Novos Caminhos, Velhos Trilhos

abril 23, 2018

A PÁSCOA ACABOU, MAS A RESSURREIÇÃO DE JESUS NÃO TEM FIM! (2)

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 11:15 am

A PÁSCOA ACABOU, MAS A RESSURREIÇÃO DE JESUS NÃO TEM FIM! (2)

Estamos refletindo já por dois domingos sobre a Ressurreição de Jesus, fato este que tem impacto grande sobre nossa vida de fé. E ontem pela manhã falamos das 4 dimensões da Ressurreição de Jesus e sua implicação para as nossas vidas, baseado em Lucas 24:1-12.

1) A dimensão do Corpo (v.1-3): No sepulcro estava o corpo de Jesus. Sobre o Sepulcro estava a Pedra. O Corpo de Cristo é a Igreja (em Efésios Paulo gasta grande tempo nisso). O que isso tem a ver com você? Nós costumamos colocar pedras sobre o Corpo de Cristo a partir de nossas experiências amargas com as igrejas por onde passamos. Nós também procuramos trazer bom cheiro ao Corpo de Cristo (especiarias). Mas perceba: o Corpo de Cristo é vivo, ou seja, NENHUMA PEDRA COLOCADA SOBRE ELE FICARÁ; TODA PEDRA SERÁ REMOVIDA. De igual modo, o cheiro é do Corpo não vem de unguentos e preparos humanos; vem do Espírito Santo que faz com que a Igreja (Corpo) de Jesus exale o bom perfume (II Cor.2:14-16). Discursos, ênfases, modelos eclesiásticos, são especiarias humanas. Não se deixe levar por esses perfumes.

2) A dimensão da memória (v.4,6 e 8): tanto preparo, tanto cuidado e agora grande perplexidade. Perplexidade é quando a vida nos paralisa, quando perdemos as referências. É quando a vida grita que nada está sob o nosso controle. O que fazer nessa hora? Olhe para o texto… o que elas fizeram, ou melhor, foram convidadas a fazer? Relembrar as palavras de Jesus, a dimensão da memória… Não, a esperança “não vem do mar, nem das antenas de TV”, segundo os Paralamas do Sucesso (“Alagados”). Nossa resposta à perplexidade é a rememorização da fala de Jesus.

3) A dimensão do anúncio (v.9): o que esta experiência ensinava àquelas mulheres e que também ensina a nós? O Sepulcro, esse lugar de perdas, de luto, não é nosso lugar. Nosso lugar é o lugar do anúncio: elas apostolicizaram a ressurreição, pois foram as primeiras a anunciá-la. Foram apóstolas antes dos discípulos se tornarem apóstolos… Essa foi a sutil forma de Lucas colocar a paridade ministerial para homens e mulheres. Ele fez algo similar em Atos, ao igualar apóstolos e diáconos na proclamação do Evangelho…

Agora note mais uma coisa: enquanto a cruz é o anúncio divino de Seu Infinito Amor por nós, assim como a proclamação de seu ardente desejo de reconciliação com a humanidade, o sepulcro vazio é a mostra do Seu imensurável poder, cujo anúncio cabe a nós. Nossas vidas, cheias daquela vida (a de Jesus em nós), ANUNCIAM, proclamam o Deus vivo a quem servimos.

4) A dimensão da busca (v.5): nós buscamos Jesus nos lugares errados. Por vezes, por substituição, procuramos paz, satisfação, segurança, realização, naquilo que é efêmero, conquanto possa ser importante. Esquecemos que os poços de Jacó (Jo.4) podem satisfazer momentaneamente nossa sede; contudo, somente Jesus nos sacia por completo.

Nós buscamos Jesus nos lugares errados também quando valorizamos mais o entorno do que a mensagem. Há muitos que procuram cultos com penumbra, palcos (não altares!) com gelo seco e jogo de luz, área de crianças com pretensão de ser uma mini-Disney, etc. Veja, essas coisas podem até, para alguns, ser legais, mas isso não pode embaçar a mensagem, o núcleo do Evangelho. Há muita gente se pegando à forma e esquecendo a essência.

Buscamos Jesus nos lugares errados toda vez que deixamos de ver as expressões de vida na cultura, de valorizar onde a Palavra floresce. Veja: Deus, Sua Palavra e os valores do Reino não estão restritos à Igreja. Eles transbordam e estão espraiados no mundo. Ao ser preconceituoso você busca Jesus no lugar errado, pois a ação divina (v.5) está além de nossa compreensão e da nossa racional teologia.

