Novos Caminhos, Velhos Trilhos

dezembro 26, 2020

HÁ LIMITE PARA A TOLERÂNCIA?

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 3:20 pm

“A tolerância ilimitada leva ao desaparecimento da tolerância. 
Se estendermos a tolerância ilimitada mesmo aos intolerantes, e se não estivermos preparados para defender a sociedade tolerante do assalto da intolerância, então, os tolerantes serão destruídos e a tolerância com eles. 
Nessa formulação, não insinuo, por exemplo, que devamos sempre suprimir a expressão de filosofias intolerantes; desde que possamos combatê-las com argumentos racionais e mantê-las em xeque frente a opinião pública, suprimi-las seria, certamente, imprudente. 
Mas devemos nos reservar o direito de suprimi-las, se necessário, mesmo que pela força; pode ser que eles não estejam preparados para nos encontrar nos níveis dos argumentos racionais, ao começar por criticar todos os argumentos e proibindo seus seguidores de ouvir argumentos racionais, porque são enganadores, e ensiná-los a responder aos argumentos com punhos ou pistolas. 
Devemo-nos, então, reservar, em nome da tolerância, o direito de não tolerar o intolerante. 
Devemos exigir que qualquer movimento que pregue a intolerância fique fora da lei e que qualquer incitação à intolerância e perseguição seja considerada criminosa, da mesma forma que no caso de incitação ao homicídio, sequestro ou tráfico de escravos”. (Karl Popper)

dezembro 19, 2020

Pastor pode se posicionar?

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 1:55 pm

Desde 2018 venho sentindo na carne o preço daquilo que é ecoar o óbvio: ele não. Bolsonaro não surpreendeu ninguém. Ele sempre encarnou esse projeto de negação da humanidade.
Desde então colho diretas e indiretas, afinal dizem: pastor não pode se posicionar.

Então…
Me lembrei das vezes que me posicionei contra os equívocos do PT, ocasião na qual eu era celebrado pelos mesmos que desde 2018 reclamam…
Me lembrei de todas as vezes que fui chamado a arbitrar uma situação entre ministérios na Igreja. “Quem tá certo, pastor?” A pergunta equivocada feita por lideres flagorosamente errados.
Recordo-me também das questões familiares mal resolvidas que, uma vez trazidas até a mim, demandavam após detida escuta, um posicionamento. (“Pastor, fala pra ela/ele mudar!”).
Em tempos de rede social, em que as bobagens se tornam públicas (porque publicadas), não foram poucas as vezes que pressionado fui para tomar uma atitude em relação a um membro da igreja, ou mesmo a adotar um discurso no púlpito. “O pastor precisa se posicionar!”, me diziam.
Não posso deixar de mencionar as muitas vezes nas quais fui chamado a opinar sobre as finanças pessoais ou da igreja, num tempo de crise.

O silêncio em todos esses casos e em muitas outras situações nunca foi uma opção para o pastor. Ele (nós) sempre fomos obrigado(s) a falar, mesmo quando quería(mos) “sumir”.

Aí veio 2018…
Um país ressentido com a esquerda e amedrontado pelo fundamentalismo, se tornou presa fácil para a assunção deste tipo apocalíptico que temos no poder hoje.
Mas eu, junto com muitos, avisávamos…
Diante da falência desse governo que não consegue dar emprego, que tem o pior desempenho da moeda frente ao dólar, que retira as conquistas sociais da Constituição cidadã (1988), que estimula o fim da humanidade com sua devastação ambiental, que inibe os mecanismos de combate a corrupção inclusive usando do aparato governamental (AGU, ABIN,…) para defender o clã, e que (numa lista que não se esgota aqui) CONTRIBUIU e ainda o faz para a morte de 200 mil brasileiros pela COVID-19, no momento em que a doença chega agora nas nossas famílias e amigos, o que fazer? Silêncio é uma opção?

Nem pela função pastoral, nem pela linha de coerência adotada até aqui por mim, que não poupei Figueiredo, Sarney, Collor, FHC, Lula e Dilma; tampouco pelo evidente desgoverno e necropolitica que temos. O silêncio pastoral que muitos requerem tem um nome: CONTRARIEDADE. Não gostam de ser contrariados. E sobre isso, não há nada que eu possa fazer.

Espero e oro sinceramente para que tais escolhas não recaiam diretamente sobre quem escolheu. Creio no Deus da misericórdia.

Obs: pra vc que não me conhece: nunca coloquei candidato no púlpito, nunca subi em palanque nem fui a churrascos de campanha eleitoral. Nunca atuei como MC de campanha política, muito menos preguei em evento eleitoreiro. Nunca permiti minha foto em santinho politico, nem a distribuição deles em ambiente eclesiástico. Nunca declarei voto no púlpito antes da eleição, nem tampouco declinei meus candidatos há não ser aos que, privadamente, me perguntaram. Nunca tolhi quem pensa politicamente diferente de mim, mesmo quando faltavam o culto para aglomerarem em Copacabana. Nunca defendi governo algum. Minha postura em relação a QUALQUER governo sempre será CRÍTICA.

O mais engraçado é que os que me acusaram de fazer política na religião são os que estão, hoje, em igrejas de MC de senador falecido, de pastor que defende abertamente no púlpito e nas redes o atual governo. Há também alguns que estão em igrejas cujos lideres foram agentes informais da ditadura. Segundo alguns acadêmicos, o nome para isso é falta de autocritica. Sobre isso, tambem não há nada que eu possa fazer.

Não só: alguns esperam que, estando em outra igreja (na qual não têm cuidado pastoral, diga-se de passagem), quando sentirem alguma aflição, desejam ter o mesmo cuidado pastoral. Infelizmente fico tolhido pela ética pastoral e, por mais que queira ajudar e ame tais pessoas, nesses casos há muito pouco que eu possa fazer.

Tudo muito triste. Ainda mais depois do falecimento do querido sogro do primo de Lili e do pai de uma ovelha, que se tornou grande amigo. Ambos pela COVID-19.

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