Novos Caminhos, Velhos Trilhos

maio 25, 2017

Quando a Cura alcança os “de fora”.

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 10:33 am
Disse Jesus: “Também havia muitos leprosos em Israel no tempo do profeta Eliseu, mas nenhum deles foi purificado senão Naamã, o sírio.” (Lc.4:27)
Você precisa de uma intervenção divina? Tem algo hoje na sua vida que somente Deus com seu poder pode reverter (consoante ao que lhe parece)? E o que pensar quando você alguém numa situação análoga a sua, sem que cresse em Deus, mas agora agradecido pela Sua intervenção, sendo alcançado por esse poder do alto? O que a cura, a restauração de alguém de fora tem a nos ensinar?
Em primeiro lugar está a insondabilidade de Deus. O fato de Deus miraculosamente curar uns e não outros, de restaurar a saúde de gente que “não nos desce” e não sarar aqueles que pensamos ser dignos da ação divina, aponta para a manifestação da Sua Graça (sim porque o dom de curar é um karismata – manifestação/dom da Graça) e também para sua imprevisibilidade. Deus formatado não é Deus, é ídolo ideológico.
Em segundo lugar penso que a experiência de Naamã aponta para aqueles que recebem com avidez e fé a palavra de esperança do Senhor, ainda que (eu diria principalmente) saia da boca de uma menina escrava. Naamã é a figura oposta ao tipo representado pelos religiosos. Ora, por que razão Deus não sararia ninguém do Seu povo, como Jesus assinalou? Talvez seja porque o povo, acostumado com o ensino sobre aquele Deus, com os rituais de invocação daquele Deus, acabou se esquecendo, por mais paradoxal que seja, de quem de fato era o seu Deus! Nesse sentido, Naamã é a figura do cara de fora, que não sabe nada da tradição judaica (e se fosse hoje, da tradição cristã), mas que ao ouvir sobre o poder desse Deus se volta inteiramente a Ele. Alguém que aprende, sem ter sido ensinado (embora tenha sido instado, é verdade), que diante de Deus não há esconderijos; Ele nos vê, ainda que usemos nossas couraças, com as nossas lepras. Por isso podemos mostrar as nossas feridas para que Ele as cure. Como bem disse Henri Nowen: “somente no lugar da cura é que mostramos as nossas feridas”.
Esta é basicamente a diferença entre prática religiosa e prática de fé, de vida com Deus. Enquanto a religiosidade nos ensina a esconder nossas feridas diante de Deus, como se pudéssemos ludibriá-lo, a espiritualidade calcada na vida de fé reconhece que melhor é apresentá-las logo diante do Senhor! Se a vida nos ensina a ter couraças com muitas pessoas e situações, diante de Jesus elas se tornam um peso desnecessário.
Por fim Naamã aponta para a proximidade… ele era general inimigo, o braço direito do “Assad” daquele tempo. Contudo seu país era fronteiriço com Israel… as colinas de Golã…lembra? Isso implica dizer que há muitas pessoas, algumas delas investidas de autoridade pelo Inimigo e que estão próximas a nós, precisando de cura. Não seja como o rei de Israel que perde o prumo ao ler a carta do Rei da Síria. Seja como aquela menina escrava, que mesmo não querendo estar ali, naquela casa, com aquela família, fazendo aquele serviço, evangelizou, trouxe uma boa nova para Naamã. Sim, há muita gente, há muito relacionamento carcomido pela lepra, já desprovido de toda e qualquer sensibilidade, que precisa ter essa pele “podre” transformada em pele de bebê Johnson.
Que Deus lhe use para isso.
Pr.Sérgio Dusilek
sdusilek@gmail.com