Minha oração é que você, apesar de suas experiências amargas, viva a dimensão do Corpo de Cristo, Sua Igreja, que não está trancafiado a nenhum espaço físico, nenhum sepulcro. Que nos momentos de perplexidade, você se permita ser lembrado por Jesus. Que haja a dimensão do anúncio, que entendamos que todos somos, em Jesus e a partir do sepulcro vazio, apóstolos (anunciadores) dEle. E que aprendamos a buscar Jesus no lugar certo… no coração (Jer.29:13), sem desprezar com isso as reuniões, os cultos.

Deus lhe abençoe com mais e mais vida em Jesus!

Pr.Sergio Dusilek

sdusilek@gmail.com

abril 18, 2018

#MeToo

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 2:58 pm
Quando há algum tempo atrás falei que se essa campanha de denúncia contra desvios na conduta social de figurões do mundo artístico e político chegasse nas igrejas, ia ser um “balançar da roseira”, nunca imaginei que fosse atingir Bill Hybels… Não dá para entender o porquê dessa turma não parar, não sair dessa roda-viva que eles mesmos criaram com tanto ativismo religioso, para se tratar… Aos primeiros sinais, Hybels (e outros) deveriam ter parado. Veja, ele não é acusado de UM deslize, mas de uma queda de barreira (são várias mulheres ao longo dos anos acusando-o). Ao invés de parar ele (como outros), ao que parece, acelerou ainda mais a máquina religiosa-eclesiástica. Esses sistemas rotos drenam a espiritualidade e profissionalizam a fé. É nessas horas que os “TORPEÇOS” (torpes tropeços) acontecem e se repetem.
Aprendi e tenho aprendido que ninguém está isento de nenhum tipo de pecado. Justamente aquele se julga em pé é que está pronto para cair… (I Cor.10:13).
Também aprendi e tenho aprendido que Deus não deixa ninguém sair, sumir ou subir como mito com tanta nódoa na estola sacerdotal. Uma hora, que não é a minha, nem a sua, a conta chega (Dn.5:5, 24-30; I Cor.4:5; Pv.29:1). E quão triste é esse momento para todos!
 

abril 16, 2018

A PÁSCOA ACABOU; MAS A RESSURREIÇÃO DE JESUS NÃO TEM FIM!

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 12:25 pm

A PÁSCOA ACABOU; MAS A RESSURREIÇÃO DE JESUS NÃO TEM FIM!

Estamos refletindo já por dois domingos sobre a Ressurreição de Jesus, fato este que tem impacto grande sobre nossa vida de fé. É o poder de ressurreição de Jesus, poder que vence e ultrapassa nosso limite, a morte; poder automotivado e autodesencadeado, que não deixa confinar nem àquilo que é óbvio: sepulcro para mortos. É esse poder que ressignifica nossas vidas; que nos tira do poço, que remove as pedras que são colocadas sobre nós.

Lucas gasta um tempo falando sobre a ressurreição. Também pudera… médico, acostumado a lidar com doentes e doenças, a atestar óbitos… ressurreição não era algo encantador, maravilhoso só para as demais pessoas. Era também e principalmente para ele – Lucas, o médico amado. É Lucas quem preserva a igualdade de gênero (masculino/feminino – no texto) e contrasta a desconfiança e descrença dos apóstolos nas mulheres (dizem que elas falaram “lorotas” ao anunciar a ressurreição de Jesus) com seu primeiro destaque: Lucas as chama, praticamente, de apóstolas, uma vez que elas anunciam um Jesus Vivo!

Ora, se temos um Jesus vivo, isso nos impele a um posicionamento diante dele. Assim como José de Arimatéa e as mulheres (Lc.23:50-57). Se José de Arimatéa não se posicionou antes, no Sinédrio por ocasião da condenação de Jesus, ele o faz agora pedindo o corpo de Cristo para Pilatos. Aliás, conquanto a ação seja benéfica, ela aponta para uma triste realidade: tem muita gente boa pedindo o Corpo de Cristo para os Pôncios Pilatos da vida e das igrejas… Voltando a José de Arimatéa, sua atitude deixa um claro exemplo: NUNCA É TARDE PARA SE POSICIONAR DIANTE DE JESUS. Numa  palavra simples: tá na hora de você, que já entregou sua vida a Jesus, se posicionar diante do Seu Corpo, a Igreja, se BATIZANDO.

