Perplexidade.
Há horas na vida que o chão se abre por debaixo dos pés: são situações que nos deixam ser reação, que fazem o tempo parar (pelo menos aquele tipo de tempo medido pela consciência humana). Ficamos atônitos, perplexos. Foi o filósofo existencialista Karl Jaspers que cunhou um especial termo para esse tipo de experiência: situação limite. Sim! Tais situações nos convidam ao limite!
Assim foi com Jairo (Mc.5:21-43). Num impressionante relato que aponta para uma mulher que definhava há 12 anos e uma menina que desabrochava aos seus 12 anos, nos deparamos com o drama de um pai, de uma família inteira. O relato é chocante: como uma menina de 12 anos, filha de um querido servo de Deus (líder da sinagoga) podia morrer? Como um homem bom podia ser alcançado pelo mal? Aliás: não estaria aí (o bom ser atingido pelo mal) a caracterização mais severa do próprio mal?
Não bastasse tudo isso, o início do relato coloca Jairo de joelhos aos pés de Jesus. Num ato de rendição, de adoração, de humilhação e até mesmo de renúncia do seu “status” religioso-social. Mas nem com tudo isso ele deixou de ouvir a pior notícia de sua vida (v.35). E aqui vem uma primeira grande lição do texto: não podemos controlar as noticias, os fatos da vida; contudo podemos selecionar quem vai nos acompanhar. Na hora mais difícil quem estava ao lado de Jairo era Jesus. Ter Jesus ao lado não é isenção do sofrer, mas é garantia do suporte e da serenidade na hora de passarmos pelo vale.
Na hora da perplexidade, da paralisia e do medo o que precisamos ouvir é “não tenha medo; creia somente”. É a fé nas palavras de Jesus que nos sustenta naquele exato momento em que tudo parece desabar… só as Palavras de Deus para nos sustentarem. E essa palavra nos sustenta em meio a uma caminhada… assim como Abrão a caminho de Moriá com Isaque, é a Palavra de Deus que afiança a provisão que vem dEle: “Deus proverá!”. Quantas dúvidas, quanto receio, quanto pesar! Quantos temores! Mas uma certeza: Jairo acabara de ver Jesus trazer à vida novamente uma mulher que definhava (v.33-35). Será que Jesus poderia trazer sua filha de volta?
Ele trouxe. No “quarto”, onde a esperança repousava inerte, longe da incredulidade dos que ali estavam e que co-vaticinavam as últimas notícias, Jesus ressuscita aquela menina que tinha morrido. A reversão de toda dificuldade ou mesmo impossibilidade é quando NÓS OUVIMOS DEUS falar “Talita cumi”. Nessa hora sobra vida e alegria numa casa. Perceba: se somente a menina ouvisse ela levantaria para a eternidade com Deus; contudo, quando a pessoa e nós ouvimos, como foi o caso da filha de Jairo, o levantar é para a Glória de Deus!
Termino repetindo aquilo que creio ser as palavras de Jesus, nosso melhor amigo que está ao nosso lado: “Não temas; crê somente”.