Novos Caminhos, Velhos Trilhos

fevereiro 21, 2022

Quando um Fundamentalista pede Música no Fantástico.

Filed under: Sem categoria — sdusilek @ 9:56 am

[Texto de fevereiro de 2021 do Facebook].

Quando um pastor vem a público dizer que um colega não pode ser de esquerda ele comete um triplo erro (e pode pedir música no Fantástico):

1) primeiro, porque em nome da Biblia afirma o que lá não está.  Lembro a você que na história do povo de Deus sempre teve gente de diferentes espectros políticos, o que não foi diferente no corpo apostólico de Jesus. Lembro também que a consciência politica não é critério biblico para a ordenação pastoral,  segundo as cartas pastorais paulinas.

2) porque ao trazer a política para a dimensão da vocação pastoral (já não bastasse o uso do púlpito como palanque), o próprio pastor se coloca sob o crivo. Alguém, por exemplo, pode achar que é inconcebível um pastor ser de extrema direita. Ora, é a carteirinha do partido ou da Ordem dos Pastores que importa agora?

3) por fim, acaba atestando que é fundamentalista. E qual é o problema nisso? Na esfera da religião, o que mata não é o ser de direita ou esquerda: o que mata é o Fundamentalismo. Em nome da sã doutrina, assssina-se a doutrina sã; em nome de sua convicção, persegue o colega, não poucas vezes privando-o de fontes de sustento; em nome da “melhor DIREITA” cancela-se o outro; em nome da defesa de Deus, mata-se um filho de Deus. 

Ora, quem defende uma absurda tese desta é fundamentalista. E na lógica fundamentalista opera a morte e não a vida.

Termino dizendo que nesse Brasil dos extremos, em que temos a extrema direita no governo federal,  há muitas colorações (só em cinza são 50 tons!) antes de alcançar o rosa-vermelho. A discordância do atual presidente não faz alguém necessariamente de esquerda. Lembro que até Rodrigo Maia (do DEM), o partido mais a direita que tinhamos no país até então, discordou várias vezes do presidente. Esse maniqueísmo político, assim como o religioso, é falso. Pastores jamais deveriam sustentar algo assim, pois além  de afrontar um dos patronos do cristianismo (Santo Agostinho), atestam (os que assim fazem) uma simploriedade não condizente com os cursos de teologia que ostentam.

Infelizmente, e aqui faço uso da “vergonha penitente” de Fosdick, no momento histórico em que temos milhões na extrema pobreza, temos que alertar para os extremismos religioso e politico. Uma pena.

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