maio 20, 2017

Ainda sobre a Reforma da Previdência

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 11:13 am

Sobre a “imperiosa necessidade” da Reforma da Previdência, façamos uma singela conta:
a) o Estado estaria sem dinheiro para bancar a Previdência porque investiu tanto em Saúde que a população brasileira nem quer mais saber de plano de saúde (aqueles que podem pagar). Você acha que isso condiz com a realidade?
b) o Estado estaria sem dinheiro para bancar a Previdência porque fez uma revolução na Educação, investindo tanto em estrutura (todas as salas de aula do Brasil hoje possuem ar condicionado, cadeiras dignas, quadro, sem infiltrações, etc.), quanto em recursos humanos preparando e equipando todos os professores… aconteceu isso?
c) o Estado estaria sem dinheiro porque cortou drasticamente os impostos, o que fez com que perdesse muita receita… mas peraí: a arrecadação não tem subido a cada ano, aumentando a sua participação em relação ao PIB brasileiro?
Perceba: a única coisa que aumentou muito foi a roubalheira, que se tornou endêmica e desproporcional, a ponto de políticos desviarem milhões e bilhões! É certo que em alguns bolsões de honestidade e boa gestão no país, você pode encontrar uma saúde bem estabelecida e uma educação estruturada (cito, para ficar num exemplo, a cidade de Matelândia-PR). Então conclua comigo: para quem é esta Reforma da Previdência? Para mim, para o povo é que não é; penso que nem tampouco para o Estado. Essa proposta de reforma previdenciária é para garantir o futuro dessas quadrilhas instaladas no poder, cujas siglas começam com “P”. É também para queimar o filme da REFORMA (protestante): justamente na celebração dos 500 anos da boa REFORMA, querem macular este nome e obliterá-lo por conta desta infernal proposta de Reforma da Previdência.
#foratemer #simàREFORMA #nãoàreformadaprevidencia

maio 19, 2017

Emile Zola e a nossa Reforma da Previdência

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 10:44 pm

“Eu tinha só oito anos quando desci pela primeira vez, veja só!, aqui mesmo na Voraz, e já estou com 58. (…) E então? Não é bonito isso? Cinquenta anos de mina, sendo 45 lá no fundo!  (…) Disseram que tenho que descansar – prosseguiu. – Eu não quero, eles acham que sou estúpido!… Gostaria de ficar mais dois anos, até os sessenta, para conseguir a pensão de 180 francos. Se eu pedisse as contas hoje mesmo, eles me dariam logo uma de 150. Eles são espertos, esses safados!” (Germinal, p.16)

“Estão vendo? A gente poderia estar como ele… Não devemos nos queixar, não é todo mundo que tem a chance de trabalhar até morrer” (Germinal, p.34).

Incrível a atualidade destes textos. Embora pudessem ser retirados de qualquer testemunho de trabalhador brasileiro em tempos de pré-reforma radical da Previdência, tais falas pertencem ao romance GERMINAL, de Emile Zola (Editora Estação Liberdade, 2012), sendo a primeira do velho “Boa Morte” e a segunda do “Maheu”. O que elas têm em comum? A exploração cruel do trabalhador francês (não muito diferente dos demais europeus) na segunda metade do século XIX. Não é a toa que esse romance se tornou uma espécie de leitura obrigatória para se entender o contexto da proliferação dos ideais da Internacional Socialista.

Por que escolhi esse texto e essas perícopes? Por conta da similitude com o estado atual do país. Zola retratou a exploração quase servil dos carvoeiros franceses pela burguesia daquele país. Ao pintar esse quadro, mostrou como a exploração se tornou o principal combustível para que as noções de luta de classe, de reivindicação de melhores condições de trabalho (dentre outras), ganhassem o coração dos trabalhadores. Logicamente que Zola também pode ser lido como alguém que fez uma certa crítica à radicalidade dos movimentos sociais, ao evidenciar no texto como a luta despersonalizou e destruiu uma família (falo aqui da casa do Maheu).

Por um lado, gente sobrevivendo no limite do que se pode chamar de sobrevivência. Por outro a frivolidade burguesa. No meio a exploração da sensualidade como único lazer acessível para os miseráveis, e lascivo para os donos do capital. Há traições por comida, mas também há traições pelo outro desejo de comer (se é que voce me entende).

Essa radical reforma da Previdência Social no país, proposta por um governo que já tinha uma discutível legitimidade, remeterá o país numa volta no tempo, à carvoaria européia do século XIX. Isso é injusto, exploratório, além de abrir espaço para revoltas populares e muitas perdas. Não penso aqui em perdas financeiras, contudo naquilo que é incalculável, que é a vida humana. Nosso caminho tem de ser sempre o da paz, até mesmo na hora do confronto (algo como Gandhi se propôs a fazer). Do jeito que está a Reforma, o Brasil se torna a grande Voraz, a mina que engolia os trabalhadores e que Zola retrata em seu clássico. Não dá para apoiar algo desumano. Afligir milhões de pessoas é obra demoníaca, é sinal da presença de Satanás nas estruturas de poder do país.

