, ao divinizar ou ver o divino no processo democrático é avalizar a equação: a voz do povo =  a voz de Deus. É isso mesmo?

Transeunte:…

Eu: Então o povo sempre escolhe iluminado por Deus. Não precisa de propaganda, nem de fakenews, nem de coisa alguma. Deus orienta, né? Nesse caso, Ele orientou a escolha dos Sarney, dos Barbalho, dos Calheiros, etc? E aí, Deus anuiu com a corrupção? Que missão divina é essa então do Procurador-chefe da Lava-Jato?

Transeunte: Pegou pesado, hein?

Eu: Peraí!!! Só mais um pouco. Então, se Deus instituiu o resultado da eleição pelo processo democrático, não importando o que saia das urnas, como diz meu amigo Dercinei, orar, torcer, fazer campanha para quê? No fim é Deus, somente Deus, não é mesmo?

Transeunte: Talvez, estou pensando aqui, seja melhor dizer então que a autoridade instituída, o cargo em si é que Deus estabelece. A presidência é de deus, mesmo que o presidente não seja.

Eu: Então não faz diferença se é de esquerda ou direita, se é liberal ou planificador; nem tampouco faz diferença a formação religiosa, se é traficante, miliciano ou não, se petista ou pslista, se satanista ou evangélico… se ditador ou não…

Transeunte: Claro que faz! Satanista jamais!

Eu: Uai sô! Não é o cargo? Então não compete essa preferência.

Transeunte: E se for a pessoa?

Eu: Bem, aí temos outro tipo de problema… a divinização, o messianato, a predestinação da autoridade, argumento usado por Montesquieu e outros para justificar o trono soberano dos reis na formação e consolidação dos Estados Nacionais. E mandato divino não se questiona, nem se critica: entuba-se. Isso vale tanto para atos políticos, governamentais, quanto para pessoais, como por exemplo, usar o cartão corporativo do governo para “comer gente”.

E mais: Jesus, como nunca deteve o poder temporal, não foi governante da palestina, antes pelo contrário, viveu marginalmente (à margem das esferas de poder, dos palácios), teria um discutível caráter messiânico nesse caso, ainda que detivesse toda autoridade, pois não detinha o “pUder”.

Transeunte: Não, isso não! E é pecado atribuir a deus a orgia humana!

Eu: Concordo!

Transeunte: Sérgio, qual seria o caminho?

Eu: Bem, antes de mais nada, uma sugestão: opte sempre por aquilo que lhe trouxer menos problema, ainda que seja o caminho e formulação mais complexa.

Penso que talvez seja importante conjugar autoridade/cargo com valores do Reino. Ora, o governante não está ali para outra coisa que não seja promover a justiça, exercer a misericórdia, banir a desonestidade, promover a paz, entre outros. Uma vez que ele não encarne os valores do Reino, independentemente de sua confissão religiosa, se tornando instrumento da injustiça e não da Justiça, o presidente, rei, seja lá o que for, deixa de ser instituído por Deus.

Por isso mesmo é que quanto mais armação para ser autoridade, mais chance dela estar ali por outras vontades e quereres que não o divino.

Transeunte: E como ficam os textos bíblicos do início da conversa?

Eu: Do mesmo jeito. Há um princípio por detrás deles. Por exemplo, o texto de Romanos 13:7, fala que tributo e honra só devem ser dados “A QUEM É DEVIDO”. 

Transeunte: Vixe… danou-se…

Eu: Não querido, o que nos dana é um governo que se deixa usar para espoliar o povo, que não protege, nem defende o pobre, o mais necessitado.

 

julho 3, 2019

O CUIDADO DE DEUS COM SUA IGREJA

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 12:01 pm
“Jesus viu também uma mulher ofertar dois leptos” (Lc.21.2)
Penso que nossa igreja (#igrejamarapendi ) está em dupla reestruturação. A primeira é o que Deus está fazendo. A segunda é a que estamos fazendo com os mutirões e contratação de serviços para recuperar o Centro de Convenções do O2.
Nesse momento de tanta mudança e expectativa, penso que seja preciso ficar atento aos pequenos grandes sinais de Deus.
Ontem, após acabar (e culto acaba?) o culto da manhã,  uma criança (acostumada com todo conforto, creia em mim, mas que faz questão de ir à Igreja mesmo “em obras”), pegou seus “dois leptos” (R$5,00) e entregou espontaneamente (Não,  nós  AINDA não estamos em campanha) para “melhorar a Igreja”. Sim meus queridos e queridas, o Evangelho continua sendo construído através de mulheres (uma menina) e de pequenos recursos que se traduzem em grandes gestos (“essa foi a maior oferta, disse Jesus”).
Louvado seja Deus pela demonstração de fidelidade dEle em relação a igreja. Louvado seja Deus pela fidelidade e sensibilidade de uma menina.
À Deus, a honra; a nós,  a emoção.

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