As mulheres mantiveram seu posicionamento e seguiram uma tradição. Só esqueceram que o Corpo de Cristo não exala perfumes humanos (especiarias e unguentos). O perfume da Igreja não é Azarro, Boticário, CK, etc. O perfume da Igreja vem do alto, vem do Espírito de Deus!

Que tal se posicionar hoje? Chega de preparativos como o daquelas piedosas mulheres. O Corpo de Cristo não precisa dos preparativos, mas sim das pessoas que os preparam.

Que Deus permita a cada um de nós termos a consciência do Jesus Vivo (Oi??? Claro que ele tá!!). Que nossa boca se encha dessa santa mensagem e proclame aos outros. Que sejamos não só discípulos (seguidores) mas também apóstolos (proclamadores) de Jesus.

 Pr.Sérgio Dusilek

sdusilek@gmail.com

abril 9, 2018

ENTRE PEDRAS E PEDRADAS

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 11:08 am

ENTRE PEDRAS E PEDRADAS

(João 8:1-11 x Atos:6:8-15; 7:55-60)

 

Os textos acima falam de duas situações similares, mas com desenlaces diferentes. O primeiro aponta para o primeiro caso de “flagrante adultério” que uma mulher comete SOZINHA (!!!???) e que devia, segundo a lei, ser apedrejada. O outro mostra um santo homem sofrendo injusta condenação de uma lei. A primeira não foi apedrejada; o segundo foi e produziu o primeiro mártir do cristianismo: Estevão.

Desde muito tempo as pedras estão ligadas com algum tipo de juízo. Na Bíblia mesmo, no Velho Testamento, há a praga da saraiva (Êxodo 9:22) em que os egípcios são confrontados pela sua injustiça social, e também o caso de Nabote (I Reis 21) condenado ao apedrejamento por conta de um rei (Acabe) que tinha ficado triste ao não conseguir o que queria (a vinha de Nabote). Sua perversa esposa (Jezabel) suborna duas testemunhas (“filhas de Belial”) que o acusam. Ele morre e sua vinha é incorporada ao patrimônio do rei. É… conquanto as pedras desde sempre tenham a ver com juízo, muita das vezes elas não fazem JUSTIÇA.

Por que os textos acima? Voltamos à 2014, a um fratricídio entre brasileiros. Há tanta pedra voando que já tem gente sendo atingida nas redes sociais pela “pedra perdida”. As pedradas são intensas. Eu mesmo já fui atingido por elas. Não sou petista, mas ando sendo chamado como tal. Nesse sentido, sem a pretensão de ser pastor dos outros, gostaria de compartilhar com você a palavra pastoral que Deus colocou no meu coração para falar à Igreja Batista Marapendi (www.igrejamarapendi.org.br) no último domingo (08/04) pela manhã. Não foi fácil acolhê-la, mas foi o que recebi e o que entreguei.

  • NA HORA DAS PEDRAS, precisamos de dobrada unção (João 8:1; Atos 7:55)

É interessante que nas duas passagens, os momentos que antecedem o que seria (mulher adúltera) e viria a ser (Estevão) um apedrejamento, encontramos os dois principais personagens (Jesus e Estevão) com dobrada comunhão com Deus. Em João 8:1 Jesus tinha estado no Monte das Oliveiras. Em Atos 7:55 Estevão é retratado como cheio do Espírito Santo.

Na hora das pedras precisamos de dobrada unção para que tenhamos discernimento o suficiente para ver o que está nas entrelinhas. Há coisas que não estão sendo mostradas; as emissoras, assim como o escritor (segundo Auerbach), colocam o foco onde querem. A grande pergunta nessas horas é: o que é que está deixando de ser mostrado? E por que o foco nisso que está sendo mostrado? Precisamos de discernimento (termo da linguagem espiritual, religiosa para espírito crítico) para provar os espíritos, inclusive os travestidos da grande mídia.

A dobrada unção é importante para termos a visão de Deus sobre a História e para a História. Saber que as coisas não acabam por aqui. Saber que mesmo quando o ser humano desencaminha a história de um país ou até mesmo sua trajetória de vida pessoal, há um Deus sobre todos nós que pode nos reconduzir para os “trilhos”. Nesses momentos de perplexidade, é preciso não só ver nas entrelinhas, mas acima delas; é preciso ter uma visão celestial de Deus, assim como Estevão teve. Só assim superamos as pedras e as pedradas.