Não duvido que haja algo para reformar na previdência brasileira; contudo não posso aceitar essa reforma draconiana, eivada de mentiras, e promovida por gente que não está preocupada com o povo, mas sim com uma dificuldade para adquirir novos e propinescos ganhos, como revelado na delação dos sócios da J&F e em tantas outras.  Perceba que esse elemento draconiano se dá num momento em que o povo clama por oportunidade de trabalho, assim como Zola mostrou no pensamento de Maheu, o qual foi citado mais acima). Por que não melhorar a gestão? Por que não parar de roubar, ou pelo menos, de roubar tanto? Acho que sobraria dinheiro para cobrir o alegado (que também descreio) déficit da Previdência.

Aliás, sobre esse assunto da corrupção,  tenho visto alguns dizerem que a exposição da corrupção é sinal da visitação de Deus sobre o Brasil. Particularmente não sou muito simpático a esta ideia, pois a ação de combate à infecção da corrupção parte do próprio e laico Estado. Além do mais, Deus começa o julgamento, segundo o texto bíblico, pelos de dentro… e tem muito líder que se diz cristão andando por aí tortuosamente, num movimento serpentino…

Entretanto, a única coisa que me dá esperança de uma ação divina é a “coincidência” da eclosão dessa última fase da Lava-jato com o período em que tal reforma seria empurrada goela abaixo. Perceba, a reforma da previdência não alivia o empresariado, nem traz benefícios para o trabalhador. Ela traz recursos para o governo… porém este mesmo governo fatura pouco??? Acho que não… É por isso que até Zola, não sendo cristão, expressa no seu romance um celestial feixe de discernimento:

“(…) porque não é com a permissão de Deus que jogam tantos cristãos na rua da miséria.” (p.13)

Leia o Germinal de Emile Zola. Seja contra esta reforma que aí está. Pois é nela que o Diabo se transfigura em “Voraz”.

Pr.Sérgio Dusilek

sdusilek@gmail.com

 

 

 

 

 

 

 

 

maio 8, 2017

ARRANCADO PELA RAIZ

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 11:40 am

[se puder, leia a barra ao lado]

Arrancado pela raiz

“Respondeu-lhes Jesus: Toda planta que meu Pai celestial não plantou será arrancada” (Mt.15:13).

O texto acima é uma fala de Jesus à preocupação dos seus discípulos com o escândalo dos fariseus. Revela um quadro que permanece atual: toda tradição religiosa se escandaliza de Jesus. O próprio Dostoievski em Irmãos Karamazov coloca Jesus sendo torturado e perseguido novamente, só que pelo cardeal católico… De fato, as tradições por serem uma tentativa de domesticação (Roger Bastide) do sagrado, nunca poderão conter a face mais “selvagem” (Bastide) desse sagrado, que para nós é a pessoa de Jesus Cristo. O resumo: sempre haverá escândalo. Toda igreja que desejar andar como Jesus andou provocará algum escândalo: mas perceba, o escândalo é com os de dentro, com os religiosos que estão assentados (como o grande Jaba do Star Wars!) numa tradição. Aliás, Jesus nunca causou escândalo para os de fora…

Essa fala de Jesus tem aplicações diversas. A mais evidente é que as tradições que assumimos, mas que não condizem com Jesus, Deus mesmo as arrancará. Se é verdade que a vida cristã se faz com semeaduras divinas (Mt.13), é igualmente verdadeiro que o Diabo procura plantar muita coisa junto da semente de Deus para nos tirar a verdadeira vida e alegria que vem do Senhor. São joios que crescem com o trigo… tem cara de saciedade mas não alimenta a alma. A maneira mais usada (não a única) pelo Diabo para espalhar suas sementes na nossa alma é pela via da tradição religiosa. Assim, sem perceber, colhemos o que é infernal com aparência de celestial. Esse tipo de planta só pode ser arrancado pelo Pai.

