Novos Caminhos, Velhos Trilhos

agosto 9, 2008

A SENSIBILIDADE DO DESERTO

Filed under: Estudos — sdusilek @ 12:38 am
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Nunca pensei que o deserto fosse um lugar de sensibilidade. Sempre achei que por conta da contrária intempérie (calor escaldante de dia e frio alucinante a noite), o deserto acabasse por tirar do ser humano qualquer possibilidade de ser sensível. Seria como uma anulação nevrálgica continuada (os neurologistas que me perdoem!). Diante de tamanha dificuldade, o ser iria perdendo a sua sensibilidade…

Mas tenho aprendido que é no meio de ambientes empresariais, onde circulam ar condicionado e pessoas em profusão, é que a insensibilidade reina. Justamente aonde normalmente não há escassez é que os nervos são mais prejudicados. Isso porque as intempéries profissionais produzem estragos ainda maiores dos que as climáticas… Há locais de trabalho que são verdadeiros desertos: lá voce encontra solitude (ninguém se importa com voce); calor excessivo (a pressão por resultados é desumana); frieza glacial (praticamente ninguém sabe o que se passa com voce). Daí para a insensibilidade plena é somente um pulo, um “logo ali” bem mineiro.

O maior problema para nós é quando essa ambiência desértica empresarial ganha as paredes da igreja. Justamente um local que deveria promover a sensibilidade a ponto de que as folhas (seus membros) pudessem sentir o passar e a direção do vento (o Espirito – Joao 3). Sem essa sensibilidade, a igreja pode balançar para qualquer lado, menos para a direção que o Espirito aponta. Uma igreja espiritual não é aquela que se movimenta ao ritmo dos louvores, mas que se inclina na direção da brisa do Espírito. Uma igreja espiritual não é só aquela que promove a devoção. Uma igreja espiritual é aquela em que a estrutura pouco aparece, visto que as pessoas servem ao Senhor com fervor e desprendimento. Igreja espiritual tem a estrutura por esteio e as pessoas por cabeça. No linguajar futebolístico, é quando o juiz menos aparece é o momento em que ele melhor apitou.

Ir para o deserto é por vezes restabelecer a sensibilidade. Davi quando foge de Saul vai para o deserto (I Sm.24). E lá ele escreve um lindo Salmo, o 63. Justamente na hora de maior privação, Davi tem sua sensibilidade aumentada. No deserto, onde falta tudo, ele diz que a Graça de Deus é melhor que a vida (v.3). É no deserto que ele percebe que Deus o continuará fartando. Preste atenção: não era alimentar-se numa dieta forçada, nem tampouco o prenúncio do que futuramente seriam os “SPAS”. Davi pode perceber que no deserto há fartura da provisão de Deus (v.5) para sua vida. No deserto nós só podemos nos apegar a DEUS (v.8). E também no deserto somos alvo da mentira, porque a turma do palácio ficou por lá. No entanto, no deserto somos preservados da convivência com a mentira e, quando a recebemos, é em doses homeopáticas. Contudo é também no deserto que aprendemos como Davi que a boca dos mentirosos será tapada pelo Senhor que o ampara (v.11). A mordaça, prezado leitor, prezada leitora, não virá através de mim ou de você: ela virá pelo Senhor.

Não sei se você foi levado para o deserto. Nem sei se você esta nessa fase de adaptação ao deserto. Tampouco tenho conhecimento se o inimigo tem levantado mentiras e insinuações a seu respeito. Só sei que Deus, que é Quem cuida da nossa vida, permitiu que você fosse ao deserto, não para adaptar ou fugir dos outros, mas para transformar e moldar ainda mais a sua vida. Pensando bem, o que é melhor: viver com o espírito da mentira no palácio ou com o Espirito Santo da Verdade no deserto?

Aproveite esse tempo para ouvir o que Deus esta lhe dizendo. Medite, não nas coisas que para trás ficaram, mas naquilo que provém de Deus (Col.3:1-3). No fundo, em termos espirituais, você é o privilegiado!

No deserto somos mais sensíveis. No deserto vemos mais claramente as manifestações de amor e cuidado de Deus. Não há como confundi-las! Porque no deserto é só você e Ele. E é no deserto que falamos como Davi: “Deus, tu és o meu Deus; ansiosamente te busco. A minha alma tem sede de ti; a minha carne te deseja muito em uma terra seca e cansada, onde não há água.” (v.1)

No deserto a vida ganha valor. Simplesmente porque aprendemos a valorizar o simples viver/respirar. Catástrofes nos fazem emocionar e chorar. Tudo isso porque saímos daquilo que se convencionou a normalidade da vida. As cores ganham preponderância, bem como os contatos interpessoais. Tudo passa a ser mais interessante, porque no deserto aprendemos a ver os detalhes. Chega da visão do produto acabado e mostrado pelas campanhas de marketing! No deserto vemos as coisas como são e as valorizamos justamente porque são.

No deserto a fé ganha contornos de praticidade. Como prover? O que Deus irá fazer? Para onde o Espirito me guiará? Essas são questões de quem anda no deserto. Sair de um lugar para outro pode ser ato de fé (confiar numa direção). Mas fazer como Filipe que saiu de Samaria para o deserto (At.8) isso sim é um exemplo de fé. Jamais duvide da direção que o Senhor está lhe dando.

Como esta a sua sensibilidade? Deus nos leva para o deserto para que Ele trabalhe nosso coração em especial restaurando a nossa sensibilidade.

Pr. Sergio Dusilek /// sdusilek@gmail.com

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