 

  • NA HORA DAS PEDRAS CUIDADO PARA NÃO COMETER INJUSTIÇAS (Atos 6:3, 5a; João 8)

Quais injustiças, pergunta você? Ora, há pelo menos duas tratadas no texto:

2.1) a Injustiça de condenar um homem bom (Estevão): lembre-se, as pedras são instrumentos de juízo, mas NEM sempre de Justiça. E aqui não faço qualquer remissão a Lula (há uma diferença abissal entre ele e Estevão), mas sim ao Pr. Ariovaldo Ramos (e nele tipifico outros como meu amigo Clemir, além de José Barbosa Junior, Luzmarina, etc.). Tenho minhas discordâncias com Ariovaldo, algumas delas já manifestas em troca de email’s. Porém uma coisa precisa ser ressaltada: Ari é um homem justo, cheio do Espírito Santo e coerente. Ao apedrejá-lo, muitos irmãos e colegas pastores promovem uma nova espécie de martírio: o midiático. Não meus queridos!!! Cuidado com as pedras porque elas nem sempre fazem Justiça! Você pode discordar do Ari; você tem o direito de ficar desgostoso por vê-lo no palanque do Lula; contudo, você não deveria apedrejar um santo homem de Deus. Ele é servo do Deus Altíssimo.

Veja: se no sábado muitos apedrejaram o Ari por subir no palanque do Lula, no domingo não houve a mesma reação pela presença (no altar) de João Dória na Igreja do Pr. Edson Rebustini, assim como não houve a mesma reação pela presença de Eduardo Paes no altar da ADVEC, com Malafaia. Se você joga pedra em quem sobe no palanque de político, deveria, por coerência, apedrejar o político que sobe no “palanque” de Deus. Aproveita e mira no sacerdote também…rsrs! Quando exponho uma das muitas incoerências que pululam por aí, não é para convidar você a metralhar com pedras o que está aí, mas sim a refletir para não cometer injustiças. Afinal, DEUS NÃO OPERA PELA INJUSTIÇA E MUITO MENOS AINDA NA INJUSTIÇA.

2.2) a segunda injustiça é a de matar uma pecadora. A lógica ali presente é “matemos a pecadora para que aniquilemos o pecado”. Não meus queridos!! MATAR O PECADOR NÃO ANIQUILA O PECADO.

Isso se aplica ao caso de Lula. Pensar: apedrejemos este infeliz para que ele morra e assim acabemos com a corrupção no país é uma BOBAGEM. A corrupção não é só um vírus pecaminoso de alto contágio (seu contato se dá pela identificação com nossa natureza corrompida pelo pecado), mas uma hoste infernal que se instala e estrutura o poder. O PT de Lula foi o penúltimo a encarná-la (sim a corrupção procura “corpos” para se instalar). Mas ela vem desde a ditadura militar, com o PDS de Maluf, Delfim, Andreazza, Sarney, entre tantos outros; passou pelo PMDB de Sarney (sim, ele de novo!), Jader Barbalho, pelo PT de Palocci, Dirceu; pelo PSDB de FHC, Serra, Aécio; pelo MDB de Temer, Moreira Franco, Geddel, Padilha, Jucá, Renan… A corrupção já está instalada estruturalmente: só muda os atores. Por isso, entenda d uma vez por todas que o pecado não é aniquilado matando-se o pecador.

 

  • NA HORA DAS PEDRAS HÁ UMA DISTINÇÃO ENTRE O RELIGIOSO E O ESPIRITUAL

Via de regra, os religiosos costumam apedrejar os espirituais. Isso é tipificado no apedrejamento de Estevão por um grupo de judeus dentre os quais estavam vários fariseus.

O religioso tem a triste tendência de seguir a turba e a gana. Extravasa as paixões, dando vazão a elas. O problema é que as paixões emburrecem… e fazem com que PHD’s cometam os mais absurdos erros e vacilos. As paixões não são instrumentos de Justiça e sim de justiçamento, o que é bem outra coisa.

O espiritual busca o equilíbrio. Procura manter a razão e sua racionalidade. No frenesi das acusações e da troca de farpas, é preciso manter o equilíbrio. Ser cheio do Espírito não é uma dádiva, mas uma construção; ou melhor, desconstrução – menos eu, mais Ele.