Outra aplicação está ligada naquilo que a vida nos oferece. Muitas vezes recebemos coisas boas da vida. Outras tanto coisas ruins. Encontramos alegrias, mas também frustrações e decepções. Pessoas nos dizem coisas boas; outras nos envenenam a alma. Sim, turma querida, as palavras são sementes lançadas que tanto FLORESCEM (olha aí Carol!), quanto germinam figueiras bravas, raízes de amargura (Heb.12:15)… As nossas dores da alma transformadas em raízes de amargura precisam ser arrancadas pelo Pai à fórceps!

Por fim há os valores, que são maneiras pelas quais Deus procurou preservar a nossa vida e a nossa sociedade. Ser mais altruísta e menos egoísta, procurar estabelecer vínculos relacionais sólidos, de amor profundo, ao invés de uma conduta promíscua; ser honesto, correto ao invés de desonesto; lutar pela justiça e espelhá-la nas suas ações, entre outros é adotar valores que evitam a nossa dilaceração e muita dor. Outros valores que não correspondem àquilo que vem de Deus precisam ser arrancados pela raiz, uma vez que os valores que adotamos se tornam a nossa base de sustentação, tanto para o mal, quanto para o bem. Essa intervenção profunda, essa transmutação de valores só através do nosso Pai Celestial.

Agora terminando mesmo (rsrs)… em tempos de filme “A Cabana” há uma imagem impressionante do livro e que também está no filme. O Espírito convida o protagonista (??? ou Deus seria o protagonista?) a arrancar pela raiz o jardim dos fundos da casa. Plantas feias, mato, mas também flores lindas precisavam ser arrancadas. Isso porque o terreno precisava estar preparado para o novo plantio que Deus iria realizar. Novas e celestiais sementes seriam jogadas sobre aquela terra… Assim é conosco também. Quantos divinos plantios são impossibilitados simplesmente porque nossa terra (nosso coração) está repleta de outras plantas? É preciso arrancá-las… deixar que o Pai as arranque. De fato, essa experiência dói. É uma cirurgia espiritual-emocional que arrebenta conosco, contudo, PRESERVA A NOSSA VIDA. É algo que temos que passar para que possamos prosseguir vivendo, ou então, descobrir a vida plena e abundante que há em Jesus. Lembre-se: quando algo tiver sendo arrancado da sua vida pelo Pai, é porque coisas melhores Ele vai semear no seu coração.

Com carinho,

Pr.Sérgio Dusilek

sdusilek@gmail.com

maio 2, 2017

Quando tudo chega ao fim.

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 1:41 am

“Quando tudo chega ao fim, não há como continuar;

A insistência abre sulcos na alma pois nada muda nem vai mudar.

Quando tudo chega ao fim, melhor terminar as coisas amando;

Dor, sofrimento são certos; contudo é melhor manter a bem querença, respeitando.

Se o fim pode até ser anunciado, ele não chega de uma hora para outra. Ele vem em parcelas, em reminiscências que a vida, que a experiência contínua faz questão de lembrar.

A verdade é que só quem chega ao final é que sabe quantas paradas existenciais foram feitas…

Quando tudo chega ao limite, chega o fim. Aquelas coisas pendentes, latentes, resistentes, que passado o tempo se tornam mais prementes, imponentes.

Chega ao fim porque é o limite. E é no limite que tudo se desencontra. No limite não há acomodação; só incomodação. Quando até o repouso é comprometido, o final é inevitável.

Quando tudo chega ao fim, há lamento, sentimento de fracasso, sufocamento e cansaço. Olha-se para o céu esperando o renovo da águia, enquanto na terra a experiência continua sendo árida;

Quando tudo chega ao fim, as estruturas implodem e explodem. Sim, porque o fim que se anuncia fora, se prenuncia dentro.

Quando o fim chega o céu escurece, a nebulosidade aparece, e a direção desaparece!

Quando tudo chega ao fim ouvimos da vida um sim; sim para a etapa vencida, sim para a vida vivida, sim para a eternidade por vezes preterida;

Sim, tudo chega ao fim. Embora alguns cheguem antes, outros chegarão assim. Há um fim para tudo.

É por isso que chego ao fim, antes que o fim chegue a mim.”

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