 

Conclusão;

Qual foi a diferença entre as duas turbas, para que tivesse um resultado tão diferente? Penso que a diferença básica foi diante de quem e, portanto, a quem a multidão ouviu. O grupo que apedrejou Estevão ouviu Saulo; o grupo que largou suas pedras ouviu Jesus. Ah! A doce voz de Jesus! Se pudesse tentar traduzi-la em termos paulinos (Gl.6:2) eu acho que seu recado a todos nós seria: “Largueis as pedras e assim cumprireis a Lei de Cristo”, que é a Lei do Amor.

Jesus não pede para que eu e você deixemos de ter nossas sínteses, nossos juízos; ele pede para que larguemos as pedras, as expressões de ajuizamento que temos ao alcance de nossas mãos, especialmente aquelas contra nossos irmãos.

Largue as pedras. O Evangelho é maior do que as visões políticas.

Largue as pedras você que defende a Igreja de Jesus e que se esquece que uma das mais lindas formas de percebermos Jesus no nosso meio é justamente quando amamos os outros acima e apesar das discordâncias ideológicas e futebolísticas (em época de final de campeonato é importante ressaltar isso, rsrsrs!).

Largue as pedras: Jesus está entre nós. Ele está em nós. Diante dele há reverente prostração. Aquiete seu coração; sossegue suas mãos.

Largue as pedras pois em última análise elas são instrumentos da lei e não da Graça.

Pr.Sérgio Dusilek

sdusilek@gmail.com

abril 5, 2018

Martin Luther King Jr., Harry Emerson Fosdick e Walter Rauschenbush: Os Batistas que o Mundo Celebra e que a CBB faz questão de esquecer

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 3:30 pm

Martin Luther King Jr., Harry Emerson Fosdick e Walter Rauschenbush: Os Batistas que o Mundo Celebra e que a CBB faz questão de esquecer.

“Pela fé Abel, mesmo depois de morto, ainda fala.” (Hebreus 11:4c)

 

Ontem, boa parte da mídia mundial deu destaque aos 50 anos do martírio de Martin Luther King Jr. (MLK). Uma vida que ainda fala pois as razões de sua luta ainda não cessaram; uma vida que ainda fala tal foi o impacto de sua entrega à causa que o preencheu: a igualdade racial. Igualdade esta só possível e tangível pelo amor de Deus e pelo amor a Deus. Igualdade que não se limita a uma questão racial, mas que a extrapola alcançando as faces social, política e educacional, para ficarmos em três exemplos.

Bem, como ia dizendo, enquanto boa parte da mídia mundial dedicava algum tempo para lembrar a vida de MLK, vida esta decantada pelo U2 em “In The Name of Love”, a Convenção Batista Brasileira (CBB) não fazia uma única menção sequer à data. Absorvida por um ideário de extrema direita, preocupada em condenar líderes da esquerda (ela não se manifestou quanto a Temer, Aécio, Sarney, entre outros), a CBB por simples (?) esquecimento ou por acintoso esquecimento social, não lembrou da data, ainda que o mundo não permitisse seu esquecimento.

Soma-se a isto o fato do homem forte da CBB hoje ser um hábil e simpático pastor afro descendente. Pastor Sócrates ocupa atualmente a diretoria executiva de uma empoderada CBB, após sua reforma estatutária de 2007, feita na Assembléia de Florianópolis (SC). Ora, esse fato torna o aparente “esquecimento” mais grave ainda. Isso porque ou ele aponta para um silenciamento, para uma mordaça colocada sobre o nosso executivo, o que ressuscitaria a horrenda figura de algum capataz assombrando os corredores denominacionais, ou se perdeu a sensibilidade para um fato que continua a acontecer – o preconceito racial.

O que é sobremodo estranho é que justamente os batistas que o mundo aprendeu a valorizar e ainda os ouve, pois suas vidas ainda falam, são justamente aqueles que os batistas, inclusive a CBB, procura silenciar. E aqui, além de MLK faço uma remissão a Walter Raushenbush e Harry Emerson Fosdick. Pessoas diferentes, mas que têm comum o fato de serem americanos, proclamadores da utopia do Reino de Deus (por isso sonhavam de olhos abertos – “I have a dream”), anti-fundamentalistas e que visavam uma transformação social. Em todos uma forte crítica ao status quo, seja ele religioso, político, social ou econômico. Em todos eles uma aguçada veia profética, a mesma que faz uma voz de dentro da esfera religiosa romper as cercas e alcançar os de fora. A mesma veia, a mesma profecia que sendo mensagem de Deus para uma geração, se atualiza. Sobre todos eles, uma valorização social e acadêmica; sim, todos eles são citados e estudados na academia e bem-vistos pelos de fora.

Mas por que então os batistas se calam, e ainda mais, procuram silenciar essas vozes? Não deveríamos nós aproveitar essas trajetórias para construirmos algo a partir do ponto onde esses homens de Deus chegaram?

Penso que em primeiro lugar a dificuldade está na influência landmarkista. A percepção e até defesa, por muitos, de que os batistas são os legítimos descendentes da Igreja Primitiva, ainda que não haja qualquer lastro histórico que subsidie este fato, aponta para um grupo que tem uma equivocada e elevada auto-imagem. O que resulta disso? Entre outras coisas o forte sectarismo batista, marcado especialmente pela noção de muitos que somente este grupo ascenderá aos céus.

O sectarismo batista provoca também um isolamento e ausência de diálogo. A ação batista no mundo se torna um convite as pessoas para entrarem no seu redil e não uma forma de encarar e ministrar às suas necessidades. Bom, pelo menos não àquelas que não sejam espirituais. Ao optar por esse silêncio espiritual fruto de um “orgulho” espiritual, os batistas perderam a oportunidade de influenciar o mundo a sua volta em diversos momentos. Em vários deles se esconderam sob o princípio da separação entre Igreja e Estado, fazendo questão de obliterar que é impossível separar Igreja e Realidade.

Em segundo lugar está num abraçamento de uma postura ideológica de extrema direita. Parece que a cultura escravagista do sul norte-americano continua presente nas relações com as colônias missionárias. Aí você entende o desprezo por Walter Rauschenbush, homem que assim como MLK, refletiu sobre o Reino de Deus. Rauschenbush também se dedicou a refletir sobre o problema do mal. E o mal como problema é principalmente encontrado em entidades supra-pessoais, em organizações, nas instituições políticas e econômicas. Para o teólogo estadunidense, quatro são as principais habitações do mal: o nacionalismo, o capitalismo, o individualismo e o militarismo. Para o ele as forças constitutivas do Reino do Mal podiam ser identificadas com a intolerância religiosa, com a combinação entre corrupção e poder político e a corrupção da justiça. John Landers lamentou em seu livro Teologia dos Princípios Batistas, o propositado esquecimento de gente como Rauschenbush. Perceba: esquecimento para os batistas, porque fora do meio batista ele é pesquisado, lido e, por assim dizer, ouvido.

Como deixamos de ouvir alguém desse quilate? Como desprezar uma vida que pensou o Reino com tanta propriedade?

Com um entorno desses fica fácil compreender porque o fundamentalismo é bem aceito e porque Fosdick é renegado. Ao desconsiderar a ciência histórica em prol de suas lendas caseiras, ao se fecharem para o mundo, os Batistas negam o diálogo. Diálogo entre fé e vida, entre Igreja e Mundo, entre fé e ciência. A defesa da fé é a mais insignificante possível pois é intramuros, isto é, defende para os que estão dentro, sem nem direito saber o que se fala lá fora. Ora, foi contra isso que Fosdick trabalhou em sua proposta hermenêutica. Sua perspectiva de uma ciência que contribuía para o entendimento do texto bíblico, sua percepção de que ela traria novas luzes às perícopes sagradas, pautava a busca por uma relação harmoniosa e não conflitante entre fé e ciência. Esse diálogo segue sendo atual. Sua visão abrangente, sua vida, segue falando a nós mesmo depois de morto.

Fosdick defendeu abertamente o azeite do amor contra a aridez da rígida e estranha interpretação fundamentalista. Identificava o evangelho com a pessoa de Jesus, com o amor de Deus e não nessa perspectiva enviesada da leitura fundamentalista. A essência do evangelho estava sendo perdida pela adoção de uma ideologia. Não foi por outro motivo que em um de seus sermões (Shall the Fundamentalists win?) ele asseverou para toda uma platéia batista: “o amor nunca se engana”, as opiniões sim.

Concordo com Friedrich Schleiermacher (Sobre a Religião) de que o que faz mal e desgasta a religião é, entre outros fatores, a falta de heróis. Os batistas os temos; contudo não os celebramos. Para nós herói bom é o evangelista, aquele que converte multidões, mesmo que em vida tenha estabelecido alianças espúrias. Esquecemos dos mais profundos, daqueles cujos pensamentos ecoam tão forte que arrebentaram as nossas cercas e impregnaram o mundo. Uma denominação que vive em crise como a nossa, o descaso com alguns heróis mostra sua masoquista opção pela sofrência.

Somado a isso há um ciclo vicioso regido pela batuta da mediocridade. Os seminários batistas não falam, não reverberam esses homens, o que aumenta ainda mais a ignorância sobre eles. De modo interessante, isso deveria representar o esquecimento deles, não é mesmo? Contudo, à semelhança de Neemias (Cap.13), Deus preserva a memória dos seus servos. Se os de dentro não valorizam, os de fora estudam eles. Suspeito que parte da explicação pela ausência de um debruçar sobre tais autores esteja na estranheza que o pensamento deles causaria ao próprio pensamento teológico que vem sendo reproduzido (não construído!!) nessas casas. Em outra parte porque a mediocridade reinante na escolha de professores é tão gritante que muitos teriam dificuldade de compreender o pensamento, ainda que pastoral, de MLK ou mesmo de Fosdick.

É lamentável que num período em que a CBB se proponha a pensar o Reino de Deus, nenhum dos seus oradores cite, estude, valorize qualquer um desses grandes homens, pregadores batistas, do passado recente. É lamentável que enquanto o mundo a todo instante pára para ouvir esses três batistas, as vozes batistas que procuram a mídia hoje falem somente para dentro. O tempo passou, a distância deles aumentou não só nos anos, mas também no ideário, nos valores. Somos hoje bem menores do que eles. Nos apequenamos, entre outras coisas, porque não os estudamos. Somos uma denominação que faz questão de esquecer quem sempre deveria ser lembrado.

 

Nos tornamos uma CBB do esquecimento social,

CBB do fechamento eclesial,

CBB do infeliz pronunciamento presidencial;

Uma Convenção sem Referencial.

 

Pr.Sérgio Dusilek

(sdusilek@gmail.com)

abril 3, 2018

SOBRE O JEJUM

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 11:09 am

SOBRE O JEJUM
1) Não Proclamareis Jejum por ideologia, pois isso é abominação ao Senhor;
2) Não apregoareis Jejum a um grupo religioso que gosta de lanches, pois certamente caireis no vazio;
3) Não conclamareis Jejum contra seu inimigo. Por ele orareis;
4) Não penseis vós que vossa sofrencia me comoverá, diz o Senhor. Não me deixarei comover pela vossa propositada ou ainda despropositada cara de fome;
5) Não ordenareis Jejum para comprardes o favor divino; EU SOU O SENHOR, o Absoluto, o Totalmente OUTRO, diz ELE;
6) Se fizerdes Jejum, não o anunciareis. Esteja teu rosto lavado e tua disposição normal como nos demais dias. O Jejum é entre Eu e vós, diz o Senhor;
7) Apregoareis Jejum para romper as ligaduras da injustiça. Insurgireis contra sistemas ímpios; jejuareis para exorcizar os demonios que estão impregnados nas estruturas sociais, e não para demonizardes uns e outros;
8) Jejuareis para terdes intimidade comigo, como sinal de uma corça que anseia pelas águas, e não para conseguirdes algo de mim;
9) Lembrareis que o Jejum é uma disciplina espiritual individual e intransferível. Recordareis de Jesus que jejuava separadamente, mas que em grupo celebrava a vida e amizade.
10) Não mais instrumentalizeis o Jejum, nem tampouco penseis em usá-lo como instrumento de coerção do divino. Não me impressiono com os números, diz o Senhor. Jejuareis para terdes direção, sabedoria do Alto, a fim de parardes de ter função caudatória da História, das ideologias e dos diversos grupos sociais, sejam eles religiosos ou não.

[Pr.Sergio Dusilek – sdusilek@gmail.com]

abril 2, 2018

PERPLEXIDADE

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 10:17 am
PERPLEXIDADE (Lc.24:4)

“E, estando elas perplexas a esse respeito, eis que lhes aparaceram dois varões em vestes resplandecentes.”

Perplexidade. Não há palavra que caracteriza melhor nosso tempo, inclusive como moradores do Rio, do que esta. Marielle assassinada, PM´s morrendo, pais de família sendo executados, os amigos do presidente sendo presos e depois soltos, hostilidade a um ex-presidente, polarização nas mídias sociais… Trump e Putin querendo reiniciar a Guerra Fria, com Putin lançando um novo míssil balístico, melhor do que o Satã (???!!!!), chamado SARMAT. Milhões sem ter o que comer e vestir, sem emprego no Brasil de 2017, ao mesmo tempo em que nossa nação produziu mais 3 BILIOnários… Salame com preço de Picanha Maturada no mercado… que loucura! Perplexidade!
Perplexidade é a paralização diante de algo que nos assusta, ou de um mal (ou mesmo a potencialidade) que vai muito além de nossa compreensão. É quando voce congela diante de um grande susto, noticia tragica que vc recebe. Para aquelas mulheres que seguiam a Jesus e para os discípulos, a sexta tinha sido terrível. Mataram um inocente, o Justo Jesus. E agora parece que estavam dando um sumiço no corpo dele (23:50-55; 24:3-4). Paralisaram diante daquilo que supunham ser tamanha maldade.
O que fazer diante da perplexidade?
1) Siga o Corpo de Jesus (23:55, 24:5)
O Corpo de Jesus é a Sua Igreja. Tá difícil de entender? Difícil de digerir? Siga o Corpo. Permaneça no Corpo. Em algum momento mensageiros de Deus ministrarão uma visão espiritual que traspassará sua perplexidade. Voce verá a ação de Deus, Seu poder manifesto.  A perplexidade termina quando vemos Deus agindo no meio daquilo que não entendemos.
Siga o Corpo mesmo quando ele parecer morto. Pois uma Igreja pode se tornar viva novamente pelo sopro do Espírito. Perceba que esse ar morto aqui não tem nada a ver com a estética cúltica. Há igrejas bem tradicionais e que são fervorosas. Há igrejas bem animadas mas cujo louvor e adoração é da boca para fora. Tudo cheio por fora e vazio por dentro. É o irritante barulho, “estrépito” dos cânticos que o profeta já denunciava…
O Corpo de Cristo não precisa de especiarias, de cosmetização… Ele exala o bom perfume por si só (II Cor.2:15). Perfume este que está na vida, no caminhar, no testemunho das pessoas.
E aí, você está colado no Corpo de Cristo, na Sua Igreja, ou não? Quando a perplexidade chega, você segue o Corpo ou se afasta dele?
2) Lembre-se das Palavras de Jesus (24:6,8)
Sabe o que tem poder de nos tirar da nossa perplexidade? As palavras de Jesus. Sabe o que pode confortar corações enlutados? Não são os processos de racionalização. É a Palavra de Jesus. Veja algumas Palavras de Jesus das quais precisamos: “NÃO TEMAS!”; “Paz seja convosco”; “O que queres que eu te faça?”; “A tua fé te SALVOU; vá em paz”; “Eis que estou convosco todos os dias”… Na perplexidade a nossa memória espiritual precisa ser ativada. Relembrar as Palavras de Jesus é obra do Espírito Santo. Por isso precisamos ler e guardar a Palavra de Deus no nosso coração.
Você já teve algum momento de perplexidade em que o Espírito Santo trouxe da sua memória espiritual uma Palavra contida na Bíblia Sagrada que lhe abençoou e confortou?
3) Deixe Deus transformar a Perplexidade em impulsão e pulsão para o testemunho (v.9)
O que fazer diante de uma manifestação tão clara do Poder de Deus? A perplexidade é transformada. Nós adentramos uma nova fase: a do anúncio. O Poder da Ressurreição pode mudar nossa vida, tirar nossa perplexidade, reviver aquilo que estava morto, mover aquilo que nos impede de prosseguir. As mulheres (tão discriminadas e recriminadas) foram as primeiras a anunciar o poder da ressurreição, o poder de Deus. Aquilo que era paralisação se tornou pulsão e impulsão para testemunho. Perceba: num contexto de medo, de desconfiança as primeiras pessoas que se tornaram “apóstolas” foram as mulheres. E os homens? Bah! Seguem achando que o testemunho delas é lorota (v.11)… uma pena.
Daí vem uma pergunta? Você já teve contato em sua vida com o poder da ressurreição, o poder de Deus? Qual perplexidade Ele transformou? Quanto desta experiência voce tem compartilhado? Não há ninguém que, uma vez tendo sua perplexidade transformada pelo Poder de Jesus, não encha a boca para anunciar, para proclamar o que Deus fez em sua vida.
Lembre-se: a Páscoa acabou, mas o poder da ressurreição, o Poder de Deus, o Poder que há no nome de Jesus, este jamais acaba.
Com Carinho,
Pr.Sergio Dusilek

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